Copa América’2015 – Chile 2-1 Perú: Bomba de Vargas torna sonho chileno mais real

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O Chile é o primeiro finalista da Copa América, depois de ter batido o Perú no Duelo do Pacífico, em Santiago. Vargas foi o homem-golo da noite e colocou o conjunto orientado por Jorge Sampaoli a um passo de vencer pela primeira vez a mais velha competição de seleções do mundo. Com um estádio composto quase na totalidade por chilenos em grande euforia, o jogo iniciou tal como se imaginava: com o Chile a assumir a posse da bola e a fazer um cerco à área dos peruanos. É esta a filosofia chilena, com uma intensidade máxima, grande mobilidade, muitos homens em zona de finalização e grande objetividade em todos os processos. Valdivia é o maestro e organiza todo o jogo ofensivo, ajudado pela estrela Alexis Sanchez. São eles que marcam o ritmo, definem os lances e muitas vezes também os terminam.

Foram eles os homens em foco nos primeiros minutos a tentar o assalto à área contrária, mas o Chile não conseguiu penetrar na defensiva do Perú. Os peruanos, como foi sua marca durante o torneio, defenderam muito bem, estiveram muito organizados e foram coesos e solidários, com um homem na frente a ser a referência. Guerrero segurava as bolas e fazia a contenção, esperando o apoio dos seus colegas. Carrillo, que foi titular pela primeira vez, era um deles, juntamente com Fárfan e Cueva. O extremo do Sporting foi uma das três alterações que Ricardo Gareca fez no onze em relação ao jogo com a Bolívia. No Chile, Sampaoli alterou dois homens na defensiva, um deles Jara, suspenso depois do lance polémico com Cavani.

Depois de uns primeiros minutos intensos com os Chilenos a dominar, o Perú cresceu e aproximou-se da área de Claudio Bravo. Lobatón, aos 16 minutos, avisou de muito longe, com um remate que tirou tinta ao poste direito do guarda-redes do Barcelona. O Perú subiu as linhas, teve mais posse e acalmou a euforia inicial chilena mas, aos 20 minutos, Zambrano deitou tudo a perder. O central peruano, depois de aliviar uma bola, deixou o seu pé levantado e atingiu Aranguíz nas costas. Uma agressão que o árbitro da partida, José Ramón Veja, viu e puniu com um cartão vermelho direto. Ficava o Perú em maus lençóis e galvaniza-se o Chile, que nesta fase do encontro parecia estar por baixo.

A seleção Roja, como é conhecida, não perdeu tempo e cercou mesmo a área adversária, com muitos homens em zona de finalização e dois laterais bem abertos nas linhas (Isla e Albornoz) em zona muito adiantada do terreno. Este assalto iria dar resultado muito por culpa de Alexis Sanchéz, o melhor em campo, que para além de finalizador, nesta partida mostrou-se um excelente criativo. Mostrou também muita inteligência na forma como baixou no terreno para ser, a par de Valdivia, o primeiro construtor de jogo.

Os dois primeiros lances de golo iminente pertenceram a Valdivia. Aos 25’e após um livre lateral, tentou um chapéu ao guarda-redes Gallese, que saiu um pouco por cima e 3 minutos depois finalizou, em arco, um lance inventado por Alexis, com a bola a rasar o poste direito. Pelo meio destes dois lances, o Perú reorganizou-se, colocando Ramos, um central, por troca com Cueva, uma das revelações do torneio que nesta partida não teve tempo para brilhar. Vale a pena estar atento a este jogador de 23 anos, que ainda alinha no Alianza Lima, do seu país.

Alexis foi o melhor em campo, apesar dos dois golos de Vargas; Fonte: Facebook Seleccion Chilena
Alexis foi o melhor em campo, apesar dos dois golos de Vargas;
Fonte: Facebook Seleccion Chilena

La Roja continou o seu festival ofensivo e aos 31’, Advíncula evitou o golo de Vargas. Alexis lançou Vidal na direita e o jogador da Juventus cruzou pelo chão para o segundo poste, onde Vargas iria encostar. O lateral do Vitória de Setúbal antecipou-se e evitou o pior, cedendo canto. Mas esta não seria a única vez que Advíncula iria estar no papel de salvador. Nem dois minutos tinham passado quando Valdivia arrancou na zona central do terreno, descobriu Alexis à entrada da área, descaído para o lado direito, que depois de um bom trabalho conseguiu em esforço colocar num colega na linha de fundo, que cruzou tenso para o interior da pequena-área, onde um peruano fez um primeiro corte. A bola sobrou para Vargas perto do segundo poste que rematou com selo de golo. Advíncula deu o corpo às balas e adiou o golo que Vargas viria a marcar pouco depois.

Antes desse lance que daria o tento inaugural aos 41’, o Perú criou perigo pela primeira vez, desde a expulsão de Zambrano. O guardião peruano bateu longo para Guerrero, que dominou no peito, faz uma rotação que deixou Rojas para trás e embalou na direção da área. Na entrada da mesma, ainda do lado esquerdo, colocou a bola na zona do penálti, para a entrada de Carrilo que por muito pouco não se antecipou a Bravo.

O Perú mostrava sinais de continuar motivado e nunca abdicou de atacar, jogando sempre com as suas limitações e desvantagem numérica, mas perto do intervalo o golo chileno foi um rude golpe. Alexis recebe do lado esquerdo, perto do bico da área, encara o adversário, ultrapassa-o e corta para dentro, desferindo um cruzamento-remate na direção do segundo poste. Aranguíz surge sozinho e em vez de desviar o esférico, abre, inteligentemente, as pernas deixando a bola passar, enganando por completo Gallese. Os chilenos já se levantavam em todo estádio para festejar, mas a bola embateu no poste. Sorte dos chilenos pois a “redondinha” foi ter com Vargas, que com alguma sorte à mistura e na segunda tentativa fez o golo e transformou o estádio num vulcão. Importa referir que Vargas beneficia de uma posição irregular, no momento do remate de Alexis.

No segundo tempo tudo mudou! Para surpresa geral, não foi o Perú a alterar mas sim o Chile com duas substituições, que em nada beneficiaram o conjunto. Duas trocas diretas que mais pareceram poupanças com o jogo muito longe de estar resolvido. E foi com esse espírito que La Roja entrou na segunda parte, exceção feita ao golo mal anulado a Vargas. Fora-de-jogo assinalado ao atacante, mas André Carrillo estava a colocar o chileno em posição legal. Ora isto foi no primeiro minuto após o reatamento e a partir daí quase só deu Perú. Os chilenos baixaram a intensidade e deixaram os peruanos galvanizarem-se e acreditarem que seria possível virar o jogo mesmo com menos uma unidade. Logo aos 53’, Advíncula fez um cruzamento perfeito para a cabeça de Farfán, que obrigou à atenção de Bravo.

Vargas apontou dois golos e gravou o seu nome na história do Chile; Fonte: Facebook Seleccion Chilena
Vargas apontou dois golos e gravou o seu nome na história do Chile;
Fonte: Facebook Seleccion Chilena

Os 10 homens de Richard Gareca estavam mais intensos em cada disputa de bola e empurravam o adversário para o seu reduto. Não criavam muito perigo, mas sentia-se que a qualquer altura o empate podia surgir e foi mesmo isso que aconteceu. Uma recuperação de bola dos peruanos, ainda no seu meio-campo, originou um contra-ataque rapidíssimo com Guerrero na direita a servir de pivot e a lançar Advíncula na linha de fundo. O lateral do Setúbal, em grande correria, chegou ao esférico mesmo perto desta sair e cruzou com conta peso e medida para Carrilo, o único homem do Perú no interior da área. O sportinguista ia desviar para o golo, mas Medel antecipou-se e fez ele um auto-golo, que trouxe justiça ao resultado, quando faltava meia hora para jogar.

Um castigo para os chilenos que adormeceram a pensar na final de sábado, quando o jogo estava longe de estar ganho. Com o golo do empate, o Perú ia voltar a fechar-se e tentar jogar com o relógio, só que Vargas nem deu tempo para que os peruanos se habituassem ao resultado. O jogador chileno recebeu a bola muito longe da baliza descaído para o lado direito, a uns 30 metros talvez, e rematou, fazendo um golaço, que será o principal favorito entre os candidatos a melhor golo da competição. Só tinham passado 4 minutos e o jogo estava de novo a pender para a seleção anfitriã.

O Perú teve que voltar a lançar-se para o ataque, Pizarro ainda entrou e criou perigo uma vez (74’), mas faltaram forças aos homens de Gareca, depois de estarem a jogar a menos um desde os 20 minutos. Bravo não foi obrigado a grandes defesas e foi mesmo o Chile a poder “matar” o jogo por duas vezes. Alexis (78’) recebeu de Valdivia e rodou para a baliza, mas a bola passou a rasar a barra e Vidal (91’) obrigou Gallese a mais uma defesa. Importa ainda referir que ficou um penálti por marcar sobre Paolo Guerrero, aos 82’, depois de Rojas o ter travado, acertando-lhe com o joelho numa perna. De nada valeram os seus protestos, num lance que poderia mudar toda a história.

Vitória da melhor equipa, do conjunto com mais qualidade, mas que adormeceu em determinados minutos do jogo e permitiu que este aguerrido Perú acreditasse que o sonho era possível. Nota muito positiva para esta seleção peruana, que surpreendeu tudo e todos e apresentou um futebol agradável de ver, tendo em Guerrero a sua figura de proa. Cueva é um nome a seguir e ainda um destaque para a excelente exibição (e torneio) de Advíncula. Quanto ao Chile, mantém vivo o seu sonho de vencer a sua primeira Copa América e logo em sua casa. Argentina ou Paraguai será o último obstáculo nesta caminhada de Alexis, Vidal e companhia.

A Figura:

Alexis Sánchez – Não marcou, mas foi determinante para que a sua equipa alcançasse a final. É um vagabundo, quase impossível de marcar e com uma técnica extraordinária. Neste jogo, foram várias as vezes que o jogador do Arsenal, de forma inteligente, recuou no terreno para ser o primeiro elemento de construção, dividindo com Valdivia essas tarefas. Foi dos seus pés que saiu o golo inaugural e a maior parte das jogadas de perigo dos chilenos. É a estrela maior desta seleção e está a justificar essa designação.

O Fora-de-Jogo:

Zambrano – O central levou amarelo logo aos 7’ e conseguiu ser expulso com apenas 20 minutos decorridos, após agressão a Aranguíz. Uma infantilidade que custou muito caro aos peruanos. Quase deitou por terra a esperança do Perú e obrigou os seus colegas a correrem o dobro para tentar chegar à final. Não conseguiram, mas ficou a ideia que com 11 homens podiam ter sido um osso ainda mais duro de roer e quem sabe causar uma surpresa.

 

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Luís Martins
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A mãe diz-lhe que começou a ler aos 4 anos, por causa dos jornais desportivos. Nessa idade já ia com o pai para todo o lado no futebol e como sua primeira memória tem o França x Brasil do Mundial 1998. Desde aí que Zidane é o seu maior ídolo mas, para ele, Deus só há UM: Pablito Aimar.                                                                                                                                                 O Luís não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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