João Diogo Manteigas indicou que as modalidades são muito importantes no seu projeto para o Benfica, caso vença as eleições presidenciais.
João Diogo Manteigas deu uma entrevista exclusiva ao Bola na Rede, onde comentou vários temas do universo Benfica. O candidato à liderança dos encarnados admitiu que as modalidades são importantíssimas no seu projeto:
«Estruturalmente é muito importante mudar algumas coisas, principalmente o organograma. O que eu proponho é o que está no nosso site: um modelo de gestão com um vice-presidente para as modalidades. É alguém que já conhece há muitos anos. Dou-lhe o perfil. Tem uma experiência muito grande e sempre ligado ao desporto. É um homem das instituições e conheci-o com o desporto genericamente em Portugal. Tem muita experiência em gestão desportiva, nas modalidades. É uma pessoa que praticou desporto amador e que tem conhecimento exímio daquilo que para mim é muito importante, o modelo desportivo em Portugal (federações, IPDJ, COP). Abaixo dele vai ser complementado por duas pessoas. Um diretor desportivo propriamente dito, cuja função é ocupar-se da performance e do scouting. É alguém com experiência nas modalidades amadora e que conhece muito bem o Benfica. O outro diretor será alguém que se vai ocupar mais com a parte da comunicação. A comunicação nas modalidades terá que ser mais vasta e direta, além de que as mesmas devem ser promovidas. O Benfica tem três grandes caraterísticas: associativismo, formação e ecletismo. O Benfica é um clube, não falando da SAD, que demonstra ser grande pelo ecletismo, pelas modalidades que tem. É algo que me é muito querido. Por isso merece tal comunicação difusora. O Benfica ganha nas modalidades, tem pano para mangas, tem muito para mostrar ao mundo, é incrível. Esse diretor também ficaria com outra parte que nos é muito importante, relacionada com a Clínica Benfica. Para nós isso tem que ser um chamariz do Benfica, relacionado com as modalidades e com o futebol. Obviamente que temos que organizar as cinco principais modalidades de pavilhão, as que são mais conhecidas: futsal, andebol, hóquei, basquetebol e voleibol. Há umas modalidades que são mais preocupantes, nomeadamente o andebol, devido ao insucesso desportivo. Temos que perceber o que se está a passar. Eu não desgosto do treinador, acho que até contratamos bem. Fico preocupado com a questão do nosso treinador se dividir com uma seleção. Em relação a estas modalidades, vamos ter um coordenador da modalidade. O diretor geral vai assumir a coordenação de uma dessas modalidades, porque é muito experiente. No basquetebol vamos apostar muito mais na formação, onde vamos criar um plano. Não vamos meter miúdos da equipa B todos diretos na A, longe disso. Esta modalidade bebe muito dos americanos, sempre foi assim. Eu quero ir buscar mais parcerias, eventualmente através de empréstimos, com clubes da Europa, mais ao centro e ao leste. Em Espanha também há clubes muito interessantes para parcerias estratégicas. O basquetebol vive disso. O Benfica todos os anos têm americanos e alguns até acabam por ficar. Aaron Broussard é um excelente exemplo, vai ficar por cá. No hóquei em patins fizemos um grande investimento. O Bargalló é o melhor jogador do mundo, o João Rodrigues é o melhor finalizador. Temos o Viti que tem um grande potencial. Também temos o melhor guarda-redes do mundo. No hóquei não é necessário um investimento elevado. Sem ser eu, poucos dos candidatos falaram do tema das modalidades. Quando falamos de investimento, há uma coisa que as pessoas nunca têm a noção, que se tratado risco de lesão. O caso do Bargalló é um exemplo. Quando o fomos buscar foi uma bandeira de contratação. Ainda assim, temos de pensar que há riscos, como adaptação, idade ou lesão. Temos que ver se o jogador tem esse risco ou não. Há um exemplo básico, que é a idade. É normal, ainda por cima o hóquei sendo uma modalidade que exige muito no aspeto físico. Eu não estou a dizer que o Bargalló tenha sido uma má contratação, mas não chega apenas contratar, tem que existir cuidado na negociação e existir um projeto sustentável. Tem que haver alguém ao nível do Bargalló e aí a fasquia já é demasiado elevada. Não é preciso fazer o que se fez o ano passado e isso provou-se. O Benfica não ganhou. Temos uma boa formação e vale mesmo a pena continuar a apostar nela. O caso do futsal está bem entregue a nível interno ao senhor Moreira. Essa contratação ao nível de gestão foi boa, tem uma visão que eu acho que é acertada, mas não o conheço pessoalmente. O Benfica ganhou um campeonato passado muito tempo. Acabou com o domínio do Sporting, mas agora tem o papel mais complicado: voltar a ganhar. Tem que fazer aquilo que o Sporting fez nos últimos anos. Tem que se limar algumas arestas, mas há potencial. Contratou o Pany Varela, que é um grande jogador. Lá está, não sei se o Benfica precisava de criar este contexto financeiro, mas é um grande jogador. Contudo, se falhar desportivamente temos aqui um problema. O voleibol sempre foi uma modalidade importante para o Benfica. No feminino fez um brilharete, ganhou passado 50 anos, temos um novo treinador e não há grande coisa a apontar. No masculino tem que se fazer algumas alterações, tem que se apostar um pouco mais numa gestão dos jogadores. Gostava de ver mais formação nessa modalidade».
O advogado confessou que quer que o ciclismo regresse no seu mandato, atraés de uma parceria:
«Este projeto é algo que tenho pleno conhecimento e acho que tem que ter uma reformulação ao nível de gestão. Falamos mesmo de pessoas. Eu vou tentar criar um projeto olímpico mais condizente daquilo que é a verdadeira instituição Benfica. Em relação a outras modalidades, acho que deve haver uma aposta, sobretudo nas olímpicas, mas consciente ao nível financeiro. Posso dar um exemplo do remo, que conheço bem. O Benfica pode apostar perfeitamente nesta modalidade e ter custos pequenos. Consigo arranjar um patrocinador para a modalidade. Os atletas do Benfica usam os centros de alto rendimento que existem no país, que foram criados pelo governo, mas estão obsoletos. Acredito que consigo criar outra modalidade que não precisa de investimento, mas sim de controlo naquilo que é a sua gestão e de um parceiro que seja sério e credível. Claro que temos de começar com calma. Há outra modalidade que me diz muito. Percebi que os sócios do Benfica falavam nela. É uma modalidade histórica no clube que surgiu, desapareceu, voltou a surgir, mas não teve grande seguimento. Falamos do ciclismo. É uma modalidade vital para o Benfica, faz parte do emblema a roda da bicicleta que é magnífica. O Benfica teve há décadas atrás um grande atleta, um dos primeiros a vencer a Volta a Portugal, o José Maria Nicolau. Seria uma honra voltar a trazer o ciclismo e há uma oportunidade. Estamos numa altura complicada na modalidade, como é do vosso conhecimento, fruto do que é processo de dopings e ética desportiva. A Agência Mundial Anti-Dopagem presta muita atenção ao doping no ciclismo e ao boxe. Era a altura ideal para o Benfica voltar, não investindo por si próprio, mas arranjar uma parceria estratégica para esse efeito. O Benfica juntar-se a um clube que tenha determinados pressupostos válidos. Quando eu falo do doping, o risco existe sempre. Ou assumimos que não queremos entrar no ciclismo porque é um mundo com um risco muito elevado e que não vamos ganhar porque a concorrência é elevada ou desleal. Ou então entramos. Atenção, não temos dinheiro para investir em grande. Ou seja, não vamos colocar um milhão ou dois para ganhar a Volta a Portugal. Estamos a falar do tier 3. Pensemos nos orçamentos de topo, é impossível, estou tramado, custa 60 milhões de euros, como o caso da Emirates. Temos pleno conhecimento do que se passa. Queremos entrar no ciclismo, com uma parceria estratégica, que seja séria e cuja equipa seja inatacável no passado. Terá que ser uma equipa na vanguarda e no máximo interesse da ética, que promova esse controlo, que tenha passaportes biológicos, que cumpra à regra a lei e que promova o desporto saudável. Até podem querer ganhar, mas eu prefiro no ciclismo tentar ganhar em que o Benfica dá o empurrão juntando a marca. Temos a prova de que o Benfica juntando-se a um projeto desses, vai dar um empurrão mesmo muito grande».
Podes ler a entrevista completa de João Diogo Manteigas.
EM ATUALIZAÇÃO