João Diogo Manteigas assumiu que o associativismo é um dos pilares da história do Benfica, assumindo que os sócios são fundamentais.
João Diogo Manteigas deu uma entrevista ao Bola na Rede onde realçou a importância do associativismo para o Benfica. O candidato à liderança do emblema encarnado admitiu que pretende aproximar o clube dos sócios:
«O Benfica tem essa obrigação. Não acho que o Benfica tenha esquecido os seus sócios e os seus adeptos lá fora. Acho que simplesmente não vai procurá-los. Sabe que eles se interessam pelo Benfica e por isso não faz nada por ir ao encontro das pessoas. Eu quero fazer ao contrário. Não é preciso um grande investimento para tal efeito. Eu já tenho a relação com os PALOP, para mim é fácil. Trabalhei com clubes, com federações, fiz uma das leis desportivas para a Guiné-Bissau. Essa ponte é fácil de criar. Eu tenho é que criar uma estratégia que ainda não foi criada de comunicação, mas apenas posso fazer isso estando dentro do Benfica. Eu tenho que perceber como está o projeto da Rádio, como posso pegar para esse efeito. BTV, exatamente a mesma coisa. Tenho que perceber qual a minha margem. Até lá, tenho que ser eu a fazê-lo. Tenho uma pessoa que está comigo, mas que não faz parte da lista nem dos quadros. Já conheço há muitos anos. Trabalha com o futebol e tem uma grande experiência com a CAF. É português e emigrante. Ele tem uma empresa que lida com a parte social do desporto, ou seja, ex-jogadores que terminaram a carreira e dedicam-se em ir atrás das pessoas que gostavam deles. Replicar um bocadinho isto com o Benfica. A partir do momento em que entrarmos vai-se dedicar muito em quem está lá fora. O Benfica tem essa obrigação, mas se nós formos e apresentarmo-nos, dizer que estamos lá por vocês, essas pessoas passam a fazer muito mais por nós. Nem vemos isto pela perspetiva comercial. Temos aqui uma meta dos 500 mil sócios. Para o ano vai haver uma renumeração e vai haver um corte. Queremos chegar a esse número no final do mandato. Acredito que vamos cair para os 300 mil sócios e vamos precisar de 50 mil sócios por ano e as pessoas de fora são essenciais nessa estratégia. A angariação de sócios não é o nosso objetivo para chegarmos aos sócios mais distantes. Temos que ver a newsletter, a BTV e ver o ponto da rádio. Quero fazer o que foi feito há muitos anos atrás. Meter a máquina a andar no imediato e ir imediatamente aos primeiros polos, que são as Casas do Benfica, mas organizando um business plan de nos primeiros dois meses viajar por todas as Casas do Benfica lá fora, mas a chamar os sócios da zona, num raio de X quilómetros para explicar por que viemos ao Benfica».
O advogado falou sobre a BTV e a Benfica Rádio:
«Em relação à rádio, eu desconheço o projeto. O Benfica colocou um ponto final numa empresa que tinha que era a Benfica Rádio. Foi extinta o ano passado. Eu, mesmo sendo candidato, enquanto sócio achei curioso que acabam com a rádio e passado um ano há um projeto da rádio. Então e não se aproveitava a empresa rádio que existia? Nunca foi alimentada e havia um investidor, fica a saber. Esse investidor apresentou um projeto e era ele que metia o dinheiro. É preciso muito dinheiro, quando não é em streaming é preciso um sinal. Achei estranho de um momento para o outro em que volta a haver um projeto. Esse projeto é-me muito querido, mas não sei qual é o projeto. Sei que é José Gandarez que está a tomar as rédeas e já contratámos à volta de 20 pessoas para esse projeto que trabalham dentro do estádio. Sei que o Benfica não conseguiu obter a licença, isto é público, não foi autorizado. Devo colocar este tópico na situação: é um projeto que eu quero avançar no Benfica e vou aproveitar o que foi bem feito. É um projeto que para mim é essencial, principalmente se for em streaming. Hoje em dia todos temos um Android, um IPhone, acesso à internet. Quero chegar aos PALOP com este projeto. É uma questão pessoal minha. O meu pai foi fundador da RDP África e eu assisti com ele e viajei com ele para todo o lado. Vi a importância que ainda hoje tem a rádio. Foi algo que me surpreendeu. A rádio associada à diáspora benfiquista é uma arma de arremesso desportiva, no bom sentido claro, a nível global. É um projeto importante, sobretudo para quem está fora de Portugal, mas dentro também é importante. Se implementamos um sinal sobre tudo para fora de Lisboa as pessoas vão gostar dos conteúdos. O projeto Benfica Rádio é essencial, embora o Rui Costa o tenha trazido como medida eleitoralista. Eu iria sempre trazer no meu programa eleitoral. Em relação à BTV, diz-me muito, já que estive lá muitos anos e conheço muito bem o canal. É verdade que eu era independente, isento e imparcial naquilo que é o meu pensamento e tive muitos problemas internamente com isso. Compreendo e tive sempre cuidado de não hostilizar nada nem ninguém que estivesse à frente do Benfica durante esse tempo. Confrontei publicamente nesses programas algumas ideias e projetos. Tentei sempre respeitar ao máximo todas as pessoas, mas defendendo o que era para mim defender o Benfica. É para mim um universo muito importante. Eu era independente e não precisava da BTV para viver, eu ia lá e era carolice. É uma das principais armas que o Benfica tem a nível global. Acho que a BTV deve ser aberta aos sócios, exceto nos jogos que transmite. Há pessoas que não são do Benfica e compram para ver os jogos, conheço muitas. Acho que o canal deve dar muito mais conteúdo, sobretudo nas modalidades e associativismo. Não nego que tenha bons conteúdos, mas acho que pode fazer muito mais com as Casas do Benfica. Tem um programa pelas Casas, que é interessante, mas pode fazer mais. Também devia mostrar o ecletismo, a força do Benfica lá fora. Devia mostrar a realidade dos sócios que estão isolados. Há um exemplo: na semana passada estive em Vizela, onde vi o jogo contra o Fenerbahçe. Antes passei pela casa de um senhor que vive lá, que se chama José Alves. Ele tem um museu num Bunker do Benfica. É incrível, inacreditável. Aquilo é debaixo de terra e tem lá coisas com um grande valor. Tem lá uma tarja de uma das finais da Taça dos Campeões Europeus que o Benfica participou. O Benfica tem que ir atrás disto, demonstrar o que fazem. Há uns anos atrás conheci um emigrante, que é pedreiro na Alemanha, que me disse que gasta o seu salário todo a vir aos jogos em casa e ir aos jogos fora. Ele vive na Alemanha, embora não tenha família, é um grande gasto. Ele vai aos jogos fora no estrangeiro igualmente. O Benfica é um clube único por isto, não é por ter 400 mil sócios, mas sim porque maior parte deles são especificamente benfiquistas, cada um à sua maneira. Temos que mostrar ao mundo porque somos diferentes. O Bayern Munique também tem muitos sócios e tem capacidade financeira de inventar uma história. A história do Bayern ganha força dos anos 70 para a frente. O Benfica é de 1904 para a frente, tem uma história de 121 anos para defrontar, não apenas dos anos 70, com todo o respeito ao Bayern, com quem eu me relaciono profissionalmente e tenho as melhores indicações, é um monstro do futebol mundial. O Benfica consegue competir com estes monstros com o seu associativismo. Temos é que mostrar a nossa posição de força e a BTV serve exatamente para isso».
Poder ler a entrevista completa de João Diogo Manteigas.