Depois de reunir quase 35% dos votos em 2020, João Noronha Lopes volta a concorrer pela presidência do Benfica, apresentando-se contra o legado de Rui Costa e o fantasma de Luís Filipe Vieira. Mudança é a primeira palavra-chave na entrevista do candidato na sua entrevista em exclusivo ao Bola na Rede. A segunda é ganhar, no futebol, no lado financeiro e no dia 25 de outubro. Para isso, João Noronha Lopes apresenta o seu projeto para o futebol, as suas pessoas com quem quer trabalhar e a sua visão para o futuro do clube que quer ver recuperar a mística.
«Luís Filipe Vieira e Rui Costa, nos últimos oito anos, ganharam dois campeonatos e uma Taça de Portugal».
João Noronha Lopes
Bola na Rede: Porque é que se decidiu candidatar à presidência do Benfica?
João Noronha Lopes: Porque o Benfica precisa de uma mudança. Estamos há muitos anos com as mesmas pessoas, com as mesmas ideias e a mesma forma de trabalhar. Luís Filipe Vieira e Rui Costa, nos últimos oito anos, ganharam dois campeonatos e uma Taça de Portugal. Nestes últimos anos, do ponto de vista financeiro, a situação do Benfica que já era grave com Luís Filipe Vieira, agravou-se ainda mais com Rui Costa. Assistimos também a uma falta de defesa dos interesses do Benfica perante as instâncias do futebol português e a uma incapacidade de fazer crescer o Benfica internacionalmente do ponto de vista da marca e, finalmente, a um maior afastamento do Benfica para os sócios. Deste diagnóstico, nasce a minha vontade de protagonizar uma candidatura de mudança com novas pessoas, um novo projeto e uma vontade enorme de ganhar.
Bola na Rede: Estes pontos que mencionou são os principais erros e falhas do Benfica nos últimos anos?
João Noronha Lopes: E não foi pouco. Do ponto de vista do futebol não há um projeto. Há um desgoverno no futebol. Em média, no Benfica nos últimos três anos, entram 11 jogadores e saem 13 e 60% dos jogadores que entraram já saíram entretanto. Isto não é uma política, é um carrossel de jogadores. Quando temos quatro treinadores em quatro anos, é difícil ter uma estrutura estável que nos permita ganhar. Toda a gente comete erros, o que me preocupa é a incapacidade de aprender com os erros. Temos essa incapacidade porque cada vez que fomos perdendo nos últimos anos, Rui Costa procura uma desculpa e não a origem do problema. Por isso é que são contratados treinadores atrás de treinadores e jogadores sem qualquer critério e plano desportivo.
«A cultura de exigência que tenho para o Benfica e para mim próprio é a mesma exigência para todas as pessoas do futebol».
João Noronha Lopes

Bola na Rede: No seu plano para o futebol, recentemente apresentou novos nomes da sua equipa: Nuno Gomes como vice-presidente, Pedro Ferreira como diretor-geral, Tomás Amaral como diretor-desportivo e Vítor Paneira como diretor-técnico. Qual a diferença entre cada uma destas funções e que interligação pretende entre estes nomes?
João Noronha Lopes: A primeira coisa que quero dizer é que estou a preparar o meu projeto para o futebol há muito tempo e que já estamos a conversar sobre a filosofia e a organização entre todos há algum tempo. Tão importante como ter boas pessoas é ter a certeza de que elas percebem o meu projeto para o futebol e que são capazes de trabalhar bem em conjunto. Nenhuma destas pessoas chega ao Benfica com uma agenda própria. Todas sabem exatamente o que vão fazer o que é esperado delas. A cultura de exigência que tenho para o Benfica e para mim próprio é a mesma exigência para todas as pessoas do futebol: muito trabalho e dedicação ao clube. O Nuno Gomes será o vice-presidente para a área do futebol e terá como responsabilidade supervisionar o futebol, tendo também um papel importante nas relações do clube. O Nuno tem uma grande experiência na formação e internacional enquanto consultor da FIFA. Estará, juntamente comigo, a supervisionar a área do futebol. A ele irá reportar o Pedro Ferreira, diretor-geral do clube. É quem vai coordenar todas as áreas, do scouting, do futebol de formação e do futebol feminino e que fará a ligação às estruturas de apoio do clube, como o marketing, o departamento médico e a comunicação, por exemplo. É alguém que conhece muito bem o Benfica e que foi, durante muitos anos, diretor de scouting do Benfica. Recentemente foi para o Nottingham Forest e fez parte da equipa que levou o clube de regresso às competições europeias. Tenho muito orgulho em tê-lo comigo. Ele tinha convites de alguns dos melhores clubes da Premier League para continuar em Inglaterra e veio para o Benfica porque acredita neste projeto e é um grande benfiquista. O diretor desportivo estará mais próximo do mercado e do diretor de scouting e vai reportar ao diretor geral, com funções mais de terreno. O Tomás Amaral teve uma carreira muito bem-sucedida como diretor desportivo do Spartak Moscovo e é alguém que conhece muito bem o Benfica. O Vítor Paneira será um elemento fundamental na ligação entre a equipa e a estrutura do futebol, tendo também um papel relevante no acompanhamento dos jogadores emprestados e do futebol português. É uma pessoa que conhece muito bem o futebol português e pode ser muito útil nesses dois pontos. Tão importante como ter as pessoas é definir exatamente o que vão fazer. Comecei pelo mais importante, que é o futebol. Já partilhei o meu projeto para o futebol, a minha filosofia e o meu organigrama para o futebol e já tenho nomes. Somos a única lista, até hoje, que o fez. Temos de começar pelo futebol porque o Benfica, sem ser forte no futebol, não o será em nenhuma das suas dimensões.
Bola na Rede: Os nomes do Pedro Ferreira e do Tomás Amaral são, à primeira vista, os menos conhecidos, mas também com uma vasta experiência no futebol do Benfica, tendo deixado o clube nos últimos anos. O que este conhecimento do Benfica, apesar de em funções diferentes, poderá acrescentar ao projeto e trazer mais identidade ao Benfica?
João Noronha Lopes: O Pedro Ferreira trabalhou muitos anos na formação. Foi ele que descobriu o João Félix, por exemplo. Tem uma carreira ligado ao scouting, esteve ligado à vinda para o Benfica de nomes como o Enzo Fernández e o Darwin Núñez. É uma pessoa que conhece muito bem a formação e o scouting e que vai trabalhar de perto com uma nova função que vamos criar, a de diretor de data-analytics com uma grande experiência no mercado internacional. Esta é uma das áreas em que o Benfica vai apostar muito mais. O Pedro, fruto da sua presença na Premier League, tem uma grande rede de contactos no futebol internacional. O Tomás é um homem que, com a sua experiência de diretor desportivo, tem uma grande capacidade de negociação e um conhecimento profundo do mercado de jogadores na Europa e que trabalhará em ligação com o Pedro Ferreira. Ambos são grandes benfiquistas e voltam ao Benfica por paixão e por acreditar no projeto. Tanto o Pedro como o Tomás tinham convites financeiramente superiores para continuar lá fora, mas vieram porque acreditam no projeto e num Benfica vitorioso. Tal como o Nuno Gomes e o Vítor Paneira, são homens de coragem. Deram a cara por este projeto, assumem a sua entrada neste projeto e é esta coragem e este benfiquismo que quero trazer de volta para o clube.
«Somos os melhores a formar, os mais rápidos a vender e os piores a contratar».
João Noronha Lopes

Bola na Rede: Sente que a nova função deles marcará uma diferença face ao antigo trabalho no Benfica? Poderão ficar associados a um Benfica do passado numa altura em que pretende um clube diferente no futuro?
João Noronha Lopes: Tenho um projeto de futuro, mas para esse projeto vou buscar os melhores. Se os melhores já estiveram a trabalhar no Benfica, embora com outras funções, e são ótimos profissionais, conto com eles. Conto com todos profissionais do Benfica em todas as áreas. O Benfica tem pessoas muito competentes a trabalhar em todas as áreas do clube, mas estão desmotivadas e não veem um futuro. Comigo vão voltar a ver esse futuro. Acredito que vou conseguir motivar muitas das pessoas que estão no Benfica para lá do futebol. Resumo o meu projeto para o futebol do Benfica em cinco pontos: recuperar a mentalidade da vitória; devolver a identidade ao clube; ter uma liderança unificada; ter um recrutamento inteligente; e formar para vencer. Para a recuperação da cultura e da identidade temos de pôr fim a esta gestão errática e desalinhada dos últimos anos em que estamos sempre a mudar as coisas em função dos resultados. Há uma ideia de longo prazo. Tenho um projeto de quatro anos, vou escolher as pessoas em função disso e tomar decisões de forma consistente. Por outro lado, é preciso dar prioridade ao desenvolvimento dos talentos internos e garantir uma gestão mais eficiente do mercado de transferências. O Benfica tem de antecipar-se ao mercado e não ir a correr atrás do mercado nos últimos dias.
Bola na Rede: O modelo de contratações do Benfica é o dos 20 milhões de euros, ou o objetivo é resgatar estes jogadores, como o Richard Ríos ou o Ivanovic, um ou dois anos antes?
João Noronha Lopes: O Benfica tem de se antecipar ao mercado. Alguns dos jogadores que identificámos já estavam referenciados na equipa sombra e era possível ter chegado lá mais cedo. O Benfica tem de contratar menos, mas de contratar bem. Já o disse uma vez, somos os melhores a formar, os mais rápidos a vender e os piores a contratar. Não há nenhum modelo de futebol que resista a isto. As transferências têm de ser feitas com lógica e de respeitar os objetivos de construção do plantel. Será definido um perfil do jogador a contratar, qual o impacto pretendido do jogador – se é titular ou suplente, por exemplo – para adaptá-lo às necessidades do plantel e as novas contratações serão definidas em função das oportunidades que temos para os jogadores da formação. Estes jogadores virão suprir as faltas que não conseguimos ter através da formação. O valor pago deve ser adequado à dimensão do Benfica e, para isso, é preciso saber negociar, ter um grande conhecimento do mercado e chegar lá mais cedo. Tenho na minha estrutura pessoas que o sabem fazer e com uma cultura de exigência muito grande relativamente a esta matéria. É muito importante, quando contratamos jogadores, definir bem o perfil. Por um lado, a adaptação rigorosa às necessidades que identificámos, a qualidade do jogador e a capacidade de trabalho, mas também um encaixe na cultura do Benfica. Quando vejo um jogador que chega ao aeroporto e diz que está contente e espera dar o salto para outro clube, houve algo que falhou na deteção desse jogador. Quando chegam de fora, os jogadores têm de entender o privilégio de jogar no Benfica e que se espera que sejam campeões no Benfica antes de o serem noutro lado qualquer. Comigo, os plantéis do Benfica serão curtos, competitivos e a profundidade deve resultar do investimento na formação e da estratégia de scouting mais certeira e adequada.
«Os atletas de potencial formados no Benfica têm de ficar pelo menos dois anos no Benfica depois de uma época de afirmação».
João Noronha Lopes

Bola na Rede: A formação é central em quase todos os programas dos candidatos. Em que é que o seu modelo permite inovar e protagonizar a formação?
João Noronha Lopes: Tenho um plano ambicioso com um investimento financeiro sem precedentes na formação. O objetivo principal da formação é fornecer jogadores para o plantel principal. Gosto de ganhar títulos na formação, mas o objetivo é perceber quantos desses jogadores na formação podem chegar ao futebol profissional. Algumas medidas: haver uma identificação estruturada de talentos. Isto significa a identificação atempada de jogadores da formação com potencial de elite, antecipar o potencial, com alguns deles com um plano de desenvolvimento acelerado, e ter uma nova matriz de indicadores de desempenho para a formação. O segundo ponto é ter planos individuais para a gestão dos novos talentos da formação. Isto significa definir um plano individual para cada jogador. Os empréstimos têm de seguir uma lógica e de ser devidamente acompanhados para permitir o desenvolvimento do jogador. Em terceiro lugar, definir novos contratos profissionais e uma estratégia de retenção. Isto passa por criar objetivos financeiros progressivos para recompensar e reter o talento. Este plano de desenvolvimento deve ser apresentado a todos os jogadores da formação e os atletas de potencial formados no Benfica têm de ficar pelo menos dois anos no Benfica depois de uma época de afirmação. Estes pontos são essenciais e é possível fazê-lo. Se este ano investimos 130 milhões de euros em novos jogadores, não percebo porque é que tivemos de vender o João Neves à pressa por 50 ou 60 milhões de euros. O Benfica tem o orçamento mais alto do futebol português e o problema não é o orçamento. Eu não quero gastar menos no futebol, quero gastar melhor e ter mais retorno desportivo. Foi o que não aconteceu nestes anos que passaram. Há um plano importante, também na formação, que é a retenção dos treinadores. Os treinadores da formação do Benfica são mal pagos e são as pessoas mais importantes que temos para tratar da base estrutural do clube. Estou preocupado porque as pessoas estão a sair. Há pouco tempo dois treinadores de CFT’s foram para os nossos rivais. Há que investir na questão dos técnicos da formação. Outro ponto é definir as posições para as quais temos jogadores da formação e para as quais não temos. Quem vem de fora deve preencher as lacunas identificadas onde não temos jogadores da formação.
Bola na Rede: Em que é que é possível facilitar a transição dos jogadores da formação para a equipa principal do Benfica?
João Noronha Lopes: Tendo muito claro em todas as pessoas que fazem parte da estrutura do futebol, que o grande objetivo da formação é fazer chegar os jogadores à equipa principal do Benfica e ser titulares e ter um plano integrado para que isso aconteça, premiando todos os envolvidos no processo quando um jogador da formação tem sucesso no futebol profissional.
«O Benfica tem de ter um modelo de jogo assente num futebol de pressão alta, intenso e de ataque».
João Noronha Lopes

Bola na Rede: Tem algum projeto de continuidade pensado para o modelo de jogo do futebol do Benfica com supremacia face ao treinador? Pretende ter treinadores na mesma linha condutora?
João Noronha Lopes: Para o Benfica não basta ganhar. O Benfica tem de jogar bem, é isso que os adeptos querem. Jogar bem significa jogar com raça, com entrega e empolgar os adeptos, algo que todos sentiam quando viam o João Neves em campo, por exemplo, mas além disso, o Benfica tem de ter um modelo de jogo assente num futebol de pressão alta, intenso e de ataque. Isso corresponde ao que são 90% dos jogos que o Benfica tem todos os anos. São jogos de ataque continuado, não de transições rápidas, portanto, é esse modelo que passa pela entrega e pela mística, mas também por um futebol atraente, de pressão alta e de ataque. É isso que os benfiquistas querem ver.
Bola na Rede: A pressão alta e a construção desde trás serão sempre pilares na escolha de qualquer treinador?
João Noronha Lopes: Na escolha de qualquer treinador e na escolha de qualquer jogador. O Benfica não pode ter casos como já teve no passado com lacunas. Dou um exemplo. Pediu-se um avançado que jogasse de costas para a baliza e que descai para as laterais e o jogador que veio foi o Tengstedt, que não obedecia a essas características. Há que haver uma coordenação entre o diretor-geral, o diretor-desportivo e a estrutura do futebol. Não pode haver contratações do treinador, do presidente ou do diretor desportivo. As contratações têm de ser decididas pelo vice-presidente do futebol e pelo diretor-geral em coordenação com o diretor desportivo e têm de obedecer a uma lógica. São de todos e da estrutura em função do modelo de jogo e do tipo de jogador que o pode preencher.
Bola na Rede: Fazer passar as contratações por mais mãos pode minimizar o erro?
João Noronha Lopes: Não vai passar por mais mãos, mas vai haver uma estrutura do futebol a que chamo Conselho do Futebol, onde estas três pessoas vão ter um papel fundamental na definição da política desportiva para o futebol, na identificação dos jogadores que têm de vir para o Benfica e a sua integração com o potencial que temos na formação.
«Sei que no dia 26 de outubro estarei em condições de apresentar a José Mourinho o melhor projeto desportivo que se apresenta a votos nestas eleições».
João Noronha Lopes

Bola na Rede: Como avalia a decisão de trocar de treinador a 40 dias das eleições e o que vê em José Mourinho que Bruno Lage não tinha para oferecer ao Benfica? (atualização após a realização da entrevista)
João Noronha Lopes: Não me parece que faça sentido comparar treinadores nesta fase, até porque seria ignorar a dimensão fundamental do problema, que reside não no treinador, mas sim no presidente. O mais importante, neste momento, é sabermos que José Mourinho terá o apoio dos Benfiquistas. Todos queremos ganhar com ele e José Mourinho conhece a exigência do Benfica. Acredito que tem a mesma vontade de vencer. E sei que no dia 26 de outubro estarei em condições de apresentar a José Mourinho o melhor projeto desportivo que se apresenta a votos nestas eleições.
Bola na Rede: Retomando a política de contratações. Já garantiu que consigo Bernardo Silva regressará ao Benfica. Qual o papel que estes regressos podem ter no plantel?
João Noronha Lopes: Tenho um contrato à espera do Bernardo Silva que lhe apresentarei. O Bernardo é mais do que um jogador. É alguém que simboliza a entrega, a garra, a mística do Benfica. Sofre tanto como nós, é um líder em campo e alguém que ainda tem muito para dar ao futebol. Já disse que não viria para o Benfica para se reformar, mas para ser campeão. Tudo farei para que o Bernardo possa ser campeão no Benfica.
Bola na Rede: Quanto a possíveis regressos, o que estes poderiam trazer para o Benfica? Nomes como João Cancelo, Nélson Semedo, João Félix, Rúben Dias, entre outros.
João Noronha Lopes: Todos os grandes jogadores são benéficos para o Benfica. Se a isso aliarem benfiquismo e fome de ganhar… Eu quero que os jogadores venham para o Benfica com fome de ganhar. Se aliarem essas duas coisas, para mim serão sempre bem-vindos.
«Não consigo entender porque é que tivemos tanta necessidade de vender o João Neves há um ano por 50 milhões de euros e no ano seguinte gastarmos 130 milhões de euros em jogadores».
João Noronha Lopes

Bola na Rede: Ainda sobre a estrutura de futebol do Benfica, este verão verificaram-se novas adições. O Mário Branco entrou como diretor-geral, o Simão Sabrosa passou a diretor técnico. Além da renovação, pode haver uma continuidade destes elementos na estrutura?
João Noronha Lopes: Já apresentei a minha estrutura para o futebol. Tenho muito respeito pelas pessoas que lá estão e o Benfica naturalmente cumprirá as suas obrigações, mas eu vou ter comigo pessoas com as quais eu confio, com as quais eu estou a trabalhar há algum tempo e com as quais eu defini o meu projeto para o futebol. São estas pessoas que já anunciei que vão trabalhar comigo.
Bola na Rede: Fica feito o esclarecimento. Se hoje tivesse de vestir uma camisola com o nome de um jogador do plantel, qual escolheria?
João Noronha Lopes: Escolheria o Nico Otamendi. É um grande capitão, um grande jogador e no último jogo [empate contra o Santa Clara] deu um exemplo de liderança, assumindo as responsabilidades. É um azar que acontece a qualquer um. Fez um grande jogo e quero que o Otamendi se levante rapidamente. Tenho a certeza que nos vai ajudar já hoje contra o Qarabag.
Bola na Rede: Qual o reforço que mais o entusiasma no Benfica?
João Noronha Lopes: Ainda é cedo para dizer porque acho que a equipa ainda não está a jogar a todo o seu potencial. Quero que todos os reforços ajudem o Benfica a ser campeão. É isso o que nós queremos.
Bola na Rede: Se tivesse de escolher um jovem com potencial interessante a preconizar um percurso interessante – falou há bocado no João Neves, por exemplo – quem seria?
João Noronha Lopes: O João Neves saiu cedo demais do Benfica. Sei daquilo que falo. Um jogador como o João Neves deveria ter ficado no Benfica, ele queria ter ficado e se as coisas tivessem sido bem feitas na altura própria, o João Neves teria ficado pelo menos mais um ano e provavelmente teria ajudado o Benfica a ser campeão. O João Neves foi vendido por necessidade e não fruto de qualquer estratégia. Não consigo entender porque é que tivemos tanta necessidade de vender o João Neves há um ano por 50 milhões de euros e no ano seguinte gastarmos 130 milhões de euros em jogadores. Há aqui qualquer coisa que não funciona na gestão do futebol do Benfica e que se torna cada vez mais evidente de ano para ano.
Bola na Rede: Qual a avaliação que faz do futebol do Benfica nesta temporada?
João Noronha Lopes: Satisfeito porque o Benfica está na Liga dos Campeões porque é o nosso lugar. O Benfica é um Benfica europeu e nem sequer deveríamos ter que passar por isto [playoffs e pré-eliminatórias] porque devíamos ter sido campeões. O Benfica fez-se grande na Europa e é isso que eu quero para o Benfica. Um Benfica europeu e sempre na Europa. Quanto ao jogo jogado, todos os benfiquistas percebem que temos de jogar mais e é isso que eu espero que aconteça. Não é pela falta de apoio dos adeptos que o Benfica não ganha. Os adeptos estão lá sempre a apoiar a equipa do primeiro ao último minuto.
«Tenho um projeto para chegarmos aos 550 mil sócios».
João Noronha Lopes

Bola na Rede: Fazemos então a transição para os adeptos. Como pretende aproximar o clube dos sócios e adeptos?
João Noronha Lopes: Nota-se, neste momento, um grande afastamento para com os adeptos do Benfica. O Benfica é um clube dos sócios, são os sócios os donos do clube. Não nos podemos lembrar dos adeptos apenas na altura das eleições nem ir às casas do Benfica só em altura das eleições. Há uma relação constante com os adeptos que tem de ser feita e vou dizer várias medidas que proponho para o associativismo, que me parece muito importante. Por um lado, a criação do provedor do sócio, uma figura autónoma da direção que vai garantir os esclarecimentos e dúvidas que os sócios podem pôr sobre bilhética, quotas, estatuto e direitos que têm e que às vezes ficam perdidas e não são esclarecidas. Outra medida que me parece importante para os sócios é renovar o cartão Benfica Mais. É uma medida importante, mas temos de aumentar o número de parcerias para o cartão, renová-lo e aumentar o número de parceiros regionais. Ouço em algumas casas que há muitos dos parceiros que não têm dimensão regional. Há que regionalizar ou criar outro tipo de parceiros para garantir que essas vantagens chegam aos sócios. Podemos ser mais ambiciosos em termos de crescimento do número de sócios. Tenho um projeto para chegarmos aos 550 mil sócios com incentivos para os sócios que angariam outros sócios, também dedicado às Casas. As Casas vão poder comparticipar também nas receitas angariadas por novo sócio. Relativamente às Casas, há um grande afastamento do clube às Casas. A aproximação não deve ser feita apenas diretor das Casas, mas por toda a direção do Benfica. O Benfica não é apenas um clube de Lisboa, é de todo o país. Tem de sair do Estádio da Luz e ouvir todos os sócios e adeptos. Proponho duas presidências abertas por ano, uma no Norte e outra no Sul, em que irei, juntamente com toda a direção, ouvir os sócios e os adeptos das Casas. Não vai só o diretor das Casas, vai o presidente, o vice-presidente financeiro, do futebol, do marketing, do associativismo, porque temos de ouvir mais o que dizem os sócios do Benfica fora de Lisboa. Tem a ver com outra medida que vou propor no meu programa, que é um Congresso das Casas. Desde 2015 que não há um Congresso das Casas propriamente dito. Como é que é possível estarmos tanto tempo sem ouvir as preocupações das Casas? Existe um trabalho extraordinário de benfiquismo feito pelas pessoas das Casas com grande sacrifício e esforço pessoal. A obrigação da direção do Benfica é envolver as casas e fazê-las participar no futuro do clube. Para isso vou trazer de volta o Congresso das Casas. Também vou trazer de volta o comboio do Benfica em associação com as Casas. Tem de ser uma fonte de receitas para as Casas do Norte. Não só podemos criar uma fonte de receitas, como um momento de grande benfiquismo. Tenho alguém comigo que sabe fazer esse projeto, portanto, vou trazer de volta o Comboio do Benfica. Depois, há outro ponto que me parece importante. As Casas devem ser autossustentáveis, mas o Benfica pode apoiar mais as Casas em algumas áreas e destaco duas. Uma é a área da tecnologia e da informática. Nas Casas há muitas pessoas sem esta formação e o Benfica pode ajudar as Casas a formar estas pessoas porque vai facilitar a comunicação do clube, a bilhética, o conhecimento dos sócios. O Benfica pode ter um papel importante nisto. Há também margem para conseguir alargar às Casas muitos dos contactos que temos de patrocinadores, quer desportivos, quer comerciais.
«Não podem ser os sócios individuais a pagar os erros da gestão de Rui Costa».
João Noronha Lopes

Bola na Rede: Quanto ao lado financeiro, como é que é possível fazer do Benfica um clube mais sustentável e sem tanta necessidade de vender jogadores todos os anos?
João Noronha Lopes: Pondo ordem nas contas. O que assistimos nas contas do Benfica é semelhante ao que acontece do ponto de vista desportivo. Esta direção é a direção do 1 em 4. Ganha um campeonato em quatro e apresenta um ano de resultados positivos em quatro. Isto não chega, é manifestamente pouco para aquilo que deve ser o Benfica. Quando olhamos para as contas, vemos que mesmo este ano de resultados positivos é feito à custa de eventos extraordinários, nomeadamente o Mundial de Clubes, que só é disputado de quatro em quatro anos. Também não apaga quatro anos de gestão má do ponto de vista financeiro. Vimos que os custos operacionais no mandato aumentam 47%, fornecimentos e serviços externos aumentam, resultado operacional sem transações de atletas é negativo em 15 milhões de euros por ano, o resultado líquido é de -28 milhões de euros, os capitais próprios diminuem e o passivo aumenta cerca de 25% e existe um desequilíbrio no fundo de maneio entre o que é o passivo e o ativo de curto prazo de 129 milhões de euros. A situação financeira não é boa neste mandato e é para este que temos de olhar. Há algo que podemos fazer em cortar custos, quer nos custos operacionais, quer nos fornecimentos e serviços externos que aumentaram brutalmente. Os custos de operação do estádio, por exemplo, triplicaram. A situação do Benfica resolve-se com capacidade de gestão e de fazer crescer receitas. Em primeiro lugar, temos de ter sucesso do ponto de vista desportivo porque as receitas da Champions League representam entre 30 a 40% das receitas. Podemos aumentar as receitas do dia de jogo. Temos a oportunidade de revitalizar a zona envolvente do Estádio da Luz e torná-la um centro de atração de benfiquistas e, com isso, criar uma fonte adicional de receitas. Do ponto de vista da bilhética, há potencial para aumentar a zona corporate e os camarotes, mas não os sócios individuais. Os sócios do Benfica não podem continuar a ter aumentos de 20% nos red passes. É insustentável. Há pouco tempo foi anunciado um pack para a Champions League com um aumento de 40%. Por isso é que propus um congelamento do preço dos red passes. Foi uma medida pensada e que não foi feita do nada. Se olharmos para o impacto aumento do preço dos red passes de 10%, tinha um impacto de menos de 1% nas receitas totais do Benfica. Se crescêssemos ainda mais os preços dos red passes, tornar-se-ia insuportável para muitos sócios, que não iam conseguir pagar. Há pessoas que me dizem que temos 20 mil pessoas em lista de espera dos red passes, por isso alguém há de conseguir pagar, mas o Benfica não é um clube de elite. O Benfica não pode ser um clube onde só os mais ricos podem pagar o preço dos red passes. O Benfica é um clube popular. Proponho congelar o preço dos red passes dos sócios individuais. Não podem ser os sócios individuais a pagar os erros da gestão de Rui Costa. E proponho ir buscar receitas alternativas, quer na zona corporate, como nas receitas internacionais. Dou três exemplos de crescimento das receitas internacionais. O primeiro é criar a Benfica Media House na BTV. Um centro de excelência para desenvolver conteúdos em parceria com plataformas de streaming. É uma fonte de receitas adicionais. Segundo, tenho um acordo alinhavado para transformar o merchandising do Benfica num merchandising global, com uma empresa que trabalha com os melhores clubes da Europa e com as melhores ligas dos EUA e da Europa. Em terceiro lugar, uma muito maior dinamização das redes sociais do clube. O Benfica, para ser um clube internacional, tem de dinamizar muito mais as redes sociais do que tem feito até agora. É no crescimento das receitas que está o futuro do Benfica. Está no sucesso desportivo, na capacidade de crescer receitas e na capacidade, a curto prazo, de equilibrar o que gastamos e devemos sem transações de jogadores, as chamadas receitas e despesas extraordinárias. Estas são todos os anos de -15 milhões de euros. Primeiro é preciso arrumar a casa. Se não arrumamos estas despesas, vamos ter cada vez de vender mais jogadores e de vender jogadores mais cedos. O Benfica vai sempre ter de vender jogadores, mas com uma gestão adequada e com pessoas com capacidade para equilibrar as contas do clube, pode vender cada vez mais tarde. É isto que vamos ter de fazer, transformando uma situação que é em média de -15 milhões de euros numa situação positiva que pode ser de 30 milhões de euros. A partir daí teremos maior capacidade para pagar a dívida e de reter jogadores mais tempo no clube.
Bola na Rede: Neste processo de estabilização das contas do clube, quão central deve ser a transparência?
João Noronha Lopes: A transparência deve ser fundamental. Uma das medidas essenciais do meu programa é o portal da transparência. Por um lado, terá toda a informação financeira do clube, orçamentos, relatórios de contas, de uma maneira fácil de perceber para os sócios e por ouro lado terá todas as comissões de intermediação de uma venda de jogadores de forma totalmente transparente para que os sócios as vejam na hora. Em terceiro lugar, terá um calendário de execução do meu programa eleitoral. Os sócios poderão ver aquilo que eu cumpri e o que estou a cumprir para que, ao fim de quatro anos, possam fazer a sua avaliação.
«Não me conseguem pressionar, não tenho de pagar dívidas a ninguém, não faço parte de grupos, não tenho ligações a empresários. Isso permite-me colocar o Benfica em cima de tudo».
João Noronha Lopes

Bola na Rede: Quais as principais diferenças das eleições do dia 25 de outubro face às que participou em 2020?
João Noronha Lopes: A principal diferença é ter tido tempo para preparar uma equipa. Estou há muito tempo a estudar o Benfica, tive a oportunidade de me reunir com pessoas da Premier League, da FIFA e da NBA. Estive há pouco tempo em Miami e tive a possibilidade de me reunir com os Miami Heat para ver o que é um centro de excelência de desenvolvimento de conteúdos. Tenho falado com muita gente do futebol, também muita gente vem falar comigo de outros clubes e pessoas que estão no Benfica. Com isto, constituí uma equipa que está a trabalhar em conjunto há quase um ano do ponto de vista financeiro, desportivo, de crescimento da marca, digital e do associativismo. Garanto aos benfiquistas que, no dia 26 de outubro, todas estas pessoas vão saber exatamente o que têm de fazer para transformar o Benfica. Tão importante como ter boas pessoas, é garantir que estas pessoas sabem aquilo que eu quero, para onde é que nós vamos e como é que lá chegamos, e que elas saibam trabalhar entre elas. Vamos ter uma verdadeira equipa e não um conjunto de pessoas que não se conhecem e com agendas próprias.
Bola na Rede: Já vimos comunicados institucionais do Benfica contra palavras e propostas suas. Sente que é o principal alvo a abater por parte de quem quer continuar no clube?
João Noronha Lopes: Eu sou um homem independente. Cresci na vida a pulso e não precisei de favores de ninguém nem de cunhas. Nunca fui empurrado por ninguém. Ofereço aos benfiquistas a minha independência. Não me conseguem pressionar, não tenho de pagar dívidas a ninguém, não faço parte de grupos, não tenho ligações a empresários. Isso permite-me colocar o Benfica em cima de tudo. Foi com esta liberdade que consegui reunir a minha equipa, que desenvolvi o meu projeto e é este projeto de mudança que proponho aos benfiquistas. É uma mudança com confiança. Ninguém está aqui a cair de paraquedas. Já fui vice-presidente de Manuel Vilarinho numa altura difícil do Benfica. Estudei a fundo o clube, tenho pessoas comigo que estudaram a fundo o clube. Os benfiquistas podem estar tranquilos que é agora que temos de fazer esta mudança, mas vai ser uma mudança feita com muita confiança, muita competência e muito benfiquismo. Já tenho ouvido muitas vezes a ideia de que João Noronha Lopes vem de fora e não está habituada aos jogos de bastidores e ao futebol. Eu respondo desta maneira: os Homens do futebol Luís Filipe Vieira e Rui Costa trouxeram, nos últimos oito anos, dois títulos de campeão e uma Taça de Portugal. Se são estes os Homens do futebol que trazem títulos para o Benfica, então é muito pouco. O Benfica precisa de outros Homens do futebol, que tenham visão para o futuro, de uma equipa nova e de alguém que saiba defender o clube e seja independente. Entre Luís Filipe Vieira, Rui Costa e João Noronha Lopes há uma diferença. Luís Filipe Vieira e Rui Costa trabalharam em conjunto e escolheram as mesmas pessoas e as mesmas políticas. Ambos apoiaram Pedro Proença. O único dos três que nunca apoiou Pedro Proença fui eu. Garanto aos benfiquistas: comigo, o Benfica vai ser respeitado. Vai ser respeitado nos direitos televisivos. Não vamos andar a reboque de ninguém. Se tiver de estar sozinho a defender os interesses do Benfica, assim estarei. Vai ser respeitado quando não se respeitar o Benfica. O que se passou na última Taça de Portugal é uma vergonha. Até hoje, ainda não ouvi o presidente da FPF Pedro Proença a pedir desculpas aos benfiquistas sobre o que se passou. A única coisa que aconteceu foi o Benfica ser multado em 800 euros por, e cito, «ofensa à honra e à integridade da equipa de arbitragem». E a ofensa à honra e integridade do Belotti que foi espezinhado? E a ofensa à honra e dignidade do Benfica enquanto clube? Não é assim que se defende o Benfica e comigo vai ser diferente. O Benfica vai ser defendido a tempo e horas, na altura certa, e o presidente João Noronha Lopes vai dar a cara as vezes que for preciso para defender o Benfica. O Benfica vai voltar a ter voz.
Bola na Rede: Com que expectativas parte para o dia 25 de outubro?
João Noronha Lopes: Ganhar as eleições e ser eleito presidente.
«Temos uma ocasião histórica para mudar o que têm sido os últimos 20 anos do Benfica».
João Noronha Lopes

Bola na Rede: O que é que mais de uma mão cheia de candidatos quer dizer sobre o Benfica?
João Noronha Lopes: Quer dizer que o Benfica é um clube democrático. É um sinal de vitalidade do clube. Sinto que há um grande desejo de mudança dos benfiquistas e a pessoa que está mais capacitada para fazer essa mudança sou eu. Temos uma ocasião histórica para mudar o que têm sido os últimos 20 anos do Benfica. Já chega das mesmas pessoas e quem vai fazer a mudança sou eu e a minha equipa. Assistimos nos últimos tempos a um desaparecimento do Rui Costa. O Benfica perdeu quatro finais nas últimas semanas e ninguém viu o presidente. Luís Filipe Vieira passa o tempo nas televisões. João Noronha Lopes passa o tempo com os sócios, de Norte a Sul do país, a ouvir aquilo que eles dizem e a discutir com eles. Há sócios com quem eu falo que estão de acordo comigo, outros que não estão, mas eu estou no terreno. Estive em Évora, Reguengos e Vendas Novas no fim de semana passado, vou à Beira Baixa na próxima semana e estarei em Castelo Branco, no Fundão e na Covilhã, perto dos sócios e sem receio de ouvir e dar a cara, para responder a todas as dúvidas e perguntas. O Benfica não é um clube de Lisboa, tem de ir ouvir os sócios e é isso que vou continuar a fazer.
Bola na Rede: No seu lançamento da candidatura, refere por diversas vezes a necessidade de «honrar os ases do passado». Sente que este trabalho tem sido bem-feito? Pergunto também quem são os ases do presente e como é que é possível construir os ases do futuro?
João Noronha Lopes: Uma das coisas que me preocupa no Benfica é a perda de identidade. Faz-se com cultura de vitória e com os nossos símbolos. Já contei esta história uma vez, ela foi contada pelo Valdo. Uma vez ele estava com os jogadores do Benfica e nenhum o conhecia, inclusivamente internacionais brasileiros. Só houve um jogador que o conheceu: o João Neves. É exatamente esta identidade e conhecimento do Benfica que quero trazer de volta. Faz-se com a presença de pessoas como o Nuno Gomes e o Vítor Paneira, que transportam consigo essa mística e que a podem passar, bem como a cultura de vitória, para os jogadores. É fundamental que os jogadores da formação e o que vêm de fora conheçam a história do Benfica, as suas grandes figuras e aquilo que nos fez grandes. É essa identidade que nos dá uma energia extra para jogar à Benfica e ganhar mais jogos.
«Imagino um Benfica que ganhe mais do que os dois adversários diretos em conjunto em Portugal».
João Noronha Lopes
Bola na Rede: Onde é que imagina o Benfica daqui a quatro anos?
João Noronha Lopes: Imagino um Benfica dominador em Portugal e a chegar muito mais longe na Europa.
Bola na Rede: São esses os principais objetivos neste processo?
João Noronha Lopes: Imagino um Benfica que ganhe mais do que os dois adversários diretos em conjunto em Portugal, que chegue no mínimo aos quartos de final da Liga dos Campeões, que continue a ser um clube eclético em que as modalidades voltam a ganhar trazendo mais transparência e competência. Que seja um clube que respeite os sócios e esteja mais próximo deles em todas as ocasiões e que seja um clube respeitado e bem defendido em Portugal, quer perante os nossos adversários, quer perante as instâncias do futebol português. Comigo o Benfica vai voltar a ter voz. O Benfica tem de estar também mais presente nos fóruns internacionais. O Benfica não pode fazer parte da Associação de Futebol de Clubes e não estar presente em muitas reuniões. O futuro do futebol europeu vai-se jogar nos próximos quatro anos e o Benfica tem de ter um presidente que lá esteja, que represente o Benfica, que esteja presente nas grandes discussões sobre o modelo de competições, as transferências e as perspetivas de receitas comerciais. Isso consegue-se com pessoas que tenham experiência e que tenham a capacidade de ter essas discussões com os grandes do futebol europeu. O Benfica é um grande do futebol europeu e vai estar lá a ter estas discussões. Não vou delegar isto a ninguém.
Consulta as entrevistas realizadas pelo Bola na Rede aos candidatos à presidência do Benfica: