Atlético Madrid 0-0 Chelsea: muro blue trava colchoneros

O Vicente Calderón foi o palco da primeira grande noite de meias-finais da Liga dos Campeões: Atlético de Madrid e Chelsea, os dois underdogs na corrida pela grande final de Lisboa, protagonizaram um jogo intenso que acabou por redundar num nulo, deixando tudo em aberto para a segunda metade da eliminatória, a disputar em Inglaterra.

Tal como se previa, a partida traduziu um duelo táctico interessantíssimo entre dois dos maiores treinadores da actualidade – Diego Simeone e José Mourinho. Do lado dos anfitriões, o habitual 4-2-3-1, com Gabi e Mário Suárez no duplo pivot à frente da defesa de sempre e Koke, Diego e Raúl Garcia no apoio ao poderoso Diego Costa. Do lado dos forasteiros, um 4-5-1 com um meio-campo reforçado – forte fisicamente e muito batalhador -, composto por Obi Mikel, David Luiz e Lampard no centro e Ramires e Willian sobre as alas; Torres, de regresso a casa, foi destinado ao isolamento na frente de ataque.

A história do jogo conta-se rápido: o Chelsea fez de tudo para evitar sofrer golos, abdicou do ataque e montou uma estratégia que passava por dar a bola aos colchoneros, baixar as linhas ao máximo e impedir o adversário de chegar à baliza com perigo; o Atlético foi tentando encontrar o caminho do golo – fundamentalmente através de remates de meia distância e cruzamentos para a área -, mas nunca foi capaz de derrubar a bem organizada muralha blue, que hoje até jogava de preto. Resultado: 27-5 em remates e 68% de posse de bola para nuestros hermanos. Contrariando o ditado, a água mole fartou-se de bater em pedra dura, mas não chegou a furar.

O compromisso de ambas as equipas foi evidente na disputa de todos os lances  Fonte: UEFA
O compromisso de ambas as equipas foi evidente na disputa de todos os lances
Fonte: UEFA

Ainda sem registo de ocasiões de golo e com as equipas a estudarem-se mutuamente, uma lesão de Petr Cech obrigou Mourinho a proceder à primeira alteração na partida: o experiente Mark Schwarzer substituiu o malogrado guardião checo na baliza do Chelsea. Raul Garcia, de cabeça, e Diego, de fora da área, eram quem mais procurava a vantagem, mas a melhor ocasião de perigo no primeiro tempo saiu dos pés de Mário Suárez – um remate forte, colocado e carregado de efeito à entrada da grande área obrigou o guarda-redes australiano a aplicar-se para evitar o primeiro.

O Atlético, sempre com o capitão Gabi e Mário Suárez a servirem de plataforma giratória no meio-campo, ia tendo em Diego o seu playmaker. Quase todos os ataques eram definidos pelo brasileiro, que recuava para emprestar à equipa a visão de jogo, a capacidade de passe e a colocação do seu remate que lhe são conhecidas. Koke, surgindo entre linhas sobre a esquerda, e Raúl Garcia, partindo quase sempre da direita para o meio no sentido de densificar a presença na área, iam procurando auxiliar um Diego Costa muito bem marcado. A missão de dar largura à equipa cabia aos laterais, Filipe Luís e Juanfran, constantemente subidos e muito interventivos na manobra ofensiva.

Todavia, o Chelsea, claramente apostado em defender e com Torres como único homem na frente, nunca permitiu grandes veleidades e fez-se valer do rigor posicional e da capacidade atlética para travar os ataques madrileños. Mikel era um autêntico terceiro central; David Luiz e Lampard, sempre muito retraídos, só a espaços se aventuravam no meio-campo adversário e serviam essencialmente de tampão no centro do terreno; Ramires e Willian estiveram sempre mais preocupados em proteger as investidas dos laterais adversários do que em atacar. De resto, nas poucas ocasiões em que procuravam lançar-se no contra-ataque eram abafados pela eficiente pressão dos homens da casa. A única vez em que ambos tiveram espaço para criar um lance de ataque rápido – o mais perigoso dos britânicos em toda a primeira metade -, culminou com um cruzamento-remate disparatado do ex-benfiquista Ramires.

Diego Costa, sempre vigiado e sem espaço nas costas da defesa, foi bem anulado  Fonte: UEFA
Diego Costa, sempre vigiado e sem espaço nas costas da defesa, foi bem anulado
Fonte: UEFA

O intervalo chegou e o regresso dos balneários não alterou a toada. O Atlético mudou ligeiramente o desenho (transformando o 4-2-3-1 inicial no 4-4-2 habitual) – Koke manteve-se na esquerda, Diego passou para a direita e Raúl Garcia aparecia cada vez mais como segundo avançado, na tentativa de se fazer valer do seu bom jogo aéreo para corresponder aos cruzamentos que iam sendo frequentemente lançados para a área do Chelsea. A verdade é que esses mesmos cruzamentos iam sendo facilmente cortados pelas torres inglesas. À meia hora de jogo, a primeira mexida de Simeone: Arda Turan entrou para o lugar de Diego. Alguns minutos depois, Terry magoou-se e deu lugar a Schurrle: o alemão passou a jogar na direita, puxando Ramires para o meio (onde estava David Luiz) e David Luiz para o eixo da defesa (onde estava Terry). A partir daí, com o jogo ligeiramente mais partido em virtude do desgaste dos atletas, o Chelsea ainda tentou esboçar algum atrevimento, mas o Atlético continuou por cima até ao apito final. Sosa (79’) e Villa (86’) ainda entrariam em campo, assim como Demba Ba (90’), mas o placard insistiu em não mudar até ao apito final do árbitro.

Usando os conceitos típicos do futebolês, pode sintetizar-se tudo isto dizendo que o Atleti dominou o jogo e que o Chelsea nunca deixou de o ter controlado. As equipas anularam-se e a passagem à derradeira final foi adiada para o encontro de Stamford Bridge, que promete ser electrizante. O Chelsea não vai poder contar com Matic (impedido de jogar nas competições europeias), Lampard e Mikel (suspensos depois dos amarelos que viram hoje), mas, mesmo com um meio-campo desfalcado, os blues vão, com certeza, arriscar mais do que hoje. O desfecho é imprevisível e antevê-se mais uma bela noite de xadrez sobre o relvado.

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Francisco Manuel Reis
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Apaixonado pela escrita, o Francisco é um verdadeiro viciado em desporto. O seu passatempo favorito é ver e discutir futebol e adora vestir a pele de treinador de bancada.                                                                                                                                                 O Francisco não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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