O Conselho Técnico do Campeonato Brasileiro rejeitou a proposta de começar a utilizar o VAR (vídeo-árbitro) na próxima edição do Brasileirão. A justificativa dada pela maioria dos clubes que votaram contra a utilização do VAR foi o valor do custo da implementação (20 milhões de reais por todo o campeonato), com isso o projeto fica “engavetado” na CBF. A CBF propôs que cada um dos 20 participantes do Campeonato Brasileiro 2018 pagasse 1 milhão de reais para que atingisse a meta dos 20 milhões.
A proposta da CBF é ridícula. Uma Confederação de futebol que arrecada milhões de dólares por ano, deveria se sentir na obrigação em investir na melhoria do campeonato que administra. Em todos os países que utilizam o VAR são as Confederações locais que financiam o serviço. Outra questão que compete a CBF foi o valor calculado para a sua implementação. Vinte milhões de reais é um valor exagerado.
Em Portugal o custo pela implementação do VAR é de quatro milhões de reais por temporada. Porque no Brasil o valor é cinco vezes maior? Quem ganharia com isso? Essa é mais uma prova que a CBF não se importa com o nosso futebol. Para concluir o assunto CBF, a nossa “gloriosa” Confederação liberou a venda do mando de campo para o Brasileirão. Isso é uma aberração, que prejudica o equilíbrio e a competividade da competição.
Os clubes também são culpados. Votar contra o VAR é deixar o futebol brasileiro estagnado. O que espanta é que a justificativa não foi apenas o valor orçado pela CBF, a incerteza da eficiência do serviço também serviu como argumento. A ideia, dos clubes, é esperar para ver como o serviço será utilizado na Copa do Mundo, para depois avaliar a sua eficácia. Isso é ignorar e mostrar desconhecimento do futebol mundial. Na Alemanha, Itália e em Portugal já utilizam o VAR. Pode se questionar algumas questões de sua utilização como maneira para aperfeiçoar o serviço durante os jogos, mas nunca ignorar que o VAR pode legitimar, justamente, um vencedor.
Esse é mais um retrocesso do futebol brasileiro. Venda de mando de campo, campeonato nacional até apenas a quarta divisão, futebol feminino abandonado, estádios vazios em boa parte da temporada, a maioria dos profissionais do futebol desempregados a maior parte do ano e agora sem um investimento, do VAR, que seria simples para a CBF aplicar. Brasil o país do futebol? Nunca foi.
Abaixo a relação dos clubes que votaram a favor e contra a utilização do VAR:
Clubes que votaram contra:
América, Atlético-MG, Atlético-PR, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Fluminense, Santos, Paraná, Sport, Vasco e Vitória.
Clubes que votaram a favor:
Bahia, Botafogo, Chapecoense, Flamengo, Grêmio, Internacional e Palmeiras.
O São Paulo não participou da votação, pois o seu presidente saiu da reunião antes da votação.
Foto de Capa: Lucas Uebel