Argentina 3-3 França (4-2 G.P.): O (a)Deus, Messi

A CRÓNICA: ARGENTINA SAGRA-SE CAMPEÃ DO MUNDO DE FUTEBOL

Na última dança, foi a Argentina que melhor bailou, batendo a França no desempate por grandes penalidades, depois de um empate a três bolas.

Nem nos nossos melhores sonhos imaginávamos uma final deste nível em que mais que a qualidade individual de Messi e Mbappé, sobressaiu o que de melhor o futebol tem: a imprevisibilidade. A juntar a isso tivemos um duelo galáctico entre a “nova” e a “velha” escola, onde a experiência levou a melhor perante a irreverência.

Contudo e apesar do resultado demonstrar um equilíbrio, durante o jogo, esse mesmo equilíbrio não se verificou.

A aposta de Scaloni em Dí Maria surpreendeu a França e isso ficou bem patente na entrada das equipas em jogo. Os primeiros minutos, apesar de sem ocasiões, mostravam uma seleção argentina muito mais confiante em campo, a assumir as rédeas do jogo (contrariamente ao que seria de esperar). Esta superioridade dos comandados de Scaloni traduziu-se em golos quando à passagem do minuto vinte, Messi abriu o livro e converteu a grande penalidade que viria a inaugurar o marcador. Os minutos foram passando e a seleção francesa não conseguia incomodar a defesa argentina. Melhor no jogo, sem surpresas, a seleção capitaneada por Messi aumentou a diferença no marcador depois de uma brilhante jogada de futebol, finalizada por Dí Maria (o melhor jogador da primeira parte).

Ao intervalo, parecia tudo decidido devido à superioridade gigantesca dos argentinos em campo.

A segunda parte começou como a primeira findou, com os albicelestes por cima do jogo e com as melhores ocasiões. Com os minutos a passar, Deschamps procurou, através de várias substituições inverter o sentido dos acontecimentos, contudo o cenário não se apresentava fácil. Até que, depois de um erro infantil de Otamendi, por volta do minuto oitenta, Mbappé aparecia no jogo com a conversão de uma grande penalidade que reduzia a diferença no marcador para 2-1. Tão rápido como a velocidade do avançado do PSG, foi a velocidade que a França demorou a igualar o resultado. Ainda nem três minutos tinham passado e Mbappé já tinha bisado, deixando tudo igual.

Se dentro de campo o jogo estava frenético, do lado dos adeptos não ficava atrás e, por isso, seguíamos para o prolongamento, na ânsia de o jogo não ter fim (de tão bom que estava a ser).

Os adeptos pediram, os intervenientes deram. Messi e Mbappé voltaram a abrir o livro para nos presentearem com uma segunda parte repleta de emoção. À passagem do minuto 108, o capitão argentino voltava a colocar a sua seleção na dianteira, mas o seu companheiro do PSG não queria ficar atrás. Desse modo, e como de um último suspiro se tratasse, o avançado de 24 anos voltou a restabelecer a igualdade no marcador, novamente de grande penalidade.

O jogo seguiu para as grandes penalidades e aí a Argentina levou a melhor, mais uma vez, e sagrou-se campeã mundial, no provável, adeus de Messi aos mundiais.

Uma nota final, porque não o podia deixar de dizer. O que hoje assistimos foi algo magnifico, como se da mais bela obra de arte se tratasse. Não foi a Monalisa de Da Vinci, mas foi a genialidade de Messi. Não foi a Guernica de Picasso, mas foi a magia de Mbappé. Não foi um simples jogo de futebol, mas sim um espetáculo, uma obra de arte criada por duas seleções que demonstraram o porquê de terem chegado até aqui.

No meio de tanta polémica que ocorreu durante todo o Mundial, este foi o momento, onde, durante 120 minutos, todo o mundo desligou o que estava a fazer para se focar apenas numa coisa: um jogo de futebol. A pureza, a simplicidade ou a emoção do que significa gostar de futebol, atingiu, neste jogo, o seu expoente máximo. E, ainda antes do jogo começar, já sabíamos que hoje, o maior vencedor seria o futebol.

 

A FIGURA

Emiliano Martínez – esta escolha resume-se essencialmente a dois pontos: o primeiro, não consegui decidir entre Messi ou Mbappé e, o segundo por tudo o que o guarda-redes do Aston Villa fez durante todo o mundial, inclusive nesta final, com aquela defesa soberba no minuto 120.

Uma menção honrosa para Dí María. Caso não tivesse saído tão cedo, provavelmente seria a minha escolha.

 

O FORA DE JOGO

Seleção Francesa – Didier Deschamps e a seleção francesa só apareceram no jogo entre o minuto 70 e o fim do tempo regulamentar. A maior parte do jogo foi de sentido único em que o primeiro remate dos franceses é o penalti de Mbappé aos oitenta minutos de jogo. Uma exibição coletiva pobre que viveu dos rasgos de um génio que levou a casa às costas até onde deu.

 

ANÁLISE TÁTICA – ARGENTINA

Depois da vitória afirmativa perante a Croácia, seria de esperar que Scaloni mantivesse o onze. Apesar de só ter efetuado uma mudança, surpreendeu. Não em termos de estrutura tática, pois manteve o 4-4-2 mas sim nas características dos jogadores.

Na baliza Emi Martínez, à sua frente, Otamendi e Romero com Molina e Tagliafico a estarem encarregues dos corredores (direito e esquerdo, respetivamente). No meio-campo, Enzo numa posição mais central para ajudar na construção, juntamente com Mac Allister. A novidade Dí Maria na faixa esquerda e De Paul, como já tem sido habitual a situar-se mais na ala direita do ataque. Na frente, o génio Lionel Messi e uma das surpresas do torneio, Julián Alvárez.

A utilização de Dí Maria em detrimento de Paredes veio demonstrar o posicionamento que Scaloni queria para a sua equipa, ao tirar um médio defensivo para lançar um extremo virtuoso (que já foi decisivo em outras ocasiões, como na Copa América ou no Jogos Olímpicos). No momento defensivo em 4-4-2 e ofensivamente em 4-3-3 surpreendeu os franceses, o que ficou demonstrado na superioridade da argentina na maior parte dos momentos do jogo.

Se tinha sido uma jogada perfeita do selecionador para contornar a armada francesa, a substituição precoce do extremo da Juventus verificou-se um erro de Scaloni. As mexidas que efetuou posteriormente não mudaram o jogo, apenas deixaram a seleção mais defensiva e com menos capacidade de sair para o ataque.

Numa última nota, Scaloni ganha este mundial ao perceber que Enzo e Mac Allister tinham de jogar nesta seleção.

11 INICIAL E PONTUAÇÕES

MARTÍNEZ (8)

MOLINA (6)

ROMERO (6)

OTAMENDI (5)

TAGLIAFICO (6)

DÍ MARIA (8)

DE PAUL (6)

ENZO (7)

MAC ALLISTER (7)

MESSI (8)

ALVÁREZ (7)

SUPLENTES UTILIZADOS

ACUNA (5)

MONTIEL (5)

PAREDES (5)

LAUTARO (4)

PEZZELLA (-)

DYBALA (-)

 

ANÁLISE TÁTICA – FRANÇA

Fiel a si mesmo, Deschamps montou a equipa como tem sido hábito até aqui. Um 4-3-3 claro que tem sido utilizado desde o início do mundial, apenas variando em algumas características dos jogadores. Relativamente à vitória diante Marrocos, apenas existiram duas alterações: Upamecano rendeu Konaté e Rabiot, Fofana.

O capitão, Lloris, na baliza, Varane e Upamecano como centrais, Koundé no corredor direito e Theo no corredor esquerdo. Tchouaméni a dar estabilidade, Rabiot a funcionar como “box-to-box” e Griezmann (um dos melhores do torneio) a fazer a ligação entre setores. Na frente, duas setas apontadas à baliza, Mbappé e Dembélé e o elegante Giroud como homem mais avançado.

Surpreendida pela postura argentina, a França entrou muito mal no jogo e, na maior parte dos minutos, não se encontrou. Não criou perigo e sofreu bastante defensivamente, o que fez Deschamps mexer ainda antes do intervalo. As substituições ainda que não tivessem um rendimento brilhante, acabaram por se mostrar importantes no curto espaço de tempo em que a França esteve por cima do jogo.

Contudo deixa a ideia de que foi uma exibição muito curta por parte dos gauleses e onde Deschamps demorou muito a perceber o que fazer com o jogo, se é que percebeu.

11 INICIAL E PONTUAÇÕES

LLORIS (5)

KOUNDÉ (5)

VARANE (4)

UPAMECANO (5)

THEO (3)

TCHOUAMÉNI (6)

RABIOT (5)

GRIEZMANN (5)

DEMBÉLÉ (2)

MBAPPÉ (9)

GIROUD (4)

SUPLENTES UTILIZADOS

THURAM (6)

KOLO MUANI (7)

COMAN (6)

CAMAVINGA (7)

FOFANA (5)

KONATÉ (-)

DISASI (-)

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Duarte Amaro
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Duas são as paixões que definem o Duarte: A Comunicação e o Desporto. Desde muito novo aprendeu a amar o desporto, muito por culpa dos intervenientes que o compõem. Cresceu a apreciar a mestria de Guardiola, a valentia de Rossi e a habilidade de Hamilton, poder escrever sobre estes é algo com que sempre sonhou.

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