Após 10 jornadas, eis que terminou a fase de grupos de apuramento para o Euro 2024, a disputar em solo germânico. Portugal fez uma campanha brilhante ao comando de Roberto Martínez, mas há muitos outros momentos e equipas a realçar.

GRUPO A

Espanha e Escócia – La Fuente levou a sua avante e conquistou o grupo, com irrepreensíveis seis vitórias a esconder a lição de Hampden Park, resultado da noite gloriosa de McTominay. O treinador de 62 anos soube retirar o melhor duma geração que se pensa de transição para outra que iguale a da década passada, atiçando o melhor da Fúria, com 23 golos em nove jogos ao seu comando.

Já Steve Clarke consegue presenças consecutivas na competição continental, autografando os livros mais sagrados do futebol escocês – a Escócia só tinha conseguido a proeza na sequência 1992-96, com treinadores diferentes. Trabalhão do ex-habitué da Premier, que pode esfregar na cara de quem se atrever a atribuir as suas façanhas aos acasos da sorte com o primeiro lugar no seu grupo da Liga das Nações – o que significaria que haveria sempre a confortável cama do Play-off, em caso de se falhar a qualificação directa para o Euro 2024.

GRUPO B

França e Países Baixos; Grécia no Play-Off – Os franceses continuam a viver período dourado com Deschamps que, com toda a razão, prefere a eficácia à beleza do futebol: os gauleses passearam, garantiram passagem à sexta jornada com pleno de vitórias e quebraram o recorde de goleadas na qualificação europeia à sétima, estipulado pelos 13-0 da Alemanha a San Marino, em 2006. Em 2023, os franceses davam sete a Gibraltar ao intervalo. Os 14-0 finais, pelo capricho do recorde e obra do discurso motivacional ao intervalo, atestam bem a fome de títulos dos franceses que seguem assim como principais favoritos à conquista final.

Quanto aos Países Baixos de Koeman, objectivo cumprido. Sem grandes brilhantismos, mas competência suficiente, como mostram bem as cinco vitórias em sete jogos – as únicas derrotas foram naturalmente com a trituradora bleu. A Laranja Mecânica tinha que ganhar em Atenas, no jogo do tudo ou nada, e ganhou (por 1-0); tinha que bater a Irlanda em casa e bateu, pela mesma margem – a completa antítese da sua tradição, mas de acordo com o perfil de Koeman, sempre realista na forma como cumpre objectivos.

Os Gregos, apesar da melhoria competitiva e das mostras de que há excitante geração a despontar, ainda terão jogos a sério em Março.

GRUPO C

Inglaterra e Itália; Ucrânia no Play-Off – Southgate continua ciente da disparatada qualidade ao dispôr e levou a sua avante num grupo com os campeões em título – os mesmos que pescaram o troféu anterior no seu Wembley – em ritmo de passeio, com seis vitórias nos primeiros sete jogos. A Itália, que apesar do sucesso continental já falha dois Mundiais consecutivos, deixou tudo para a última ronda para um épico embate contra a Ucrânia, por estar tudo empatado entre eles: quatro vitórias, um empate, duas derrotas, treze pontos. No jogo de Leverkusen, casa emprestada da Ucrânia, um empate sem golos carimbou a presença no Euro 2024 e a possível defesa do título pela Squadra Azurra.

GRUPO D

Turquia e Croácia; País de Gales no Play-Off – Depois dum traumático Euro 2020 com três derrotas na fase de grupos, a Turquia ressurge nesta qualificação, lavando a cara para impôr a sua vontade sobre selecções experimentadas como a Croácia ou País de Gales, que ficam a decidir tudo na última ronda.  Os turcos estão bem e recomendam-se, como demonstraram pelo 3-2 em Berlim frente à Alemanha de Nagelsmann.

GRUPO E

Albânia e Chéquia; Polónia no Play-Off – Não é inédito, mas é digno de loas: ‘Professor’ Sylvinho, que falhou experiências como treinador principal em Lyon e no Corinthians, leva a Albânia ao Euro com um primeiríssimo lugar no grupo. Chegado a Tirana em 2022 (mais o seu adjunto Pablo Zabaleta), fez pela vida e empregou a equipa dum incansável espírito de luta e sacrifício. Quatro vitórias e dois empates deram-lhe o apuramento – a única derrota foi… na primeira jornada! – e empurraram a favorita Chéquia para o decisivo embate frente à Moldávia na última ronda. A Chéquia venceu por 3-0 e garantiu a presença na Alemanha.

GRUPO F

Bélgica e Áustria – Ambas com seis vitórias em oito jogos, Áustria e Bélgica impuseram-se com naturalidade num grupo onde só uma Suécia em reconstrução poderia esboçar resistência. Os escandinavos têm Gyokeres como craque mais disparado, mas falta a qualidade de outros tempos no onze, ainda que nele possam figurar Isak, Forsberg, Kulusevski ou Cajuste. Três derrotas nas primeiras cinco jornadas criaram logo fosse intransponível para a dianteira do grupo e as mesmas três derrotas em quatro confrontos com os adversários directos demonstram a actual diferença competitiva – o melhor que os suecos conseguiram contra Áustria ou Bélgica foi o malogrado empate em Bruxelas, interrompido pela força da tragédia.

GRUPO G

Hungria e Sérvia – A magia e competência Magyar – sem nenhuma derrota em oito jogos! – e a cómica estreia da Sérvia, cómica por selecção com tanto armamento técnico ao dispôr e três Mundiais no currículo, só agora conseguir vaga no Euro 2024: e mesmo assim só o conseguiram com recurso a esforçado empate caseiro frente a uma Bulgária… última do grupo, com quatro pontos.

GRUPO H

Dinamarca e Eslovénia; Cazaquistão e Finlândia no Play-Off – A Dinamarca só confirmou o favoritismo na penúltima ronda, quando subiu ao relvado para defrontar a Eslovénia em igualdade pontual.  Quem ganhasse entrava directo, o perdedor seria obrigado ao play-off de apuramento para o Euro: Maehle e Delaney, nomes da praxe nas principais ocorrências nórdicas, fizeram o 2-1 e carimbaram a 10.ª participação dos dinamarqueses.

Ao perder, os eslovenos encabeçados por Jan Oblak depararam-se com a impetuosidade cazaque, que lutavam desesperadamente pela primeira participação de sempre. A Eslovénia acabou por vencer por 2-1 e garantiu o regresso a um Europeu, 24 anos depois.

A Finlândia de Pukki, Pohjanpalo e Kamara mostrou bons apontamentos e foi recompensada pela presença no play-off, conseguida à custa do segundo lugar no seu grupo da Liga das Nações.

GRUPO I

Roménia e Suíça; Israel no Play-off – Os dois países viram-se embrulhados até à penúltima ronda: os amarelos dos Cárpatos não podiam perder com Israel, o que ajudaria a Suíça, que nesse caso até podia empatar com o Kosovo. Aconteceu. Ainda que a desilusão não tenha sido completa para israelitas, que conservaram hipóteses com a ida ao play-off – empurraram foi a menina bonita Noruega para fora de tudo, que os nórdicos confiavam no seu apuramento direto para ainda terem míseras hipóteses de repescagem em Março.

GRUPO J

Portugal e Eslováquia; Luxemburgo e Bósnia no Play-Off – Apuramento em grande estilo dos eslovacos, com uma categórica remontada a fazer 4-2 sobre os islandeses: é a terceira vez consecutiva na fase final do Euro, prestação exemplar que nunca incomodou o indomável Portugal, mas relegou para o play-off a Bósnia-Herzegovina e o Luxemburgo – que evolução notável dos do grão-ducado, que enfrentarão agora outro Adamastor na sua luta pela estreia no Euro: o caminho C dos play-off tem Grécia, Cazaquistão e a Geórgia de Kvarashtkelia!

Pedro Cantoneiro
Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, de opinião que o futebol é a arte suprema.

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