Rogério Ceni: Goleiro-Ídolo, Treinador-Decepção

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Falar em Rogério Ceni é falar em um dos maiores ídolos do futebol brasileiro na atualidade. São 132 gols na carreira, mais de 20 títulos conquistados no São Paulo e uma lista extensa de recordes quebrados. O ex-goleiro sem dúvidas faz jus ao apelido: mito. Mas parece que Rogério está há muito tempo querendo macular essa imagem de ídolo intocável no time paulista.

Quem viu o Rogério Ceni jogar ou acompanhou sua carreira sabe o quão dedicado e profissional ele é. Ceni ama futebol, mas esse amor quase prejudicou sua história no São Paulo, quando o ex atleta decidiu estender a carreira de goleiro por mais dois anos no clube, mesmo quando já não conseguia atuar em alto nível. No ano passado, quando de forma tardia decidiu parar de jogar futebol, Ceni assumiu o posto de treinador do clube, mesmo sem ter estudado ou se preparado adequadamente para uma responsabilidade à altura. O desfecho disso era previsível: desastre. Mas a história vitoriosa de Rogério, a identificação dele pelo São Paulo e o apoio incondicional da torcida acabaram dando forças a essa insanidade.

Mas vamos aos números…

Desde que Rogério Ceni assumiu o cargo de técnico do São Paulo foram 25 jogos oficiais, 11 vitórias, 9 empates e 5 derrotas. 56% de aproveitamento. Olhando superficialmente não parece uma grande decepção, mas vamos contextualizar:

– O time de Ceni foi eliminado do campeonato paulista;

– O time de Ceni foi eliminado da copa Sul Americana;

– O time de Ceni foi eliminado da Copa do Brasil;

– O aproveitamento do São Paulo contra times que disputam a série A do campeonato brasileiro é de 40%, sendo 3 vitórias, 2 empates e 4 derrotas.

Ou seja, mesmo estando com um aproveitamento relativamente razoável, a temporada do tricolor paulista está sendo um grande desastre. A única esperança do São Paulo esse ano é o Campeonato Brasileiro, onde começou com derrota para o Cruzeiro por 1 x 0 no último Domingo (14).

Dentro das 4 linhas…

Teoricamente o São Paulo é um bom time. Jogadores como Lucas Pratto, Cueva e Maicon têm nível técnico para serem titulares em qualquer clube brasileiro. Mas o esquema tático do time comandado por Ceni  não funciona e os principais jogadores da equipe acabam fazendo partidas abaixo do que poderiam. O tricolor joga de forma ofensiva e busca o gol constantemente, mas a equipe é extremamente desajustada, principalmente na defesa, onde os erros individuais e coletivos são mais visíveis.

Rogério ainda não conseguiu dar um padrão tático ao time, que tem uma postura bastante irregular nas partidas, ora nervosa, ora cadenciada. Nesta temporada foram 31 gols sofridos, o que mostra que não é difícil balançar as redes tricolores, até mesmo para times considerados pequenos.

Rogério Ceni durante entrevista coletiva Fonte: midiamax.com.br
Rogério Ceni durante entrevista coletiva
Fonte: midiamax.com.br

Falta de preparo e experiência fora dos gramados

Não é somente em campo que Rogério parece perdido, fora dele também. As entrevistas coletivas cedidas pelo treinador parecem piada. Ceni adotou uma postura altamente otimista mesmo diante as recentes eliminações, exaltando o espírito de equipe do São Paulo e minimizando os fatos negativos. O treinador se apega ao aproveitamento do time no ano para justificar que está indo bem na temporada, como se ter 3 eliminações em menos de 2 meses fosse um mero detalhe para o “ótimo” time paulista.

É extremamente comum que ex-jogadores se tornem treinadores. É até um caminho trivial da carreira. Mas para comandar uma equipe de futebol do nível do São Paulo não basta ter experiência como jogador, ser ídolo ou dedicado. É preciso se preparar, estudar, e acima de tudo, adquirir experiência como auxiliar ou passar por equipes menores. Tudo o que Rogério não fez.

Com essa dura sequência de eliminações nesse primeiro semestre até mesmo o Guardiola teria perdido o emprego no futebol brasileiro. O que ainda segura Ceni no São Paulo é a sua bonita história no clube e o apoio da torcida, que para o ídolo tem uma enorme paciência. Mas até mesmo a paciência para ídolos tem limites. O Campeonato Brasileiro é a última chance que Rogério Ceni tem para salvar a temporada tricolor, entretanto, se continuar da forma que está, o mais provável é que a equipe brigue para não  cair para a segunda divisão.

Para Ceni, basta rever alguns conceitos de futebol, procurar se aperfeiçoar na função e contar com a ajuda de pessoas experientes na comissão técnica, para dessa forma, evitar que sua história de goleiro no São Paulo seja manchada por uma aventura mal sucedida como treinador de futebol.

Foto de Capa: São Paulo FC

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Renato M. Mendes
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Jornalista brasileiro apaixonado por Rock and roll, poesia e futebol. Desde criança tem no primeiro campeão mundial (Palmeiras) um amor irrestrito. Fascinado pelo mundo da bola, resolveu dedicar parte de seu tempo a fazer análises sobre o futebol de seu país, tendo sempre como horizonte a ética jornalística.                                                                                                                                                 O Renato escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico e todos os artigos são redigidos em português do Brasil.

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