Alma e coração, assim se faz um campeão – Entrevista a Vítor Alves

    BnR: Voltando ao norte. O que correu mal no FC Porto B?

    V.A.: Na altura eu estava mal orientado. Os empresários que dirigiam a minha carreira não me orientaram da melhor forma. Nessa altura precisava de mais de um suporte. De alguém que fosse mais forte no mundo do futebol, não aconteceu. Lembro-me na altura que saí do  Torneio de Toulon, em conjunto com o Vieirinha, o Paulo Machado, fomos chamados à SAD e tinha um acordo. Na altura tinha várias propostas para poder sair, uma por empréstimo, outra por venda. Não sei o que aconteceu, mas o negócio acabou por não se concretizar. Ainda assim, acho que não correu mal. Fui muito utilizado, fui chamado para a equipa principal, tive inscrito na Liga dos Campeões, inclusive. E dizer que correu mal seria estar a por culpa noutras pessoas. Foi uma gestão que não foi bem orientada.

    BnR: E acha que atualmente esta má gestão ainda acontece?

    V.A.: Sim, o futebol hoje em dia é mais negócio do que futebol. Existe o empresário que quer ver o jogador a dar o salto porque vê uma grande quantia de dinheiro à volta dele e há outro que vê a longo prazo esse dinheiro a entrar e vê mais o aspeto desportivo, a evolução na carreira do jogador. Isso depende muito de quem está a gerir a carreira em termos desportivos ou em termos financeiros. Temos o exemplo do Paím que foi um exemplo desportivo falhado.

    BnR: Acha que há uma diferença significativa entre a equipa B que representou e a realidade em que vivemos?

    V.A.: A diferença é brutal. Na altura, a equipa B era para ter alguns jogadores que vinham dos juniores e para se poder contratar o jogador estrangeiro. Não havia uma aposta forte nos jogadores da formação como há agora. Os exemplos estão à vista.

    BnR: Acaba por sair do Norte para as ilhas, neste caso a Madeira. Porquê a escolha do União da Madeira?

    V.A.: Quando saí do torneio estava com o pensamento de jogar numa primeira liga, tinha feito um bom torneio. Pensava que não ia surgir nada por causa da falta do apoio dos empresários. Quando surgiu a oportunidade achei que era o melhor para mim.

    Chaves foi onde Vitor Alves e Carlos Pinto se cruzaram pela primeira vez Fonte: CD Santa Clara
    Chaves foi onde Vitor Alves e Carlos Pinto se cruzaram pela primeira vez
    Fonte: CD Santa Clara

    BnR: Depois do União acabou por surgir o Chaves. Lá encontra Carlos Pinto, agora seu treinador. Como era a sua relação com o Carlos Pinto jogador?

    V.A.: Eu era muito jovem, era um bocado casmurro, tinha as minhas ideias e queria seguir em frente contra tudo e contra todos. Vejo que não deveria ter sido assim, mas fez com que crescesse um bocado. Sei que, se na altura tivesse feito as coisas de forma diferente tinha tido mais aproveitamento. O Carlos era um bom colega. Tenho histórias fantásticas com ele. Dentro de campo ele era um líder. Ele era o capitão e tudo o que ele dizia era uma ordem.

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    Raquel Roque
    Raquel Roquehttp://www.bolanarede.pt
    A Raquel vem dos Açores, do paraíso no meio do Oceano Atlântico. Está a concluir a licenciatura em Estudos Portugueses e Ingleses. Guarda os clássicos da literatura, a Vogue e os jornais desportivos na mesma prateleira.                                                                                                                                                 A Raquel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.