Nuno Silva foi o mais recente entrevistado pelo Bola na Rede. O treinador explicou saída do Rio Ave na última temporada.
Nuno Silva foi adjunto de Luís Freire durante 14 anos e o mais recente treinador a ser entrevistado pelo Bola na Rede. O treinador enquadra o que motivou o despedimento da equipa técnica do Rio Ave na última temporada.
«Tivemos um grande azar no calendário e, até à nona jornada, apanhámos todas as equipas grandes fora. Já tinha acontecido, mas duas em casa e duas fora, por exemplo. Quando jogávamos em casa, a pressão para pontuarmos era muito maior. Tínhamos planeado chegar à nona jornada com entre sete e nove pontos e chegámos com oito ou nove, dentro dos objetivos propostos e falados pela direção. Percebo o ponto de vista dos adeptos, que viram uma mudança muito grande no Rio Ave, jogadores de outros contextos a entrar e gerou-se uma expectativa que não consegue ser correspondida devido ao calendário. Eram muitos jogadores estrangeiros que demoraram a adaptar-se e assim é muito difícil criar uma dinâmica de vitória. Jogámos em casa com o Arouca e ganhámos, mas fomos de seguida a Alvalade. Jogámos em casa com o Farense e ganhámos, mas fomos ao Dragão e aos 20 minutos já jogávamos com menos um. É difícil criar esta dinâmica porque os jogadores se demoram a conhecer e tínhamos muitas nacionalidades. Tínhamos ingleses, israelitas, alemães, turcos, brasileiros, gregos, portugueses, argentinos… Havia uma mistura muito grande e leva tempo até que a comunicação e o entrosamento sejam os melhores. Independentemente de conseguirmos chegar ao final da série de jogos nos objetivos, a contestação dos adeptos foi muito forte. A direção acabou por optar por essa decisão. Saímos do jogo do Benfica com nove pontos, contra o Casa Pia entregámos dois golos de bandeja, empatámos 2-2 e optaram por outro caminho. Está tudo bem, é a realidade de futebol. Houve uma gestão de expectativas para os adeptos que não se fez da melhor forma e acabou por nos custar a saída. Acredito que, se passámos esta série complicada dentro dos objetivos, chegávamos ao final do campeonato muito facilmente dentro dos objetivos».
«O trabalho da gestão de expectativas deve ser feito de forma alinhada. Há duas bases que fazem a comunicação externa do clube: os treinadores em conferência de imprensa e na flash interview e o gabinete de comunicação do clube, controlado pela direção. Se houver uma comunicação alinhada entre treinador e o que sai na comunicação do clube, todos saem a ganhar. Se o treinador diz uma coisa e o gabinete de comunicação diz outra, há alguma coisa estranha. Não que isso tenha acontecido no Rio Ave. A verdade é que, normalmente, quando as duas coisas estão alinhadas, a gestão de expectativas é muito mais eficaz porque mesmo os adeptos e a comunicação social já entendem o que o clube e o treinador querem. Se não for assim, é muito mais difícil».
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