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«Na Noruega há uma vontade de se investir e de desenvolver jogadores e treinadores» – Entrevista Bola na Rede a João Francisco Almeida

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João Francisco Almeida desempenha funções no Rosenborg, onde chegou em 2025 para ser o coordenador do Departamento de Performance Física. Num mundo de futebol, onde a análise e o treino são cada vez mais importantes, o lisboeta quer colocar o emblema escandinavo no topo, no que à sua área diz respeito. Esta entrevista foi realizada à margem do Portugal Football Summit.

Bola na Rede: Chegaste nos últimos meses ao Rosenborg, depois de teres trabalhado como fisiologista na Ligue 1, ao serviço do Estrasburgo. Como está a ser a tua nova aventura?

João Francisco Almeida: Está a ser desafiante. É uma nova cultura, é um novo país, a dinâmica nas relações é diferente. Há uma cultura de futebolística diferente. Na Ligue 1 há uma paixão distinta desta. Aqui há uma paixão local pelo clube da terra, como no caso do Bodo/Glimt, mas ainda podemos considerar o futebol como um desporto em desenvolvimento na Noruega. Por exemplo, o nosso estádio é o que tem mais pessoas, temos a maior massa adepta e a arena dá para 20 mil pessoas. O Bodo/Glimt é um clube mais local, um clube de culto, praticamente. Há outras forças a surgir, como o caso do Viking ou o Brann. Mas o resto da liga ainda tem que dar um grande passo.

Bola na Rede: Fizeste um percurso pouco habitual no futebol nacional, já que não vemos tantos elementos a rumarem à Escandinávia. Achas que é um bom local para o desenvolvimento dos ‘nossos’?

João Francisco Almeida: Sim. Já há alguns jogadores. Tens o Duarte Moreira no Bryne, que veio do Valadares Gaia. Tem feito sucesso. O Cláudio Braga agora é destaque no Hearts e aqui esteve no segundo escalão. Nós temos naturalmente aquela paixão pelo futebol, aquela cultura que nos permite conhecer o jogo de outra forma e aportar outras coisas. Isto é positivo, principalmente para um mercado em que ainda não há muita gente no alto nível. É uma oportunidade e são portas que se abrem. Há uma vontade de se investir e de desenvolver jogadores e treinadores. Há esse espaço. Não é complicado o caminho para se chegar ao topo da pirâmide, já que existem estas oportunidades a aparecer. Os portugueses têm que ter em conta isso.

Bola na Rede: A tua função no Rosenborg é ser coordenador do Departamento de Performance Física. Acreditas que este departamento é cada vez mais importante para o atleta profissional? Principalmente tendo em conta o aumento das lesões que temos visto nas últimas épocas….

João Francisco Almeida: Sem dúvida e não só para isso, mas também para o desenvolvimento de todo o clube. Uma das minhas tarefas é criar o processo. No dia em que sair, quero deixar uma estrutura feita e preparada para fazer com que os jogadores das camadas jovens consigam prosperar na equipa principal, de forma a ter sucesso. Quero que o clube consiga competir nas competições europeias com outros emblemas. Não é apenas uma prevenção de lesão, mas sim de preparação e de transformação do jogador de futebol cada vez mais em atleta. Isto é vital. A Noruega é uma zona que tem muito por desenvolver neste aspeto. Os clubes têm dado passos, principalmente com investimento privado. O Viking e o Brann são exemplo disso. Porém, na maior parte dos clubes isto são questãoes que estão bem longe de uma Premier League, uma Ligue 1, uma Bundesliga, mesmo Benfica, Sporting, FC Porto ou Braga, que contam com estruturas complexas e podem promover jogadores à equipa principal plenamente capazes de lugar de igual para igual nas questões físicas.

João Francisco Almeida
Fonte: RC Strasbourg

Bola na Rede: Na Noruega estão atentos ao futebol português? Ou concentram-se somente em nomes como os de Fredrik Aursnes ou Andreas Schjelderup?

João Francisco Almeida: Mais pelos nomes individuais que podem representar a seleção. Tenho jogadores que jogaram com o Schjelderup nas camadas jovens. Elogiam-no muito. Tenho um treinador que trabalhou com o Aursnes no Molde, quando ainda era um jovem. Eles olham mais para a questão da seleção nacional, principalmente quando falamos de jogadores que estão fora. O futebol português não é muito visto. Consomem futebol inglês, a maior massa adepta fora de Inglaterra do Manchester United é em Trondheim, onde eu vivo. Há pubs ingleses na cidade que estão sempre cheios para ver os jogos da Premier League. O grande consumo internacional é a Premier League, fora isso, olham para os jogadores que podem servir o país.

Bola na Rede: Se em Trondheim são fãs do Manchester United, o que dizem de Erling Haaland? (risos)

João Francisco Almeida: Existem fans também (risos). Esse clube de fans do City vão a um pub inglês, ao qual eu vou às vezes, e têm sempre a mesma mesa reservada. Colocam eles próprios a bandeira do Haaland. Há muito esse respeito. É um país pacífico, não há grandes confrontos entre ultras, embora as claques existam. Essa massa adepta vai ao bar, adoram o Haaland, mesmo sendo de outros clubes. Há uma discussão que ainda tive a semana passada após um treino. ‘Quem é melhor Zlatan Ibrahimovic ou Haaland? Ah o Haaland é melhor’. Há sempre essas discussões, mas de uma forma saudável.

Bola na Rede: Para quando um regresso a Portugal?

João Francisco Almeida: Eu gostava de regressar, depende das oportunidades que apareceram. Não há nada em concreto. Tenho de me continuar a desenvolver profissionalmente, deixar um legado e um projeto no Rosenborg. O futuro do desporto é muito rápido.

Ricardo João Lopes
Ricardo João Lopeshttp://www.bolanarede.pt
O Ricardo João Lopes realizou a sua formação na área da História, mas é um apaixonado pelo desporto (especialmente pelo futebol) desde criança, procurando estar sempre a par da atualidade.

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