França 2-0 Nigéria: Experiência vence ingenuidade

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O RESCALDO

O jogo começou com um ligeiro ascendente da Nigéria que, numa atitude temerária, desprezou a teoria dos favoritismos e quis ir à procura do golo. A França, pelo contrário, entrou com uma postura mais prudente, esperando para analisar o adversário. Com Pogba a orquestrar o jogo e a exibir-se algumas velocidades acima dos colegas, os franceses precisaram de apanhar um susto (golo bem anulado a Emenike por fora-de-jogo aos 19 minutos) para passarem a tomar conta da partida. Pouco tempo depois, Pogba protagonizou uma excelente jogada pelo meio, soltou para Valbuena e, já na área, concluiu com um volley a devolução do colega, a que Enyeama correspondeu com uma boa defesa.

Aos 38 minutos Evra agarrou Odemwingie num canto, num lance em que se justificava a marcação de um penálti a favor da Nigéria. O árbitro foi de outra opinião e, logo depois, mais uma vez Valbuena solicitou um colega na direita, desta vez Debuchy, que falhou por pouco. A França passava a dominar, ainda que sem criar muito perigo. A passividade da equipa, aliás, talvez também tenha passado pelo facto de Cabaye ser o homem mais recuado do trio do meio campo, em vez de Matuidi. Com o ex-Newcastle demasiado atrás, a França perde capacidade de organização e distribuição de jogo. Do lado da Nigéria, os jogadores mostravam uma boa dinâmica atacante com os rápidos extremos Musa e Moses, os laterais bastante participativos no ataque e Odemwingie a conferir algum critério a uma equipa por vezes demasiado ávida de chegar à baliza contrária. Ainda assim, Emenike quase conseguiu marcar, mas Lloris defendeu bem o remate do ponta-de-lança.

Na segunda parte a Nigéria entrou de novo por cima, mostrando sentir-se mais à vontade a atacar do que a defender. Com bola, os homens de Stephen Keshi jogam de forma rápida, fluida e destemida, ao passo que denotam alguma precipitação e desorganização na hora de proteger a sua baliza. Várias vezes os defesas quiseram sair a jogar perto da sua área e pressionados pelo adversário, em vez de optarem por processos simples. Contudo, aos 55 minutos a Nigéria teve novas razões de queixa: Matuidi entrou fortíssimo sobre Onazi (teve de ser substituído) e devia ter ido para a rua, mas levou apenas o amarelo. É nestas alturas que nos lembramos que o facto de a FIFA continuar a opor-se à tecnologia faz do futebol, em pleno séc. XXI, um desporto do séc. XIX. Ao serem (mal) ajuizados sem o recurso a repetições, este tipo de lances podem mudar injusta e irreversivelmente o rumo de um jogo.

frança
Qualidade, serenidade e experiência: a França segue para os quartos
Fonte: FIFA

A França mostrava-se, nesta altura, já não apenas entorpecida mas também intranquila. Os jogadores não ofereciam soluções e a equipa, quando recuperava a bola, não conseguia sair com ela controlada. A Nigéria, por seu turno, continuava a praticar um futebol agradável e surpreendente, que começou mesmo a ameaçar eliminar já hoje os franceses. Instalados no meio-campo adversário, os nigerianos dispuseram de uma boa oportunidade aos 64 minutos, com Odemwingie a rematar à entrada da área para boa intervenção de Lloris.

Porém, a partir dos 70 minutos tudo mudou: face aos primeiros sinais de cansaço do lado nigeriano, a França decidiu que era chegada a hora de mostrar em campo a sua superioridade teórica. Num lance precedido de uma falta a meio-campo, grande tabela entre Benzema e o recém-entrado Griezmann (a sua entrada para o lugar do apagado Giroud abanou o jogo), com Enyeama a desviar e Ambrose a salvar em cima da linha. O cerco francês à área contrária era cada vez maior, o que não impediu os nigerianos de se queixarem com razão de novo penálti: Matuidi carregou Musa na área, mas o árbitro mais uma vez não viu. Após novo desperdício de Benzema e de um remate de primeira de Cabaye que bateu na barra, o avançado do Real Madrid permitiu uma grande defesa a Enyeama, que desviou para canto. A seguir, bola batida por Valbuena, falha do guarda-redes e Pogba, com facilidade, fez o 1-0 aos 79 minutos. A Nigéria pagava agora a factura do seu ímpeto inicial e não conseguia reagir. O 2-0 surgiu quase no fim, com a defesa parada a ver Valbuena cruzar e Yobo a fazer auto-golo.

A Nigéria mostrou qualidade, mas faltou-lhe maturidade e capacidade para saber gerir os momentos do jogo; a França, mais experiente, soube esperar pelo período de maior desgaste do adversário para, com frieza, lhe desferir o golpe fatal. Num jogo pouco interessante de seguir e que valeu sobretudo pela atitude da Nigéria (enquanto durou), a vitória francesa acaba por ser justa, mas a vantagem mínima assentaria melhor. E fica sempre a dúvida sobre qual seria o rumo do jogo caso o primeiro penálti tivesse sido marcado…

A Figura:                                                                                                           

Valbuena – É verdade que caiu um pouco de produção na segunda parte mas, na pior fase dos franceses, mostrou sempre ser um dos jogadores mais inconformados. À falta de Ribéry é ele quem mais demonstra um futebol técnico e irreverente e, a par de Pogba, foi dos que teve mais sucesso a levar a bola para a frente e a confundir a defesa contrária. Esteve nos dois golos do jogo: no primeiro, foi ele que marcou o canto vitorioso; no segundo, é dele o cruzamento para o auto-golo de Yobo.

O Fora-de-Jogo:

Enyeama – Seria Giroud (decidiu quase tudo mal), não fosse o guarda-redes nigeriano ter falhado quando a equipa mais precisou dele. É certo que protagonizou algumas boas defesas, mas fica irremediavelmente ligado ao 1-0. Já tinha ameaçado o desastre com outra saída em falso, que a defesa conseguiu resolver. No segundo golo, também não teve uma boa abordagem ao lance.

Nota também para a equipa chefiada pelo árbitro norte-americano Mark Geiger, que tomou algumas decisões polémicas e sempre em prejuízo da Nigéria. A equipa derrotada pode queixar-se de dois penáltis que ficaram por marcar, para além da expulsão perdoada a Matuidi. Mais uma má arbitragem num Mundial que tem sido fértil em más prestações dos juízes. E será assim enquanto não houver recurso às repetições…

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João V. Sousa
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O João Sousa anseia pelo dia em que os sportinguistas materializem o orgulho que têm no ecletismo do clube numa afluência massiva às modalidades. Porque, segundo ele, elas são uma parte importantíssima da identidade do clube. Deseja ardentemente a construção de um pavilhão e defende a aposta nos futebolistas da casa, enquadrados por 2 ou 3 jogadores de nível internacional que permitam lutar por títulos. Bate-se por um Sporting sério, organizado e vencedor.                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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