Os lesionados crónicos da Alemanha 2014 | O preço da boa engenharia alemã?

Quem não se lembra do mítico mundial de 2014? As memórias vão desde a má prestação da seleção das quinas à memorável derrota por 7-1 dos anfitriões, o Brasil, ante a seleção que viria a erguer o troféu nesse ano, a imparável seleção da Alemanha.

A seleção orientada por Joachim Löw começou logo por mostrar ao que vinha, ao golear a seleção portuguesa por 4-0, num jogo que ficou marcado pela expulsão de Pepe ainda na primeira parte. No jogo a seguir, os alemães não foram além de um empate a duas bolas com o Gana, cuja estrela era Asamoah Gyan, mas acabaram por vencer todos os restantes jogos até à final. Na final, que opôs a Argentina à Alemanha, foi Mario Götze, uma das maiores promessas do futebol mundial na altura, que selou a vitória da “Mannschaft” com um golo já no prolongamento.

Um bom futebol e consistência da Alemanha fizeram com que, aos olhos de maior parte dos adeptos de futebol, aquele desfecho fosse o mais justo. Eis o que me perturba, quando me recordo deste mundial. Que é feito dos jogadores da Alemanha e autores desta grande conquista? Onde andam os eleitos de Joachim Löw para este mundial? Por me ter questionado sobre este tema há já algum tempo, aproveitei e fui pesquisar e eis os eleitos do treinador germânico para a competição: 

Guarda-redes: Neuer, Zieler, Weidenfeller.

Defesas: Grosskreutz, Höwedes, Ginter, Hummels, Durm, Lahm, Mertesacker, Boateng, Mustafi.

Médios: Khedira, Schweinsteiger, Özil, Draxler, Kroos, Götze e Kramer.

Atacantes: Schürrle, Podolski, Klose

Desta lista de 23 selecionados, para facilitar o exercício há que descontar os “reformados”. Ou seja, Weidenfeller, Lahm, Höwedes, Mertesacker, Schweinsteiger, Schürrle, Podolski e Klose. De 23, passamos agora a ter 15 jogadores e destes quinze já há sinais alarmantes. É que, no pós-mundial, jogadores como Höwedes, Mertesacker, Schweinsteiger, Schürrle e Podolski nunca mais jogaram ao nível ao qual estávamos habituados a vê-los jogar. Destes cinco, Höwedes e Schürrle (então com 25 e 23 anos, respetivamente) decidiram “pendurar as botas” no final desta época. Höwedes tem 32 e jogava no Lokomotiv de Moscovo, já Schürrle, com 29 anos, estava no Spartak de Moscovo, por empréstimo do Dortmund.

Por sua vez, Podolski (35 anos, atualmente) depois do mundial, transferiu-se por empréstimo do Arsenal para o Inter de Milão e depois disso foi sempre a cair a pique com passagens por Turquia e Japão. Kevin Grosskreutz tem 32 anos e joga no humilde KFC Uerdingen, Erik Durm com 28 anos fez apenas 822 minutos, espalhados por 15 jogos, pelo Eintracht Frankfurt, notícias dão conta de que Götze está de saída do Dortmund por falta de espaço no onze, Özil tem sido alvo de muitas críticas nos últimos anos pelos fãs do Arsenal, pela sua falta de rendimento, Reus (que não está na convocatória acima por se ter lesionado a poucos dias do arranque do mundial) decidiu interromper a sua carreira por causa das lesões que sempre o atormentaram.

Schweinsteiger embarcou numa nova aventura no Man. Utd. apenas um ano após a conquista do mundial e nada mais correu bem, acabando por terminar a sua carreira no Chicago Fire da MLS. Até mesmo Neuer, um dos melhores guarda-redes de todos os tempos, já teve que lidar com lesões desde esse mundial e há até quem diga que nunca mais foi o mesmo desde essas lesões.

Vamos a ver e os únicos jogadores que ainda se vão aguentando no topo mundial, mesmo depois destes anos todos, são estes: Hummels, Müller, Boateng e Kroos. Quatro jogadores de um plantel de 23 campeões mundiais que continuam a demonstrar o que nos habituaram a ver, qualidade. É estranho pensar que tudo isto é uma coincidência e que todos estes jogadores simplesmente tiveram azar com lesões ou que simplesmente perderam a garra de querer continuar ao mais alto nível… É bizarro ver como Götze, uma das maiores pérolas da altura, passou a ser suplente pouco utilizado no seu próprio clube. É inexplicável ver Schürrle a terminar uma carreira aos 29 anos, é estranho ver Reus a não poder mais com dores e, por último, é estranho ver toda uma geração a cair no esquecimento após terem tocado no céu.

Enquanto adepto de futebol e grande fã desta seleção que nos levou numa viagem incrível durante o mundial do Brasil, tenho pena que ninguém se pergunte o que aconteceu a estes grandes craques e que não se questionem de quais poderão ter sido as razões por detrás da queda de toda uma geração. É algo que me inquieta, ver como os jogadores por vezes são esquecidos por não demonstrarem o mesmo desempenho do passado e que consequências em termos psicológicos isso pode ter num atleta de alta competição.

Artigo revisto por Joana Mendes

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O João tem 21 anos e é uma amante da escrita jornalística e do futebol. O seu principal valor que pretende levar para sempre é a imparcialidade, não tendo, por isso, qualquer preferência clubística. A sua verdadeira preferência recai sobre o futebol enquanto modalidade. Está a tirar a licenciatura em Ciências da Comunicação na Universidade do Porto.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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