Frederico Varandas, presidente do Sporting, falou sobre a conquista da dobradinha. Líder dos leões abordou muitos mais temas.
Frederico Varandas, presidente do Sporting, falou sobre vários temas durante o documentário The Winner Takes It All, que divulgou imagens dos bastidores leoninos da temporada 2024/25. Entre eles, a dobradinha.
«Tínhamos feito o que ninguém tinha feito há mais de 70 anos e agora mais um recorde que não acontecia há 23 anos. Disse aos jogadores ‘fomos campeões o ano passado, este ano já somos campeões. Digam-me uma coisa, já chega? Não. Este ano vamos sair do Jamor com tudo’. Então ficou o mote das nossas celebrações internas, o the ‘winner takes it all’».
«Ganhámos tudo porque merecemos ganhar tudo. É verdade que conquistámos muitos títulos mas não chega. Queremos mais. Os jogadores querem mais. O treinador quer mais. Os adeptos querem mais. Se vamos ganhar sempre? Não. Mas cada vez vamos ganhar mais», prosseguiu Frederico Varandas, que olhou para o futuro com ambição.
Frederico Varandas revelou conversa com os jogadores, com o foco no bicampeonato:
«Pontualmente vou falando aos jogadores. Quando é o momento cirúrgico de falar ao grupo, eu falo. Tinha-lhes dito, lembro-me de olhar para o calendário, e disse: ‘Meus senhores, estamos com o Brito, com o Felicíssimo, temos o capitão de fora, tínhamos o Viktor condicionado e só podia jogar 15’… E disse –lhes ‘meus senhores, se chegarmos à última data FIFA em primeiro lugar vamos ser bicampeões. Quando olho para trás e vejo o que este grupo fez, a qualidade destes jogadores… O Viktor, um dos melhores jogadores da história do Sporting; o Pote, Trincão, aquele tridente da frente, liderados pelo nosso capitão. Depois um Inácio, Diomande, Quaresma, um guarda-redes que veio num momento certo para ser uma peça fundamental na conquista daquele título, o Rui. Quando falam dos nossos mercados esquecem-se do Rui Silva. Três treinadores, o nosso diretor desportivo sai no início de fevereiro…».
«O Sporting que eu cresci a ver, era um Sporting impossível de resistir a estas adversidades. Nunca aconteceu isto, nunca um clube grande em Portugal perdeu o seu treinador a meio da época por bons motivos, sem ser despedido. Depois o novo treinador chegou e não se conseguiu adaptar, perdemos o diretor desportivo e a forma como o clube se agarra, como se torna imune aos tremores que vêm de fora, imune às propagandas… Mostra como o Sporting é um clube forte e vencedor», reforçou.
Frederico Varandas abordou a saída de Ruben Amorim para o Manchester United e revelou ainda episódio nos bastidores:
«É um dos momentos marcantes da época e um dos momentos que podemos chamar de ‘stress test’. Tenho perfeita noção de que 90% dos treinadores – talvez mais – teriam aceitado o convite de que Amorim aceitou. E lembro-me que há um momento em que me comunica – estou eu e o Viana no meu gabinete – que presidente decidi que quero ir. Não disse nada, mas senti que estava desfeito por tomar essa decisão. Lembro-me dele sentado no gabinete a olhar para o chão e eu dizer ‘Amorim, levanta-te, está feito’. Venha a acontecer o que vier, sei que Amorim foi muito feliz nesta casa, era um treinador feliz, um treinador que nos ajudou a transformar o clube. E só consigo ter boas memórias. O futebol é isto mesmo e é um treinador que está na história do Sporting. O segundo treinador com mais jogos na história do Sporting e isso diz tudo».
Frederico Varandas falou sobre a contratação de João Pereira, onde disse que o técnico «sofreu muito»:
«Olhando para trás, o João [Pereira] sofreu muito. Há uma coisa para a qual não estava preparado: o impacto emocional. Houve um momento de luto da saída do treinador, cada um resolveu esse luto no seu timing. Exigiu-se ao João Pereira tudo o que o Amorim fazia. O comboio estava em andamento e era não mexer, não inventar. Toda a gente adorava o João, mas não estávamos preparados para aceitar um João Pereira 100% com as suas ideias. O João não teve nada do seu lado. Toda a gente aqui fez o luto de Amorim no período com João Pereira. No dia em que João Pereira saiu, todo o grupo e todo o staff sentiu peso na consciência. Saiu muito por culpa nossa de não conseguirmos fazer esse luto. Um presidente tem de tomar decisões e tomámos a decisão de mudar e vir o Rui Borges».
«Lembro-me de Rui Borges chegar, dizer ao plantel que com Ruben Amorim já tinha acabado e fazer a pergunta: ‘Querem ser campeões ou não?», disse ainda Frederico Varandas.
Frederico Varandas também comentou a saída de Hugo Viana, diretor-desportivo, que trabalha atualmente no Manchester City:
«O processo do Viana estava a decorrer há dois anos. Ele e o próprio Manchester City puseram-me a par. Acontece por razões pessoais do Viana. Pediu-me se podia fechar o mercado de transferências em janeiro e depois começar a adaptação ao City. O timing não foi um bom timing para o grupo, foi difícil, mas não consigo ver uma coisa negativa. E quando ninguém acreditava no Hugo Viana, fui criticado, o Viana foi crescendo aqui, fomos crescendo. E é um resultado natural estar num dos melhores clubes do Mundo. O que guardo do Viana é apenas que estou grato em nome do Sporting. Por tudo o que fizeram pelo Sporting. Tínhamos tudo preparado para o Bernardo, que era a pessoa que já tínhamos escolhida. Foi um desafio enorme para ele agarrar aquilo em fevereiro no momento em que era. Ele e o Flávio [Costa] fizeram um trabalho espetacular».