Estamos praticamente a meio do Euro 2024 e os jogos disputados até ao momento já proporcionaram todo o tipo de emoções. Desde golos decisivos nos descontos a decisões discutíveis (mesmo com VAR), passando por um número absurdo de autogolos, a competição em território germânico tem vindo a juntar motivos para ficar na memória dos espetadores.
Com a fase de grupos concluída, deitamos um olhar a cinco equipas que não encheram as medidas e que vão, tal como a maioria de nós, assistir ao resto do torneio através de um ecrã.
5.
Escócia – Ainda não foi desta que a seleção escocesa passou à fase a eliminar de um Euro. Na sua quarta participação (depois de 1992, 1996 e 2021), coube aos britânicos a difícil tarefa de defrontar a anfitriã no jogo de abertura. Uma pesada derrota em Munique não era um bom augúrio para o Tartan Army, mas o empate frente aos helvéticos na segunda jornada, com notas bem mais positivas, acalentou esperanças.
O último jogo do grupo era teoricamente o mais acessível. Com as duas equipas a precisarem de pontos para seguir em frente, registou-se uma apatia um tanto ou quanto inesperada, principalmente nos minutos finais e com a eliminação à vista. Na sequência de um pontapé de canto no último minuto, em que Gunn não subiu à área adversária, um contra-ataque veloz resultou no golo de Csoboth, que reservou o voo de regresso dos escoceses. A eliminação não foi necessariamente uma surpresa, mas não deixa de desiludir por alguma falta de ousadia na última partida, tendo em conta que uma vitória praticamente garantia o apuramento como um dos melhores terceiros classificados.
4.
Chéquia – Não tendo nomes tão sonantes no plantel como acontecia há duas ou três décadas, esperava-se ainda assim mais da seleção checa. No jogo contra Portugal, uma abordagem claramente conservadora permitiu manter a baliza inviolada durante grande parte do jogo, com o desfecho final a justificar-se pela escassez de oportunidades criadas e pela persistência da equipa das quinas.
No jogo em que tinham o favoritismo, uma excelente exibição do guarda-redes georgiano Mamardashvili não permitiu mais do que um empate e obrigava a uma vitória frente aos turcos para alcançar a fase seguinte. A expulsão de Antonín Barák logo aos 20 minutos dificultou muito essa tarefa, e o golo do capitão Souček acabou por não ser suficiente. Ivan Hašek ressalvou o espírito combativo dos seus jogadores e assumiu que as adversidades do último encontro e o empate frente à Geórgia foram determinantes para esta eliminação prematura.
3.
Sérvia – Num grupo em que a Eslovénia era geralmente vista como o underdog, foi a Sérvia que acabou por ficar na última posição e dizer adeus ao Euro 2024. Uma derrota tangencial frente à Inglaterra não deitava abaixo as ambições sérvias e as dificuldades criadas aos claros favoritos do grupo faziam antever resultados mais positivos nas jornadas seguintes.
Uma entrada surpreendente da Eslovénia no segundo jogo fez com que fosse necessária uma enorme resiliência por parte dos sérvios para resgatar um ponto, já em tempo de descontos, com um golo de Jovic (que viria mesmo a ser o único da Sérvia na competição). À entrada para a partida frente à Dinamarca só a vitória interessava, mas nem por isso o caudal ofensivo dos comandados de Dragan Stojković foi significativamente maior. Os dois nulos registados na terceira jornada do grupo D ditaram então a eliminação da Sérvia, na sua primeira participação num Europeu após a separação de Montenegro.
2.
Ucrânia – O atual contexto geopolítico da Ucrânia não facilitou em nada a preparação para um grande torneio. Ainda assim, e com a contribuição de vários jogadores de qualidade espalhados pelos campeonatos europeus, a formação da Europa de Leste conseguiu os mesmos pontos que a Itália no grupo de qualificação, conseguindo depois o apuramento através do playoff.
A entrada no Euro 2024 não poderia ter sido pior, com os 66% de posse de bola a traduzirem-se em pouca ou nenhuma ameaça para a baliza romena e uma derrota por 3-0 que abalava um pouco as convicções ucranianas. A vitória frente à Eslováquia repunha alguma tranquilidade, mas o jogo em falta era contra o adversário teoricamente mais difícil, e com as decisões do grupo completamente em aberto.
Numa última jornada atípica, dois empates (em jogos relativamente aborrecidos) resultaram numa tabela final com quatro pontos para cada uma das equipas. A derrota pesada da primeira jornada determinou o destino dos ucranianos, que assim falharam o objetivo de alcançar a fase a eliminar, depois de o terem conseguido pela primeira vez em 2021.
1.
Croácia – Depois de dois pódios consecutivos em Mundiais, era de esperar que a Croácia se assumisse definitivamente como uma das potências do futebol europeu e chegasse longe nesta edição do Euro 2024. Se é verdade que o grupo era muito exigente, exigia-se, no entanto, mais do que um empate contra a Albânia, uma seleção bem mais inexperiente.
Na última jornada, os croatas estiveram com um pé nos oitavos de final depois de se colocarem em vantagem com um golo do capitão Luka Modrić. No entanto, a iniciativa de jogo foi entregue à squadra azurra nos últimos 20 minutos e, apesar da aparente solidez defensiva da equipa de Zlatko Dalić, Ricardo Calafiori conseguiu arrancar pelo centro do terreno e assistir Mattia Zaccagni. O extremo da Lazio colocou a bola com classe e pôs um ponto final numa era do futebol croata. Modrić, eleito homem do jogo, trocaria de bom grado essa distinção pelo apuramento, naquele que foi provavelmente o seu último grande torneio internacional.
