«O Benfica quer sempre ganhar tudo, seja um joguinho de tabuleiro ou a Champions League» – Entrevista Bola na Rede a Andreia Norton

Em 2016, a jovem Andreia Norton marcava o golo que levava Portugal ao seu primeiro Europeu Feminino da história. Desde então, as Navegadoras tornaram-se presença habitual nos certames que juntam as melhores seleções do mundo e da Europa, com a média portuguesa no núcleo duro de Francisco Neto. Quase 10 anos depois do golo que tornou o feito inédito, Andreia Norton é uma das porta-estandartes da comitiva portuguesa que sonha em fazer história e, pela primeira vez, superar a fase de grupos de uma fase final. Ao Bola na Rede, a jogadora debruça-se na seleção, no Benfica e na individualidade e complementaridade que fazem o grupo especial.

«Poder estar noutro Europeu a representar o meu país com as minhas colegas é um sentimento muito bom de orgulho e privilégio».

Andreia Norton

Bola na Rede: Andreia Norton, quais as expectativas que têm para esta competição, numa altura em que já é habitual ver Portugal nestas andanças?

Andreia Norton: O grupo está tranquilo. Temos estado a trabalhar bem e estamos focadas no nosso objetivo. Tem estado muito tranquilo, ainda em fase de preparação.

Bola na Rede: Qual a principal diferença deste estágio na seleção para com o trabalho diário nos clubes?

Andreia Norton: É diferente. Ali representamos um clube, o que não quer dizer que tenha menos importância, mas aqui estamos a representar um país. Estamos na seleção que é onde todas anseiam por chegar. As rotinas são completamente diferentes. No clube vamos a casa, voltamos e fazemos o nosso trabalho. Na seleção é um estágio em que estamos sempre juntas e ficamos por aqui. Convivemos juntas, jantamos e almoçamos juntas. São diferenças logísticas que o tornam diferente do clube. É especial representar o nosso país.

Bola na Rede: Tanto tempo juntas ajuda a criar sentimentos de união no grupo e de identificação com as colegas?

Andreia Norton: Sem dúvida. Vamos conhecendo melhor outras colegas com quem durante o ano não estamos tanto tempo juntas porque cada uma está na rotina dos clubes. O facto de estarmos juntas ajuda-nos a criar laços com todas. Com umas mais, com outras menos, mas sempre com o sentimento de união e de família. Isso é muito importante e ajuda bastante dentro de campo.

Bola na Rede: Já estás há muito tempo na seleção e fazes parte do núcleo duro de Portugal. Quais as principais diferenças que vês das primeiras equipas em que jogaste para com a seleção atual?

Andreia Norton: Mudou muita coisa, principalmente as jogadoras. Sei que os primeiros passos aqui são diferentes. É tudo diferente e a sensação ao chegar é “Uau, estou na seleção e vou conhecer esta jogadora”. No meu tempo conheci algumas jogadoras mais antigas, algumas que já nem jogam futebol. Agora não deixa de ser o sentimento de representar a seleção. Apesar de já cá estar há algum tempo é sempre “Uau, que incrível”. Poder estar noutro Europeu a representar o meu país com as minhas colegas é um sentimento muito bom de orgulho e privilégio.

«Tenho uma capacidade de transporte boa e um físico bom e que me ajuda muito em campo, especialmente contra as equipas mais físicas».

Andreia Norton
Alexia Putellas Andreia Norton Portugal Espanha
Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

Bola na Rede: Dentro de campo o que mudou, numa altura em que Portugal parece ganhar mais gosto por ter a bola e assumir o protagonismo?

Andreia Norton: É isso. Acho que a aposta dos clubes na formação ajudou muito. As jogadoras têm outra formação, fazem outro tipo de trabalho e os clubes trabalham muito melhor os pormenores. Crescemos como jogadoras e conseguimos ter outra performance em campo.

Bola na Rede: És uma jogadora com um perfil muito singular em Portugal, capaz de conciliar a técnica no drible com o físico no transporte e proteção da bola. Onde mais sentes que o teu jogo se diferencia?

Andreia Norton: Tenho de ser mais modesta agora, não é? [risos] Tenho uma capacidade de transporte boa e um físico bom e que me ajuda muito em campo, especialmente contra as equipas mais físicas. Somos todas diferentes e consigo, para alguns jogos e para a estratégia do professor, ser bastante útil e ajudar Portugal da melhor forma.

Bola na Rede: A conjugação de jogadoras com diferentes mais-valias é o segredo para a construção de uma equipa?

Andreia Norton: Acho que sim. Somos todas diferentes, mesmo dentro das mesmas características. Umas são mais defensivas, outras mais ofensivas, umas mais físicas, outras mais técnicas e é isso que faz a equipa. Se calhar para uma posição e para um jogo precisamos mais de uma jogadora e para outro jogo precisamos de outras características. Isso é importante e temos aqui jogadoras diferentes, o que faz o grupo mais forte.

Bola na Rede: Jogas tanto no corredor central como a partir de um dos corredores laterais. O que diferencia este posicionamento no teu jogo e onde te sentes mais confortável a jogar?

Andreia Norton: Jogo mais lateralizada no Benfica, com mais mobilidade e onde posso abrir mais fora, também pelo sistema. Aqui, ultimamente, tenho jogado mais no meio. Para mim é tranquilo. Às vezes venho com o chipzito para abrir mais fora e quando jogamos em 4-4-2 dá-me essa oportunidade enquanto 8. É um bocadinho indiferente, nós queremos é estar lá dentro e dar o nosso melhor para ajudar a equipa da melhor forma. É isso que me faz feliz.

«Não deixa de ser uma época positiva e uma época boa, mas a ideia da próxima época é ser melhor».

Andreia Norton
Andreia Norton Benfica
Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

Bola na Rede: Falando no Benfica, qual o balanço que fazem de uma época coroada com o pentacampeonato.

Andreia Norton: Acho que foi boa, mas não tão boa como a anterior. Fomos pentacampeãs, ganhámos a Taça da Liga. Fazendo o balanço foi uma época boa, mas temos de preparar a próxima para ser ainda melhor.

Bola na Rede: A hesitação quando avaliaste a época é uma prova da grandeza que ambicionam atingir no clube?

Andreia Norton: Sim. O Benfica quer sempre ganhar tudo, seja um joguinho de tabuleiro ou a Champions League. Queremos sempre ganhar tudo o que podemos. Este ano faltou-nos isso a nível nacional e fomos eliminadas no início da Champions. Vem daí a hesitação. Como estou num clube habituado a ganhar e que quer sempre mais, surgiu a hesitação. Não deixa de ser uma época positiva e uma época boa, mas a ideia da próxima época é ser melhor.

Bola na Rede: Para terminar voltando à seleção, quais os objetivos que têm para o Europeu e o que esperam desta competição?

Andreia Norton: Temos o objetivo de fazer o máximo de pontos possíveis e ganhar, mas sempre com a cabeça a pensar jogo a jogo.

Diogo Ribeiro
Diogo Ribeirohttp://www.bolanarede.pt
O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação, está a terminar o mestrado em Jornalismo e tem o coração doutorado pelo futebol. Acredita que nem tudo gira à volta do futebol, mas que o mundo fica muito mais bonito quando a bola começa a girar.

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