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A glória da adversidade

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Poucos são os clubes que dão voz aos atletas. No Instituto Superior Técnico, este é um dos princípios fulcrais que tem contribuído para o bom funcionamento e para os grandes resultados da equipa federada de futsal feminino. Fundada por jogadoras para servir jogadoras, bem como para aumentar a qualidade da equipa universitária – sem ligação a um clube, sem dirigentes, sem pressão externa mas com muito compromisso –, apela ao desporto como um escape e um local onde as jogadoras podem fazer o que mais gostam: jogar futsal.

Valores distintos, a mesma responsabilidade

Domingo. 9h da manhã. Os sacos das compras começam a ser abertos. Pão, carne, salsichas, batatas fritas ou chocolates são alguns dos alimentos retirados para preparar o dia. Os sumos guardam-se no frigorífico, enquanto as máquinas de cerveja são testadas. Há ainda quem carregue as grades para delinear a zona do bar ou até os bancos de madeira que servirão para dividir os campos. O dress code é simples e pouco exigente: t’shirt, calções e ténis. Equipas à parte, inicia-se o convívio que durará até ao final da tarde. Está tudo pronto para mais um torneio de futsal no Instituto Superior Técnico. Num dia que, geralmente, é aproveitado para recarregar energias, para ter aquele almoço com a família ou até para fazer as limpezas da casa, as jogadoras de futsal feminino do IST abdicam desses momentos em prol da equipa.

Enquanto as demais equipas federadas possuem diversos apoios fornecidos pelo clube em que se inserem, o IST apresenta-se como uma equipa autossustentável em que a organização de torneios é apenas um dos meios utilizados pelas jogadoras para angariar fundos que consigam colmatar as suas despesas (desde pavilhão a policiamento) e que, desde há cerca de cinco épocas, parecem resultar. Reconhecida como uma grande formação no futsal feminino de Lisboa, a manutenção e sobrevivência desta equipa dependem, em grande parte, das jogadoras que a compõem. “A grande diferença é que esta equipa não faz parte de um clube. Ou seja, a equipa existe para servir quem faz parte desta e quem trabalha para a manter, num dado momento. (…) A nossa equipa não tem o apoio financeiro nem logístico que as outras equipas têm. Contudo, por outro lado, temos a vantagem de não termos de nos reger por objectivos e interesses externos a nós.”, explica Ana Colaço, uma das fundadoras da equipa federada do Técnico. Bruno Fernandes, treinador de futsal feminino do Técnico desde 2008/2009, acompanhou todo o processo de evolução da equipa ao longo dos anos e considera que, apesar da diferença na forma de organização interna comparativamente com outros clubes, o grupo teve um crescimento bastante positivo. “Penso que, ao longo dos anos, [a equipa] tem vindo a evoluir, praticando todos os anos um futsal mais competente que no ano anterior, mais experiente, com melhores tomadas de decisão e consequentemente, com melhores resultados dentro de campo.”

O treinador Bruno Fernandes viu-se obrigado a deixar a carreira de jogador, investindo na sua formação como treinador Fonte: Facebook do futsal feminino do AEISTécnico
O treinador Bruno Fernandes viu-se obrigado a deixar a carreira de jogador, investindo na sua formação como treinador
Fonte: Facebook do futsal feminino do AEISTécnico

O sucesso também traz dificuldades

E contra factos não há argumentos: a inclusão desta vertente federada fez crescer a equipa tanto na sua forma de jogar como nos resultados obtidos. Em 2011/2012, tornaram-se campeãs distritais universitárias e, a nível federado, já conseguiram duas subidas de divisão, alcançando a Divisão de Honra de Lisboa onde se encontram na disputa dos primeiros lugares. “Temos tido resultados melhores. Mesmo nos nacionais (universitários), nota-se alguma evolução e nota-se mais consistência na forma como jogamos. Antes éramos uma equipa que ficava mais atrás e agora somos uma equipa que toma iniciativa. É uma forma diferente de jogar, reflexo da evolução que tivemos no federado e da confiança que ganhámos.”, afirma a capitã de equipa, Irina.

Devido à evolução e à onda de resultados bastante positivos da equipa nas competições em que se insere, a formação azul e branca tornou-se atractiva para várias jogadoras da zona de Lisboa e arredores. A entrada de jogadoras com uma escola diferente daquela que é ensinada no Técnico é uma das preocupações de Ana Colaço, apresentando-se até como a maior dificuldade sentida com a evolução do projecto. “Com a entrada na equipa de várias pessoas que fizeram parte de outras equipas federadas, por vezes fica difícil manter a inocência da equipa (…) Eu diria que a maior dificuldade tem sido manter a equipa impermeável a ambições e/ou crenças pessoais, ou seja, mantermo-nos fiéis ao projecto. O que a equipa tem de bom, acaba por também ser uma fraqueza. Devido ao facto de sermos uma equipa sem núcleo dirigente, pelo menos até este ano, é difícil estabelecer prioridades e transmitir os ideais e princípios da equipa de geração em geração. Sem um núcleo deste tipo, é complicado para pessoas que não estiveram incluídas no processo inicial compreenderem como a equipa funciona, e o porquê desta funcionar assim.”

Com maior ou menor dificuldade, a verdade é que as jogadoras que fazem parte da equipa acabam por conseguir perceber o grande âmbito e todos os valores inerentes à mesma. Com base no espírito universitário, tentam manter a união dentro da equipa e evitam confusões de balneário. Para além disso, uma postura de muito fair-play é também um ingrediente indispensável quando tentam ensinar e transmitir estes ideais às pessoas que entram. Rita Filipe, número 11, não tem dúvidas quanto à unicidade da equipa: “Eu acho que temos uma coisa que eu não sei se haverá em outras equipas. Nós dedicamo-nos mesmo a este projecto. Gostamos mesmo da equipa e há um compromisso com a equipa.”

A coesão da equipa é considerada fundamental para o sucesso da mesma Fonte: Facebook do futsal feminino do AEISTécnico
A coesão da equipa é considerada fundamental para o seu sucesso
Fonte: Facebook do futsal feminino do AEISTécnico

Apesar da existência destes valores que se sobrepõem aos resultados, Bruno tem os objectivos bem definidos no que diz respeito à sua equipa. “A curto/médio prazo pretendo consolidar a equipa do AEISTécnico como uma potência a nível nacional, sendo para isso essencial a subida de divisão ao recém-criado campeonato nacional. Em adição, pretendo mostrar a imagem de um exemplo a seguir a nível universitário e de como conciliar os campeonatos universitário e federado, sendo sempre capaz de lutar em todas as frentes pelos títulos em disputa.”

Cartas lançadas, a época já se encontra a meio e a equipa de futsal feminino do Técnico situa-se confortavelmente no quarto lugar da tabela classificativa na vertente federada e em primeiro lugar do campeonato universitário de Lisboa. Distinguindo-se dos clubes devido à sua autonomia, este parece não ser um entrave ao seu sucesso; muito pelo contrário. Com passos pequenos mas consistentes, vão atingindo patamares elevados, conseguindo aumentar a qualidade das jogadoras que fazem parte do plantel. Ainda assim, mais do que resultados, esta equipa tem em conta a sua longevidade, utilizando o federado como muleta para o desenvolvimento universitário.

De estudantes a trabalhadoras, lutam todas pela mesma causa – levar o nome do Instituto Superior Técnico aos vários cantos do país, sem esquecer as suas origens e aquilo que as une.

Rita Latas
Rita Latashttp://www.bolanarede.pt
Atualmente a trabalhar na Sport TV, Rita Latas está no mundo do jornalismo desportivo há sete anos. O futebol foi a modalidade que a levou a ingressar na área, depois de 13 anos como jogadora federada

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