📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:

Bayer Leverkusen | O que sobrou da equipa campeã da Bundesliga

- Advertisement -

Apenas um ano e meio depois da glória bendita alcançada com a conquista inédita da Bundesliga sob o comando do técnico espanhol Xabi Alonso, o Bayer Leverkusen vive entre transições, novas ideias e o peso do passado, agora sob o olhar atento do ex-seleccionador dinamarquês Kasper Hjulmand, e que substituiu no cargo o neerlandês Erik ten Hag, que comandou a equipa alemã em apenas três (!) jogos oficiais esta época. 

Provavelmente este despedimento do técnico neerlandês vai figurar no guinness dos recordes de despedimentos mais precoces da história do futebol.

A 14 Abril de 2024, o Bayer Leverkusen sagrou-se campeão alemão pela primeira vez, terminando o campeonato com a vantagem assombrosa de 17 (!) pontos sobre o Estugarda e 18 (!) sobre o Bayern Munique, que vinha de uma série impressionante de 11 (!) campeonatos consecutivos.

Apesar da contratação do extraordinário avançado inglês Harry Kane, a equipa bávara viu quebrada a sua hegemonia com uma equipa de autor concebida por Xabi Alonso, antiga glória de clubes como o Liverpool, Real Madrid, e Bayern Munique na sua carreira de jogador, e peça fulcral na seleção espanhola que ganhou os Europeus de 2008 e 2012, e ainda o Mundial 2010.

Aquele Bayern Leverkusen encantou os adeptos do futebol, acabando essa Bundesliga com o notável registo de 28 vitórias e seis empates, não sofrendo por isso qualquer derrota em todo o campeonato. Ser campeão alemão pela primeira vez era um sonho para todos os adeptos desta equipa do norte da Alemanha. Conseguir esse feito de forma invicta, é algo que perdurará nos anais da história do clube, e igualmente do futebol mundial.

Aquela equipa de Xabi Alonso assinou uma época quase perfeita, tendo feito a dobradinha com a conquista da Taça da Alemanha, e apenas sucumbindo contra os italianos da Atalanta na final da Liga Europa, onde os sinais de desgaste físico e mental foram por demais evidentes na equipa alemã. 

Xabi Alonso transformou o futebol da equipa alemã numa tela de precisão e serenidade. Uma equipa que jogava com método e paixão, e cada movimento parecia calculado por um relojoeiro. Foi o retrato da harmonia entre o cérebro e o instinto.

A equipa-tipo do Bayer Leverkusen na temporada 2023/2024, sob o comando de Xabi Alonso, destacou-se pela sua consistência e invencibilidade na maior parte da época. 

Os jogadores-chave incluíam o guarda-redes Lukas Hradecky, a defesa com Jonathan Tah, Edmond Tapsoba, Piero Hincapié e Álex Grimaldo, o meio-campo com Granit Xhaka, Robert Andrich, Exequiel Palacios e Florian Wirtz, e os avançados Victor Boniface e Patrik Schick, não esquecendo as contribuições cruciais do lateral-direito Jeremie Frimpong.

O que sobrou desse campeão da Bundesliga invencível e revolucionário? Praticamente nada. A equipa do Bayer Leverkusen foi completamente dizimada em menos de dois anos (danos colaterais da tal época sublime anteriormente mencionada) e está atualmente num profundo processo de reconstrução.

Apesar de eu ter sido um grande apreciador do trabalho de Kasper Hjulmand ao serviço da selecção dinamarquesa (onde após o quase trágico incidente com a maior estrela da sua equipa Christian Eriksen), conseguiu uma extraordinária presença nas meias-finais do Euro 2020, não estou convencido de que ele seja o homem certo para conduzir uma equipa que quer voltar a ser protagonista na Bundesliga, e que almeja uma participação minimamente honrosa na Champions League.

Treinar uma selecção, não é a mesma coisa do que treinar um clube, e este é o primeiro grande desafio da carreira do técnico dinamarquês.

Desse campeão da Bundesliga invencível e revolucionário, restam muito poucos intérpretes. Só neste Verão, o Bayer Leverkusen viu sair dois esteios da sua defesa (o equatoriano Piero Hincapié para o Arsenal e o alemão Jonathan Tah para o Bayern Munique). Além disso, perdeu outro elemento decisivo nessa época de 2023/2024: Florian Wirtz.

O mágico médio-ofensivo alemão realizou uma época de sonho e foi um dos principais obreiros dessa temporada inesquecível da equipa germânica. Com apenas 20 anos, era o comandante de toda a manobra ofensiva da sua equipa, revelando uma sumptuosa visão de jogo e grande capacidade de finalização. 

A equipa alemã ainda conseguiu resistir às ofertas suculentas dos tubarões europeus na época transacta, mas antes do começo desta época, Florian Wirtz foi anunciado pelo Liverpool numa transferência milionária, que fez a equipa do Bayer Leverkusen encaixar uma verba de mais de 125 milhões de euros.

Florian Wirtz está a ter o necessário período de adaptação à intensidade competitiva daquela que para mim é a melhor liga do mundo: a Premier League. Acredito que com o tempo, iremos conseguir ver a sua melhor versão. Mas quem se sente totalmente órfã do seu contributo, é a equipa bávara.

Sem Wirtz, o Bayer Leverkusen apostou na contratação por empréstimo do talentoso médio-ofensivo argentino Claudio Echeverri (cedido pelos ingleses do Manchester City), mas que até ao momento só contabiliza 108 (!) minutos de utilização, sendo que Echeverri está inclusive a ponderar regressar ao “seu” River Plate para ter mais continuidade, e quem sabe, ainda poder sonhar estar presente no próximo Mundial.

Além das saídas anteriormente mencionadas, também há que registar a saída do endiabrado e velocíssimo lateral-direito holandês Jeremie Frimpong para o Liverpool, assim como do suíço Granit Xhaka (que era claramente o cérebro e o motor daquela histórica equipa do Bayer Leverkusen, além de ser um dos seus capitães) para os ingleses do Sunderland, perdendo igualmente o seu guardião finlandês Lukas Hradecky, uma lenda do clube que representou por mais de sete épocas, tendo sido transferido para os franceses do AS Mónaco.

Não vou dar tanta ênfase à saída de Victor Boniface (cuja veia goleadora foi igualmente fundamental para a conquista dessa inédita Bundesliga na história do clube), porque houve claramente uma drástica baixa de rendimento do avançado nigeriano numa época passada muito marcada por lesões e comportamentos impróprios fora dos relvados, estando atualmente ao serviço dos alemães do Werder Bremen.

O defesa-central Edmond Tapsoba (com passagem por Portugal, destacando-se ao serviço do Vitória SC), mantém-se no plantel, mas já não consegue ser tão imponente como nessa época 2023/2024, nem consegue intimidar os atacantes adversários, como o conseguia fazer nessa equipa tão bem trabalhada por Xabi Alonso, em que tudo funcionava na perfeição.

O único dos sobreviventes que continua a apresentar um rendimento semelhante ao demonstrado nesse ano inesquecível, é o defesa-esquerdo internacional espanhol Alejandro Grimaldo, que curiosamente volta agora a uma casa que bem conhece, pois esteve várias épocas ao serviço do clube das águias, sendo que não são raras as vezes que manifesta publicamente o seu amor pela equipa do Benfica.

Das novas incorporações na equipa, confesso estar curioso para saber como será a adaptação do talentoso médio-defensivo argentino Equi Fernandez nesta equipa do Bayer Leverkusen. 

Se voltar ao nível daquilo que conseguiu exibir ao serviço do Boca Juniors e recuperar o ritmo competitivo necessário para competir ao mais alto nível (uma vez que perdeu um ano do seu progresso e evolução como jogador indo jogar para o Al Qadsiah da Arábia Saudita), acredito que possa ser uma peça-chave para que a equipa germânica consiga voltar a ser aquela equipa intensa de outrora, e consequentemente, conseguir controlar os seus adversários, impondo uma pressão alta sob o portador da bola.

Entre mudanças no banco, oscilações em campo e fantasmas recentes, a equipa alemã regressa a Lisboa em busca de uma identidade e da sua primeira vitória nesta edição da liga milionária, recebendo um aflito Benfica (agora sob o comando de José Mourinho) e ferido de orgulho, que vai querer pontuar pela primeira vez neste novo formato da Champions League, estando actualmente no último lugar da classificação, ex-aequo com os holandeses do Ajax.

18 meses depois de uma temporada histórica e invencível, o Bayer Leverkusen enfrenta o peso do próprio sucesso, agora abalado por goleadas e pela urgência de reencontrar a sua essência. Neste momento, a equipa alemã vive o teste mais exigente: provar que a magia sobrevive ao tempo.

Há equipas que vencem títulos. E há equipas que mudam o rumo de um campeonato. O Bayer Leverkusen de Xabi Alonso pertence à segunda categoria: um grupo que escreveu história sem sofrer derrotas.

Mas no futebol, o auge é sempre temporário. Vejamos o exemplo dos ingleses Leicester, que joga actualmente no Championship e que foi campeão inglês há menos de 10 anos, ou do Girona que está em último lugar na liga espanhola, tendo disputado a passada edição da Champions League depois de um histórico e surpreendente terceiro lugar na época 2023/2024.

O que se segue à perfeição é o teste da permanência. E este Bayer Leverkusen está agora a viver essa realidade: o campeão invicto já não é intocável. As últimas semanas foram duras — três golos sofridos diante do Bayern de Munique e uma derrota por uns expressivos 7-2 (!) em casa frente ao PSG na Liga dos Campeões, soaram como o despertar de um sonho.

Onde antes havia sincronização e confiança, hoje há ruído, cansaço e a dúvida inevitável de quem tenta manter-se fiel a uma identidade sob novas circunstâncias. A equipa mantém o desejo de jogar bem, de pensar o jogo com elegância e de provar que ainda pode ser competitiva. Só que agora o desafio é outro: transformar o legado em continuidade, e o brilho momentâneo em cultura permanente.

E é neste contexto que o Bayer Leverkusen chega a Lisboa, onde o Benfica o espera no monumental Estádio da Luz. O palco é simbólico: uma das catedrais do futebol europeu a receber uma equipa que há um ano parecia imortal e que hoje procura redenção.

Entre o passado e o presente, o jogo em Lisboa será mais do que um duelo de Champions, será um teste de identidade. Porque no fim, o que resta da perfeição não é a invencibilidade, mas a coragem de começar de novo. 

Tiago Campos
Tiago Campos
O Tiago Campos tem um mestrado em Comunicação Estratégica mas sempre foi um grande apaixonado pelo jornalismo desportivo, estando a perseguir agora esse sonho. Fã acérrimo do "Joga Bonito".

Subscreve!

Artigos Populares

Portugal bate Inglaterra e ganha Torneio Taça das Federações

Portugal é o vencedor do Torneio Taça das Federações. Seleção Nacional Sub-16 venceu Inglaterra no último jogo.

«Era um objetivo meu ir para a Premier League e jogar contra os melhores no melhor campeonato do mundo» – Entrevista Bola na Rede...

Gonçalo Santos olha para os desafios que têm em mãos junto do Bola na Rede. A entrevista foi realizada à margem do Portugal Football Summit.

Olá, Erling Haaland: Onde ver o Manchester City x Borussia Dortmund?

O Manchester City joga esta quarta-feira contra o Borussia Dortmund na Champions League. Haverá reencontro com Erling Haaland.

Benfica já treinou esta terça-feira e há grande novidade

O Benfica treinou na véspera de receber o Bayer Leverkusen para a Champions League. Amar Dedic está recuperado de lesão.

PUB

Mais Artigos Populares

Paulo Fonseca liga a jogador do Real Madrid para transferência em janeiro

Paulo Fonseca falou com Endrick por telefone. Avançado brasileiro pode ser emprestado pelo Real Madrid ao Lyon em janeiro.

Carlos Ponck vai regressar à Primeira Liga e já tem destino

Carlos Ponck vai ser jogador do AVS SAD. Defesa-central de 30 anos estava livre no mercado, desde a passagem por Israel.

Pep Guardiola diz que Haaland está no nível de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi: «Basta olhar para os números dele»

Pep Guardiola deixa fortes elogios a Erling Haaland. Técnico recorda Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, em termos de capacidade goleadora.