Rui Costa e João Noronha Lopes vão disputar a segunda volta das eleições do Benfica. Os dois candidatos enfrentam-se num debate frente-a-frente.
Depois de serem os dois candidatos mais votados na primeira volta, Rui Costa e João Noronha Lopes estão frente-a-frente num debate televisivo, o último antes do ato eleitoral. Este é transmitido pela BTV em canal aberto.
As eleições para a segunda volta estão agendadas para o dia 8 de novembro. Recorda ao detalhe os resultados da primeira votação.
As intervenções devem ser lidas de baixo para cima, onde se apresentam as mais recentes cronologicamente.
Eis o debate entre Rui Costa e João Noronha Lopes:
Rui Costa: Não sou mentiroso, está nas atas do Benfica. Os relatórios entregues são do scouting. Não me chama novamente mentiroso. Primeiro, peço desculpa pelo debate. Não foi nada, não dignificou o clube. Quisemos um registo, talvez por ser a última cartada, desta dimensão. Lamento que tenham assistido a isto. Assumo as minhas responsabilidades, o que você não consegue. A situação é simples. Nunca me impus aos sócios do Benfica. Sempre estive à disposição do clube e estarei para sempre. Os dois apelos que faço, além do voto na lista G, é que batemos o recorde outra vez. Estará cá o Guiness. Que o voto eleitoral corra com dignidade e democracia. Não vou ler textos. Estou à disposição dos sócios do Benfica.
João Noronha Lopes: Não vou deixar passar isto, é mentira. Isto mostra que Rui Costa não conhece a história do Benfica. Estive no Benfica a ajudar o Benfica. Cheguei ao Benfica e Manuel Vilarinho disse-me para trabalhar. Estive com dois empregos e a defender e trabalhar no Benfica. Se não fosse o meu trabalho e o de Manuel Vilarinho, o Benfica não existia assim. Era bandeira eleitoral de Vale e Azevedo. Trabalhei no Benfica desde o primeiro dia. Você mente. Diz que trabalhei 50 dias e é mentira.
Rui Costa: Isto é uma ata do clube.
João Noronha Lopes: Você é mentiroso. Diga-me isso nos olhos.
Rui Costa: Nada lhe sai da alma. Falamos da pessoa que apresentou uma demissão do cargo por incompatibilidade ao fim de 58 dias.
João Noronha Lopes: Rui Costa só tem a estratégia de se fazer de vítima e de esquecido. Não votamos num jogador, mas elegemos quem está mais preparado para ser presidente do Benfica, entre quem não fez e quem fez, uma escolha entre o passado e o futuro. Se querem 1 campeonato em 4, um Benfica pior financeiramente, que se ajoelha perante adversários, que tem medo de Pedro Proença não votem em mim. Se querem um Benfica ganhador, que não gasta 130M por 0 pontos na Champions, que denuncia campos inclinados e que se quer grande na Europa, votem em mim. Tenho as pessoas e o projeto certos. Peço humildemente o vosso voto, não por mim, mas pelo Benfica que amamos. O Benfica não aguenta quatro anos assim. Como disse Cosme Damião, não sou benfiquista de coração porque esse um dia para. Sou benfiquista de alma, porque essa é eterna. Viva o Benfica.
Rui Costa: Não me chama mentiroso. Estou a dar-lhe relatórios do Benfica. Mostra a super estrutura de gente. É uma pena.
João Noronha Lopes: Tem vergonha dele porque disse que andou encostado por 13 anos.
Rui Costa: Está com amores por Luís Filipe Vieira e por si nem era sócio do Benfica.
João Noronha Lopes: Mentira. Luís Filipe Vieira disse que foi identificado por Pedro Ferreira em 2016.
Rui Costa: Deixo também do Darwin. Disse que foi de Pedro Ferreira.
João Noronha Lopes: Conheço as pessoas há mais de 35 anos e quero perceber o que apresentar do Estádio, não da fantasia e do parque de diversões ao lado. Quero responsabilidade aos sócios. E o relatório do Bernat, do Draxler?
Rui Costa: O meu projeto é carimbado por quem construiu o estádio.
João Noronha Lopes: O meu projeto é sério. Não quero uma fila para pessoas com mais de 1,70 para ver o jogo. Isso é enganar os sócios.
Rui Costa: Tenho pelouros, qualidade e números necessários. Não tenho os camiões. Faço ideia de quantas pessoas tem para a SAD com os camiões de pessoas que quer pôr lá dentro. Esta semana foram dois nas modalidades.
João Noronha Lopes: Cada vez que sente que vai ser contrariado, interrompe-me. Tenho Manuel Mota como vice-presidente, líder da maior construtora acontecer. Gente que faz acontecer. Tudo o que engrandecer o Benfica é positivo. Temos de ter noção. Só o estádio custa 120 milhões de euros, como é que o custo total é 250 milhões de euros. Não explica nada. É fácil apresentar algo no papel sem saber como fazer. Rui Costa nem tem vice-presidente para o património.
Rui Costa: O Benfica District dará mais luz ao Estádio da Luz nos dias de jogo e nos outros. Vai em conta com as obras dos restantes estádios noutros países e dará maior receita. Não é uma questão estética. João Noronha Lopes promete um Benfica District avulso. A Sonae prometeu uma arena para modalidades e espetáculos. Não podemos abdicar dela. O crescimento do clube faz-se pela área financeira.
João Noronha Lopes: O futebol português não vale nada sem o Benfica [Sonha comigo]. Rui Costa não percebe o que é o Benfica [É você que me vai ensinar o que é o Benfica]. Ensino a ser líder no Benfica. Sobre infraestruturas, temos um projeto para aumentar em 83 mil pessoas. Temos um estudo e queremos ainda perceber o outro projeto. Apresentarei aos sócios e com rigor financeiro. O Benfica não precisa de hotéis nem de centros comerciais, mas de uma casa dos sócios, modernização do estádio e pavilhões e de melhorar o Seixal. É fácil prometer coisas. Quando não fazemos a Casa dos Modalidades e prometemos o Benfica District, iludimos os sócios.
Rui Costa? Aumentar lotação? Faz todo o sentido. Os red passes em espera mostram que faz todo o sentido. Temos um projeto para aumentar para 80 mil. Mesmo esse valor pode não chegar, mas dará uma margem maior aos sócios. Apontamos aos 80 mil euros para garantir a comodidade dos sócios. O Benfica District passa pelo interior do estádio e por fora. Fizemos obras dentro do estádio que são um orgulho para os benfiquistas, remodelámos este espaço que vai virar um hotel, fizemos obras no Polo Universitário. Nas infraestruturas passará pelo aumento dos campos no Seixal e pelo Benfica District.
Rui Costa: Não preciso de bandeiras eleitorais, aí tem razão. O Benfica foi o primeiro e único clube que se manifestou contra quando percebeu que não chegaria a 300 milhões de euros.
João Noronha Lopes: Se tiver de ficar sozinho a defender os interesses do Benfica, ficarei.
Rui Costa: Não foi só Rui Costa, foram todos os clubes.
João Noronha Lopes: O Benfica não precisa de conversa mole nem de falinhas mansas. Perceberia logo que 300 milhões de euros era uma falácia. Devia ter entendido logo.
Rui Costa: Porque se fosse feita como foi prometido a todos os clubes era um bem para o futebol português. O Benfica é o principal interessado no crescimento do futebol português. Quando percebemos que a promessa era difícil, manifestámo-nos e tomámos posição.
João Noronha Lopes: Rui Costa deixou-se enrolar por Pedro Proença e à última hora quer deixar o processo. Perguntei-lhe em AG porque apoiava o projeto de centralização de Pedro Proença há um ano e não me respondeu.
Rui Costa: Não sou vítima. Não vou chegar aos seus níveis de má educação.
João Noronha Lopes: Não se faça de vítima mais uma vez. Têm de deixar de olhar para Rui Costa como jogador. É candidato a presidente.
Rui Costa: Se o Benfica aceitasse o que fosse feito é que me poderia atacar. O que estamos a fazer vai condicionar os direitos televisivos. Se os clubes não perdem, este contrato será importante. Se o Benfica estivesse num processo sem andar era um perigo. O Benfica alertou o mercado e os outros clubes.
João Noronha Lopes: Isso devia fazer quando o Benfica é prejudicado pelas arbitragens.
Rui Costa: É uma defesa do Benfica.
João Noronha Lopes: A sua liderança coloca o Benfica de joelhos perante os adversários. Falta liderança, rumo e estratégia.
Rui Costa: O Benfica liderou sempre o processo, ausentou-se quando teve de se ausentar, mas nunca ficando completamente fora. O que está a fazer é mostrar ao governo e às instituições que o que está em cima da mesa é uma mão cheia de nada. Estaremos dentro quando forem cumpridas as promessas. O Benfica saiu porque nos temos de defender. Não está lá nada. O contrato 2026-28 é de importância para o Benfica para condicionar o que está a seguir. Foi prometido que nenhum clube perderia e todos os clubes vão perder. Este processo não se pode desenvolver.
João Noronha Lopes: 94% das receitas são geradas pelos três grandes e a maioria destas pelo Benfica. Exportar modelos de outros países não faz sentido. Falarei com o governo para ver a questão. Os direitos televisivos não são a resolução de todos os males. Temos de olhar para os quadros competitivos, para a redução dos clubes, para a arbitragem. O Benfica tem de liderar o processo, não de se aumentar.
Rui Costa: Saltámos por Pedro Proença ou não.
João Noronha Lopes: Para terminar as contas, o dinheiro do Benfica deve servir para ganhar títulos. A única coisa estável do Benfica neste momento são as derrotas. A direção ter deixado os direitos para depois das eleições é positiva. Encarregar-me-ei dessa negociação com quem tiver de ser. Temos de ter um melhor contrato. A direção foi embalada quatro anos por Pedro Proença e sai de cena depois dos acontecimentos vergonhosos da final da Taça. Como é que o Benfica está fora do processo dos direitos televisivos. Revela total desnorte de Rui Costa com Pedro Proença na equação.
Rui Costa: Centralização? Já garantimos propostas superiores ao que temos hoje, mas não estamos satisfeitas com elas. É dos dossiers mais urgentes. Estamos salvaguardados, mas queremos mais. Fizemos uma pausa porque não se justificava fazer um contrato e depois melhorar depois das eleições. Temos um contrato melhor que o de hoje. Queremos continuar a contar com a BTV, que seja a operadora dos nossos jogos.
Rui Costa: Jamais.
João Noronha Lopes: Mais uma vez, o que Rui Costa diz não é verdade. Infelizmente, contenta-se com pouco.
Rui Costa: Mal seria eu não saber do que esperar do exercício. O orçamento está ponderado para chegar de forma positiva mais uma vez. Era uma irresponsabilidade fazer o exercício sem saber o que esperar.
João Noronha Lopes: Rui Costa vive numa realidade onde está tudo bem. Os sócios não podem dormir descansados, para dizer isso não sabe do que está a falar.
Rui Costa: Ou nasceu petróleo ou está pronto para entregar o clube a um investidor. Reduzimos a dívida.
João Noronha Lopes: A situação do Benfica é pior hoje do que quando Rui Costa herdou. Há uma grande diferença. Rui Costa acha que estamos melhores que os adversários. Para mim não chega. Quero mais rigor e ambição.
Rui Costa: Não se vende jogadores, dinheiro de todo o lado. Nasceu petróleo e eu não sei. Quando diz que a condição financeira do Benfica é melhor que os outros é um elogio. A dívida diminui de 247 para 241 milhões de euros. Irresponsabilidade é por campanha eleitoral por isto na cabeça dos sócios. Sabe perfeitamente que o Benfica está estável. Se se apregoa como bom gestor, sabe que está estável. O contrato da NOS tinha sido feito pela direção antiga, nem tivemos os valores dos contratos porque estavam amortizados. A dívida líquida baixou pelo contrato da NOS e esta direção não beneficiou. O resto não é novidade.
João Noronha Lopes: Ajudei o Benfica com Manuel Vilarinho. Não fui trunfo de campanha de Vale e Azevedo. Fica nervoso com Pedro Proença e Vale e Azevedo. Vou explicar. Rui Costa disse que podíamos dormir descansados e que o próximo exercício está feito. Como pode fazer quando não sabemos dinheiro da Champions League, vendas de jogadores, direitos televisivos? A situação é melhor que o FC Porto e Sporting, mas não é boa. Todos os anos temos de à procura de 70 milhões de euros. O buraco obriga à venda de João Neves, mas não podemos vender João Neves todos os anos. Os nosso fornecimentos externos são iguais ao FC Porto e Sporting. Podemos cortar custos em 25/30 milhões de euros e não é no futebol. Temos de ter boas prestações na Champions League e um bom projeto desportivo. Temos de negociar os direitos televisivos. Podemos aumentar receitas de jogo, nas redes sociais, digitais e merch global. Com isto temos condições financeiras para não vender tanto e tão cedo.
Rui Costa: Tenho oito campeonatos pelo Benfica. E ao menos não fugi do Benfica ao fim de 58 dias.
João Noronha Lopes: Rui Costa tem mais contradições no debate que títulos de campeonato.
Rui Costa: Fui privilegiado e sou privilegiado por tomar conta de um clube que me deu condições para trabalhar. Continua a achar que o COVID não teve impacto, pergunte ao seu diretor financeiro sobre o impacto. Nunca disse que apanhei os cacos, mas que segurei o clube num momento delicado. Nunca me faltou dinheiro. As contradições são suas, está habituado a dizer uma coisa hoje, outra amanhã. O COVID começa em 2019/20, a época não chega ao fim. 2020/21 não há adeptos no estádio e no ano seguinte foi feito o crédito. Começámos com um défice tremendo porque o dinheiro que deveria entrar não entrou. Teve um impacto grande e em 2021/22 começámos ainda com o estádio limitado. O impacto que teve, porque no período COVID, não deixou de pagar aos funcionários e atletas, trouxe impacto. Tivemos de aumentar a dívida.
João Noronha Lopes: Rui Costa vive uma realidade paralela nas contas. Também não consegue encontrar pessoas para tratar das contas. Teve quatro pessoas a tratar das finanças. Quando se muda de responsáveis financeiros como de camisa ou treinador, os resultados são estes. Disse que Luís Filipe Vieira lhe deixou um projeto de todo, hoje diz que teve de reerguer o clube.
Rui Costa: Para João Noronha Lopes, o Benfica está falido. Não está e é o clube português com menos condições financeiras. Os números são números. Assumo erros e medidas incorretas. Há uma subida da divida líquida e uma redução da dívida total do clube. Os números não enganam. A dívida líquida subiu pelo impacto do COVID, pela reestruturação do futebol e pela reconstrução do estádio. A dívida total desceu e a dívida líquida subiu de forma controlada. Está completamente estável. A dívida global do Benfica baixará drasticamente.
Rui Costa: Está nervoso, deve ser por estar a chegar sábado. Disse que não fiz comunicado. Estava lá nesse dia.
João Noronha Lopes: A tarde e a más horas, quando não havia nada a fazer. Sei que está a ficar nervoso quando perceber que vou falar de Pedro Proença. Em vez dos murros na mesa do balneário tem de dar murros na mesa da Liga. Quero perceber o que diz quando disse que o projeto de Pedro Proença era o melhor? É ter um Conselho de Arbitragem do Sporting, uma sede da Liga milionária, não defender os interesses do futebol português?
Rui Costa: Fiz um comunicado depois da Taça de Portugal?
João Noronha Lopes: Contas? Uma das coisas é ser firme na defesa dos interesses. Quando o campo está inclinado temos de defender o Benfica. Tivemos um perdão de 100 milhões ao Sporting e não ouvi nada. Teria pedido muito, o Benfica não reagiu. Há um fenómeno de concorrência desleal. Tem a ver com a falta de voz do Benfica na defesa dos interesses. Frederico Varandas condicionou os árbitros em fevereiros, Rui Costa não falou e depois aconteceu o que aconteceu na Taça de Portugal. Rui Costa falou depois da Taça da Liga, os rivais responderam e ignorou. O presidente tem de dar a cara.
João Noronha Lopes: A cidade das modalidades estava no programa e não saiu do papel. Não conseguiram encontrar terreno, é este o programa. Falei no que me parece importante. O Benfica deve acarinhar as modalidades, são viveiros do benfiquismo para atletas e famílias. Queremos uma bancada para as famílias no pavilhão.
Rui Costa: Bola mágica em tudo. O Benfica ganhou mais que todos os outros, é um facto comprovado. Queremos evoluir nas que ganhámos menos, continuar as que ganhámos mais e manter a tradição do feminino. Os valores não podem ser comparáveis com os rivais, nós temos as equipas todos. Como o Benfica está nas competições para ganhar, tem de ter investimento.
João Noronha Lopes: As modalidades fazem parte do associativismo e ganhamos pouco. 30% no masculino, mais no feminino. Temos de ter esses títulos europeus, precisamos de mais organização. Tenho o Filipe Gomes como vice-presidente, capitão do basquetebol e com conhecimento na gestão dos patrocínios e marcas. É preciso investimento na formação e na transparência. Preocupam-me os pavilhões vazios e a falta de aproximação nos jogos fora. Temos de fazer mais no red pass das modalidades. Sabe quanto ganhamos de patrocínios nas modalidades de pavilhão. 1,7 milhões, 120 mil euros no feminino. Acha isto digno do Benfica? Tenho uma pessoa que nos ajudará.
Rui Costa: Modalidades? O mandato que tivemos nos quatro anos foi de forte investimento. Ganhámos nove títulos nacionais masculinos, 15 femininos. No total, mais do dobro do mandato anterior. Não estou satisfeito com o que fizemos. Recuperámos o basquetebol, perdemos o volei o ano passado ao fim de um trajeto fantástico, recuperámos futsal o ano passado e volei feminino. A única equipa campeã europeia foi o andebol, onde não conseguimos o campeonato nacional. Quero títulos europeus no futsal e no hóquei em patins.
Rui Costa: O que se pode responder? Responde a tudo menos às perguntas. Faz-me confusão a resposta que dá por chumbar 30 milhões de euros. Acha que o Mundial de Clubes nos deu 30 milhões de euros? Faz parte do nosso mérito. Não recebemos esse valor no Mundial de Clubes e o que recebemos foi mérito nosso. Fomos buscar valor ao MdC por mérito e que daqui a quatro anos estejamos lá outra vez. Este valor não chegaria para o resultado positivo. Já tive oportunidade de explicar a auditoria, entregue na véspera porque a recebi na antevéspera. Problema seria esconder aos sócios a auditoria. Entreguei-a quando a recebi. [Coincidência]. Não é coincidência. Se fosse para minha defesa, teria escondido o documento e apresentado depois da AG. Pus cá fora quando o recebi. Grave seria esconder e passar para depois da AG.
João Noronha Lopes: Irresponsabilidade é chumbar o passivo 100 milhões de euros. Não foi por isso. Chumbei porque os resultados operacionais foram positivos só pelo Mundial de Clubes, uma receita extraordinária. Sem isso eram negativos. Os resultados líquidos só foram positivos pela venda de João Neves. Estamos a falar de contas e um relatório de gestão, avaliamos a gestão. A gestão do grupo Benfica foi má.
Rui Costa: Foi por essa razão que irresponsavelmente chumbou 30 milhões de euros positivos. Por não ter tido o caderno onde mostrava os números. Isso é uma irresponsabilidade tremenda.
João Noronha Lopes: O que também afasta é a maneira como são preparadas. Assistimos a incompetência. No ano passado foi divulgada uma auditoria na véspera. Isto é respeitar os sócios? Óbvio que não. O último relatório geral de contas foi apresentado na véspera. Rui Costa teve tantas demissões nos órgãos sociais, que quem apresentou as contas foi um funcionário da SAD.
Rui Costa: Não estou a diminuir as pessoas, vai quem quer ao pavilhão. Quero proporcionar condições para que vá mais gente. Os estatutos foram uma situação maior, mas em estatutos e contas não podem ser tão poucos sócios.
João Noronha Lopes: Quero mais sócios nas AG, mas não podemos diminuir quem vai. São exemplos de associativismo. Nos novos estatutos, elogiados por Rui Costa, estavam lá 8 mil sócios. Antes foram aprovados por 150 pessoas. Diminuir estatutos aprovados por 8 mil é menorizar a democracia no Benfica.
Rui Costa: As AG são sempre muito importantes, não podem ser mil, 2 mil ou 3 mil pessoas a decidir o futuro do Benfica. Temos de ter maior participação noutros modelos para discutir de forma séria e o presidente do clube levar críticas e propostas. Nas últimas tem sido mais crítica que construção. Olhando para os estatutos, a AG tem de ter outros formatos e participação. Os estatutos foram aprovados por 2% dos sócios. Estas decisões têm de ter mais participação. Podem ser modelos com dia de jogo, transmissão nos nossos canais, outra envolvência.
João Noronha Lopes: Temos de criar condições para trazer pessoas às AG e alargar à participação. Podemos realizar AG nos dias de jogo. Uma das ideias de Manteigas era a organização de autocarros. Há coisas a fazer para melhorar a participação.
João Noronha Lopes: Não é verdade, senão não diriam outras coisas. São avisados em cima da área e não têm tempo para avisar os sócios.
Rui Costa: As modalidades frequentam. Nem sempre é possível por questões de tempo. Vão jogar fora de Lisboa, não passear. São situações que existem. Ajudar as casas em rede à Luz facilita o processo da informática.
João Noronha Lopes: Proponho soluções de micro-crédito. O Benfica não pode deixar fechar mais casas. Há 10 anos que não há um congresso das casas, foi preciso estar no meu programa para dizer que vamos fazer. É importante dar formação às casas, por exemplo na área da informática para ajudar. Quando as modalidades vão jogar fora têm de ir mais às casas. Muitas vezes são informadas em cima da área. Há casas que têm condições para oferecer refeições e não acontece [Acontece]. Estamos a fortalecer a ligação.
Rui Costa: No meu mandato fechámos três.
João Noronha Lopes: Cobram-se 55 euros na bancada central e adeptos têm de despir a camisola. Não teria uma discussão fofinha, muito menos com Pedro Proença. Não há discussões fofinhas quando há adeptos a ter de despir a camisola. Os clubes são soberanos, mas não pode acontecer. Visitei mais casas do que Rui Costa no seu mandato. As pessoas dizem que estão abandonadas. Quantas casas estão fechadas?
Rui Costa: As casas do Benfica são a nossa embaixada no mundo. Estar mais perto das casas está claro. Fizemos o modelo 2.0 que inaugurei em Santarém e queremos usar noutras zonas. É um modelo muito funcional. Testámos a ligação em rede à Estádio da Luz. Queremos as modalidades a frequentar as casas. São as principais coisas a fazer no imediato. Vai haver uma reunião macro em março. [Finalmente, está no meu programa]. Se me deixar falar, não é uma questão de vítima, é de respeito. O apoio às casas tem de ser mais presente.
Rui Costa: Os que aumentaram mais foram os que não tinham Champions League, para possibilitar dar red passes completos e incluir os jogos da Champions League.
João Noronha Lopes: Sobre os red passes, não podem ser os sócios a pagar os erros de gestão. Proponho o congelamento dos preços, não é uma medida responsável. Se aumentarmos 2,5, traz 1,3 milhões de euros. Não é assim que resolveremos os problemas do Benfica. Se olharmos para a lista de espera, o Benfica torna-se um clube de elite. Quero ir buscar esse dinheiro às receitas comerciais e conteúdos digitais. Os sócios não podem suportar aumentos de 20% ou preços de 40%.
Rui Costa: Sabemos da grandeza que temos e os outros clubes aproveitam [para bilhetes fora]. O adepto do Benfica paga o dobro do outro adepto para acompanhar a equipa. Não é uma batalha fácil. O número de bilhetes é sempre complicado. Usámos sempre o critério da assiduidade e não vamos conseguir nunca resolver o bilhete. Há estádios com 500 bilhetes e temos 10 mil adeptos. O único remédio para responder à procura de mais red passes e camarotes é o aumento do estádio. Concordo que há uma falha que não é fácil de resolver, que é o tempo de espera. Concordo e estamos a trabalhar.
João Noronha Lopes: Ontem tivemos um exemplo sobre o que não deve ser a bilhética, depois admiramo-nos que temos 10 mil lugares vazios. Não é fácil um portal da bilhética, mas ser difícil não significa que não podemos fazer. Queremos mais transparência e funcionalidade. Criei um grupo de trabalho para estudar os critérios, é também importante haver um lote de bilhetes para quem vive próximo. É um problema a ser resolvido, mas conseguiremos mais transparência e funcionalidade.
João Noronha Lopes: O Benfica pode ir longe nas provas europeias. Estamos na altura para fazer algo para chegar mais longe. Não prometo um título europeu, mas está na altura de fazer esse caminho.
Rui Costa: Não.
João Noronha Lopes: É Fernando Tavares?
Rui Costa: Não prometo um título europeu pelas razões que disse, até porque o futebol português feminino não cresceu nesse nível. Não há competitividade que permita os mesmos ritmos que em Espanha e Inglaterra. Tem de caminhar nesse sentido de forma rigorosa. Não é fácil criar uma equipa campeã da Europa, jogadoras que jogam para isso.
Rui Costa: O futebol feminino passou para a SAD no nosso mandato, melhorou muito. Perdemos a Cloé e a nossa Kika fruto do nível a que chegámos no clube. Continuámos a investir no futebol feminino com plantéis que continuam a ganhar campeonatos e com a passagem do Benfica para o Benfica Campus. Não podemos de uma assentada criar condições máximas para sermos campeões europeus. Os campeões europeus têm orçamentos de 15 milhões de euros, temos de crescer. No Benfica Campus temos necessidade de espaço, temos de criar melhores condições para o futebol feminino e formação. Com o investimento feito e as condições que têm hoje, transformámos um desastre num luxo. Precisamos de mais um campo. Vai ficar uma das pessoas mais identificadas com o futebol feminino e conhecedora em frente da equipa. Será anunciado domingo ou segunda-feira.
João Noronha Lopes: O futebol feminino ficará dentro da SAD. Três coisas. Chegámos aos quartos de final da Champions e depois houve um desinvestimento, saíram as duas melhores jogadoras. Faz sentido criar um departamento de scouting para o feminino. Temos de melhorar condições, não faz sentido ter escritórios e jogadoras em contentores. Temos de investir. Quem vai tutelar será anunciado depois das eleições.
Rui Costa: Esteve lá 13 anos, mas nunca abandonei o clube. Tive méritos e deméritos. Não procuro os holofotes como andou a fazer em campanha.
João Noronha Lopes: No último chamou-me muitas vezes mentiroso.
Rui Costa: Não me vai chamar mentiroso. Isto não é nada. É a terceira vez que me chama mentiroso.
João Noronha Lopes: As verdades têm de ser ditas. Rui Costa esteve 13 anos ligado ao futebol. Não sabia de nada, não perguntava nada, assinava sem ler [mas nunca abandonei o clube]. Vieira disse que se encostava e só o mantinha porque era um símbolo. É responsável pelo futebol, foi ele que preparou as equipas. Não pode dizer que limpou tudo, quando construiu o plantel.
Rui Costa: Eu tenho de poder falar e responder. Noronha Lopes está a fazer um debate sozinho. Quanto mais fala é melhor para mim.
João Noronha Lopes: Era para quê, então?
Rui Costa: Não há vice-presidente para o futebol, é responsável da SAD. Era administrador para o futebol. Na lista de Vieira era vice-presidente, mas não era para o futebol.
João Noronha Lopes: Nuno Gomes sempre foi administrador da SAD. Ouvimos Humberto Coelho dizer que era das relações do balneário e afinal é de relações institucionais. Rui Costa tem dificuldade em admitir o que fez. Disse que tinha assumido um papel com jogadores antigos. Quem era o vice-presidente que construiu esse plantel? É uma contradição. Rui Costa só tem a preocupação de se fazer de vítima e de esquecido. Esteve lá 13 anos, o que esteve a fazer lá dentro. Quer fazer os benfiquistas esquecerem-se. Disse que estava impreparado para ser presidente do Benfica. Para alguém do futebol, percebo que não esteja preparado para assumir o clube. Quando se foi diretor desportivo e vice-presidente para o futebol, que disse que não faz sentido e foi. Esteve 13 anos a tratar do futebol, chega ao Benfica e não ganha nada. O que lá esteve a fazer? Esteve 13 anos como responsável do futebol e não aprendeu a ganhar.
Rui Costa: Percebo a agressividade. Quer fazer um debate sozinho? Não percebo por onde me quer criticar. Do scouting saíram três pessoas. O Pedro Ferreira levou-as para Inglaterra a preços mais caros. Estou a dar provas das coisas. Se me chamam aldrabão. Não vim para aqui com esse nível. Saiu o diretor do Benfica Campus, trocou-se até pela idade que tinha. Nunca abandonámos o futebol de formação e levou ao título nas categorias da formação, são 23 jovens lançados. Saiu Rodrigo Magalhães para a Arábia a valores incomportáveis. É natural. Somos uma referência mundial na formação. Situação natural. Mesmo quem saiu do Benfica, não houve vazios. O Benfica não precisa de ter mais ninguém. Sobre vices-presidentes, foi preciso o debate a seis para perceber que não há vice-presidentes do futebol. Só depois disso assumiu Nuno Gomes para administrador da SAD.
João Noronha Lopes: Orgulho-me de virem falar. Não tem uma equipa.
Rui Costa: Não falemos de liderança porque colocou uma equipa a falar no seu lugar esta semana.
João Noronha Lopes: Parece que já leu o meu programa. No futebol não há que inventar grande coisa. Rui Costa é um homem do futebol e ganhou um em quatro. Eu trago uma equipa que sabe exatamente o que fazer, que conhece os cantos à casa. Na equipa de Rui Costa não sabem o que fazer. Um vice-presidente não sabe o que fazer. O Benfica não tem um chief scout, deve ser a única equipa europeia. O Benfica não pode ser ganhador se saem tantas pessoas. Saem porque não querem trabalhar consigo. Houve algumas que mo disseram. O Rui desresponsabiliza-se do que fez no Benfica. As pessoas continuam a sair porque não tem liderança.
Rui Costa: Não tenho varinha mágica. Diz que tem um projeto, mas não tem projeto. Até agora, em todas as perguntas, não respondeu a nada. Em relação aos jogadores, comprámos muitos jogadores. Dei explicações da reformulação. Nem sempre se vai acertar nos jogadores. Em termos de futebol, os jogadores não têm paternidade, são contratados pela estrutura. Esperamos acertar mais que falhar, haverá falhas em todas as presidências e clubes. Disse que o Benfica não pode ter mais Meités. Os jogadores não têm paternidades, mas obriga-me a fazer isto. Tenho quatro relatórios de Pedro Ferreira a dizer para contratar Meité [Mentira]. Não me chame mentiroso. Dei um documento do Benfica e chamou-me mentiroso.
João Noronha Lopes: O Benfica não tem de gastar menos, tem de gastar melhor. Todos dizemos que o Benfica tem de ganhar mais. Rui Costa provou que não sabe ganhar, eu tenho um projeto. Irmos ao mercado agora revela que o investimento está feito. O melhor legado do seu mandato é o bicampeonato do Sporting. Você desbaratou-se dos melhores jogadores. O Benfica tem o maior orçamento para o futebol em Portugal e não ganha. Por má gestão desportiva. É gastar mais que os outros e não ganhar. Nós só temos dois jogadores nos mais valiosos, é má gestão desportivo. Se estamos a fazer tudo da mesma maneira, como vamos ganhar? Mourinho começou com um plantel de Lage, Lage começou com Schmidt. Rui Costa não tem uma varinha mágica para ganhar.
Rui Costa: O futebol e o mercado está cada vez mais caro, países que entraram em ação e aumentaram o valor. O plantel do Benfica precisa apenas de acertos e não de remodelações. Essas foram feitas. Haverá anos de maior investimento, outros não. Criámos condições para ter este investimento, um bom sinal do Benfica. Estamos preparados para competir no mercado com países e clubes importantes. Estamos abaixo nos salários. Orgulho-me de dizer que o Benfica está pronto para melhores investimentos.
Rui Costa: Não respondeu à pergunta, só na minha pessoa. Lamento. A sua campanha tem sido com o Rui. Quando se fala dos outros é porque não se dá respostas [Já se está a vitimizar]. Um bom mandato é um em que ganhemos mais que todos os outros. Pretende-se que se ganhe mais. Não temos bolas mágicas, mas temos obrigação de trabalhar mais para ganhar que os outros. Foram anos de reformulação tremenda. Não foi o mandato que queríamos, foi um campeoanto, uma taça, duas supertaças, uma taça da Liga. Quero acabar o próximo mandato no mínimo com a quarta estrela dos 40 campeonatos. Ontem foi uma noite triste, deveríamos ter ganho. O responsável máximo quando o Benfica não ganha serei sempre eu. Nunca passei responsabilidades. O Benfica não mandou à rua 400 milhões de euros.
João Noronha Lopes: Saúdo todos. Espero um debate esclarecedor. Estou aqui a representar os que não se contentam com um Benfica que sabe a pouco. Depois de 400 milhões em contratações e 700 milhões em vendas vencemos um campeonato e uma Taça. Estamos mais próximos em números de títulos do Braga do que do Sporting e FC Porto. Estou farto de não ganhar, de explicar ao meu neto porque estou triste quando chego a casa. Ontem foi mais uma noite mal dormida. Estamos no último lugar da Champions, há 12 jogos sem vencer na Champions. Todos são responsáveis pelo que se passou ontem, menos o presidente. José Mourinho é o menos responsável. Quem é o responsável por isto, por cinco treinadores em quatro anos, por um carrossel de contratações, por estarmos mais longe dos rivais. Está à minha frente e chama-se Rui Costa.
