Chegou o dia 14. Chegou o dia do início do Mundial. Começou com a Rússia, equipa anfitriã, a testar o seu futebol atual contra a Arábia Saudita.
Antes do apito inicial, Putin e Gianni Infantino discursaram, sendo que o primeiro desejou que todos os que se dirigissem à Russia desfrutassem de um mês recheado de bom futebol e hospitalidade russa; o segundo apelou a privilegiar a atenção no jogo, já que, citando o dirigente máximo da FIFA, “o mundo inteiro pára durante um mês inteiro”.
A Rússia apostou num 4-4-2. Contou com o habitual Akinfeev na baliza; Mário Fernandes e Zhirkov à direita e esquerda, respetivamente; Gazinshkiy e Zobnin no meio campo; Samedov e Golovin nas alas ofensivas; e como ponta de lança Smolov, apoiado por Dzagoev. Já os sauditas alinharam num 4-5-1. Pizzi sabia que teria de jogar mais recuado contra uma Rússia que jogava em solo seu. Então, apostou em Al Mauiouf nas redes; quarteto defensivo (da esquerda para a direita) com Al Shahrani, Osama e Omar Hawsawi, Al Burayk; Al Shehri, Al Jassim, Al Faraj, Otayf e Al Dawsari no eixo médio do campo; e o elemento mais avançado, Al Sahlawi.
Como era esperado, os da casa começaram muito intensos e em busca de um golo para acabar logo com muita da ansiedade que existia em torno da prestação da equipa neste mundial. A defensiva da Arábia Saudita revelava-se inconstante e assinava alguns erros. A Rússia, por sua vez, controlava e ia contabilizando muitos cantos, principalmente à esquerda. Zhirkov ameaçou pela primeira vez as redes árabes. Foi o mote para aos 12’, com um cabeçeamento cruzado, Yury Gazinshkiy corresponder ao cruzamento vindo da direita de Golovin, e assinar o seu nome na história dos Mundiais ao marcar o primeiro do de 2018! Justificava-se o golo pela superioridade demonstrada.
Por sua vez, os sauditas iam tentando encontrar o seu jogo, mas investidas em direção à baliza russa não muito esclarecidas foram insuficientes para assustar a clara maioria do público que se encontrava no estádio. Aos 21’ Al Sahlawi trouxe algum perigo à área russa, mas nada por aí além.
Foi com naturalidade, que se viu a Rússia chegar ao segundo, altura em que já tinha perdido Dzagoev, por lesão, há cerca de 15 minutos…O seu substituto, nada menos do que o autor desse tento, Cheryshev, que já jogou no Real Madrid, e que agora representa o Vilarreal, com classe pica a bola sobre um defensor adversário, e com um remate forte aplica um 2-0 que faz os adeptos da casa celebrar, e ao mesmo tempo descontraír.
Para a segunda parte, nenhum dos conjuntos optou por fazer substituições. Ao contrário da primeira parte, a Rússia reentra menos intensa, menos esclarecida. Mesmo assim, a posse está claramente do seu lado. A Arábia Saudita reentra com pouco a perder: correr atrás de um 2×0, acrescendo todas as dificuldades que tem vindo a deixar bem patentes no jogo, não dá bons indícios. Um jogo mais pautado, que via na Arábia a intenção de reduzir, mas sem grandes armas para isso.
Aos 52’, Samedov fica perto do terceiro. Os asiáticos não conseguiam equilibrar a parada. Mas cinco minutos depois, um lance que poderia ter dado algo mais, isto se Al Jassim conseguisse corresponder à bola enviada por Al Burayk… Um jogo muito parecido com a primeira parte, à passagem da hora de jogo, mas com uma Rússia mais conformada. Mesmo sem apresentar tanta incidência, os anfitriões do torneio procuravam lances de perigo. Os sauditas tentavam responder.

Fonte: FIFA
Pizzi trocou Otayf por Al Muwallad, refrescando o meio campo, e principalmente procurando uma transição contra atacante mais eficiente. Cherchesov respondeu, e ao mesmo tempo, fez entrar Kuzyayev para o posto de Samedov. Pouco tarde, o técnico russo coloca Dzyuba em campo, tirando Smolov, e o efeito foi imediato: 3×0, Dzyuba, de cabeça, usou a sua estatura para chegar à bola e introduzi-la na baliza! Este ponta de lança na sua melhor forma é elemento a ter muito em conta!
Este golo fez com que os árabes preferissem a contenção ao arriscar. Já era goleada, e os golos contam muito nesta prova. Penso que Pizzi teve isso em conta e, de certa forma, optou pela segurança, em detrimento do ataque. A Rússia, neste prisma, continuava a ir para cima da seleção do médio oriente. Acumulava lances, mas não abafava.
Aos 90’, Cherychev fecha, ao que tudo indica, com um golaço! Remaye absolutamente extraordinário eleva as contas para 4×0! Al Sahlawi tinha dado o lugar a Asiri há cinco minutos atrás, mas nada funcionava. A Rússia, sem apresentar assim tanta superioridade para justificar um resultado tão avolumado, conseguia concretizar as tentativas mais flagrantes.
A mão cheia de golos estava ainda por acontecer. A Rússia aniquilou uma Aábia Saudita completamente impotente nos últimos dez minutos. Contando com a qualidade individual de executantes, primeiro Cherychev e depois Golovin (de livre direto), os russos arrumaram com os sauditas e mesmo tendo em conta a falta de qualidade do oponente, elevam assim a expetativa do seu povo, que pouco depositavam, no que se refere à sua prestação num Mundial organizado por eles.
Foto de capa: FIFA