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2025: O ano em que o PSG deixou de viver de nomes e passou a viver de ideias

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Durante anos, a equipa francesa do PSG viveu refém de um paradoxo: talento individual em abundância, mas incapacidade crónica de se afirmar como equipa na alta roda do futebol europeu. Durante mais de uma década e depois de ter tido um investimento avultado de um grupo qatari, passaram grandes nomes do futebol moderno pela equipa parisiense, casos de Beckham, Di Maria, Verratti, Ibrahimovic, Cavani, Neymar, Mbappé e Messi, entre outros.

Uma autêntica constelação de estrelas, mas que nunca conseguiu (por uma ou outra razão) materializar uma imensidão de talentos na conquista do título mais desejado: o da Champions League.

A esses nomes anteriormente mencionados, talvez tenha faltado o comando de um treinador convicto nas suas ideias, e um líder que quer que os focos estejam sempre em sobre si, sendo ele a verdadeira estrela da equipa.

Luis Enrique vinha de uma passagem convulsa e polémica ao serviço da seleção espanhola. A Espanha tinha caído nos oitavos de final do Mundial 2022 aos pés da selecção de Marrocos (que curiosamente, foi também o carrasco de Portugal), e a sua escolha para comandar um plantel jovem com uma estrela planetária em Kylian Mbappé, não foi de todo unânime.

No ano em que dispôs de Mbappé no seu plantel, Luis Enrique falhou o objectivo principal. Apesar de ter sido campeão francês (quase uma inevitabilidade, dado a discrepância de qualidade e nível competitivo para as restantes equipas), o PSG foi eliminado pelos alemães do Borussia Dortmund nas meias-finais da competição de forma inglória.

Apesar dessa cruel eliminação, o presidente do PSG Nasser Al Khelaifi confiou que Luis Enrique seria o homem certo para proceder a uma profunda reformulação do plantel na época seguinte, onde já não iria figurar o astro francês Mbappé, que insatisfeito por não conseguir cumprir o seu sonho de ganhar a Champions League por aquele que diz ser o seu clube do coração (permitam-me questionar a veracidade e honestidade de tal afirmação quando o próprio Mbappé colocou o PSG em tribunal), decidiu sair a custo zero para os espanhóis do Real Madrid, incontestável dominadora da maior competição de clubes do mundo.

O início da era pós-Mbappé na época transacta não foi nada fácil, e apesar do PSG exibir um futebol mais vistoso, estava a ter um início absolutamente desastroso da fase de grupos da Champions League, no qual apenas foi salvo devido ao fato da prova estrear um novo formato de fase de grupos em que se disputam oito jogos.

Um formato no qual cada equipa defronta oito clubes diferentes, e que abre espaço a uma maior emoção, e consequentemente, a uma maior indefinição na classificação para a fase seguinte. A três jornadas do fim da fase de grupos, Luis Enrique via seriamente comprometido o apuramento para os 16-avos-final da prova, uma vez que o top 8 já era uma miragem, devido ao fato de ter apenas averbado quatro (!) pontos nas primeiras cinco jornadas.

Só que em 2025, um super contestado Luis Enrique conseguiu o seu toque de midas e não só viu a sua equipa operar uma reviravolta épica (o resultado terminou 4-2 a favor dos franceses) na penúltima jornada contra os ingleses do Manchester City depois de estarem a perder por 2-0 em Paris, como viu como a sua equipa começava a carburar e a exibir níveis de excelência que fizeram com que o PSG acabe este ano de 2025 com seis títulos conquistados, e tendo sido indubitavelmente a melhor equipa do mundo.

Desses seis títulos conquistados (Supertaça de França, Ligue 1, Champions League, Taça de França, Supertaça Europeia e Taça Intercontinental), aquele que certamente colocou esta equipa do PSG noutro patamar, foi a conquista da Champions League, numa final de sentido único ganha por 5-0 aos italianos do Inter.

A contratação cirúrgica do georgiano Kvicha Kvaratskhelia no mercado de Inverno, foi um factor absolutamente determinante para que a equipa se consolidasse e passasse a dispor da peça que faltava naquela máquina tão bem oleada e trabalhada por Luis Enrique.

A erupção do prodígio francês Desiré Doué (que gradualmente foi roubando o espaço ao endiabrado e igualmente talentoso Bradley Barcola), a consagração de jogadores como Vitinha, a reconversão de jogadores como as de Ousmane Dembelé (o atual Bola de Ouro), a velocidade estonteante e capacidade de desequilíbrio dos seus laterais Hakimi e Nuno Mendes, a segurança e consistência defensiva da dupla de centrais Marquinhos-Pacho, a classe de Fabián Ruiz e a absurda regularidade exibicional do internacional português João Neves, formaram uma estrutura muito sólida e desenvolveram um futebol delicioso e de alta voltagem.

Deixei propositadamente para o fim a menção a Gianluigi Donnarumma, porque apesar de ter sido um dos grandes responsáveis pelo sucesso do PSG, Luis Enrique decidiu prescindir surpreendentemente dos seus serviços no início desta nova época, por considerar que no futebol moderno, é necessário um guarda-redes que tenha um bom jogo com os pés, sendo dessa forma o primeiro criador do jogo da equipa. 

E apesar da estupefação geral que gerou esta decisão do técnico espanhol (inclusive nos próprios companheiros de equipa do próprio guardião italiano), a verdade é que o PSG ganhou mais dois títulos já sem Donnarumma na baliza, e onde os guarda-redes do actual plantel do PSG foram absolutamente decisivos: a Supertaça Europeia, na qual o seu substituto Lucas Chevalier foi herói no desempate das grandes penalidades contra os ingleses do Tottenham, e a recente Taça Intercontinental conquistada em grande parte pelo majestoso contributo do herói improvável: o guarda-redes russo Matvey Safonov, que se exibiu em estado de graça, defendendo quatro penalties consecutivos (!) dos jogadores do Flamengo.

Costuma-se dizer que um grande campeão precisa de uma ligeira dose de sorte, e o PSG também teve momentos em que foi bafejado por alguma sorte, ou a famosa estrelinha de campeão, como habitualmente dizemos na gíria futebolística.

Mas isso jamais pode colocar em causa o mérito absoluto das conquistas desta equipa francesa, que com uma mescla de experiência e irreverência dos seus jovens talentos, deslumbrou o mundo do futebol, tendo agora o difícil e árduo objectivo de continuar a ser tão dominadora.

Neste momento, todos os êxitos do conjunto francês estão assentes num projeto coerente, numa liderança forte e incontestável do seu técnico principal, com ideias claras e jogadores dispostos a servir o coletivo.

Para termos uma noção da dimensão da proeza da equipa parisiense, apenas outras duas equipas tinham conseguido ganhar seis títulos num só ano: o Barcelona em 2008/2009 naquela que foi a melhor equipa de futebol que eu vi jogar, superiormente treinada e conduzida por Pep Guardiola no seu primeiro ano (!) como treinador principal. E a outra equipa a alcançar esse feito tinha sido o Bayern Munique de Hansi Flick, um autêntico rolo compressor que conquistou tudo o que havia para conquistar durante esse ano tão especial e particular de 2020, por estarmos em plena pandemia do COVID-19. 

Este foi o ano em que o Paris SG deixou de ser apenas uma promessa incumprida e passou a ser, finalmente, uma equipa de futebol com identidade. Ganhar muito não é o mesmo que ganhar bem. O PSG de 2025 fez as duas coisas.

Os seis troféus conquistados ao longo do ano não foram fruto de picos isolados de forma, mas sim da consistência de um modelo, da repetição de comportamentos, da clareza nos princípios e da maturidade competitiva demonstrada em diferentes contextos e competições.

Mesmo a única mancha no percurso (a derrota na final do Mundial de Clubes contra os ingleses do Chelsea), surgiu mais como consequência do desgaste físico extremo acumulado por uma época longa e intensa, do que por qualquer falha estrutural. Jogadores claramente esgotados, pouco tempo de recuperação e um calendário impiedoso explicam mais do que qualquer análise simplista sobre qualidade ou ambição. Esse jogo não apaga  nada. Pelo contrário: humaniza uma época quase perfeita. 

Como disse anteriormente, nada disto teria sido possível sem Luis Enrique. O técnico espanhol assinou em Paris um verdadeiro trabalho de autor: um PSG que pensa o jogo, que sabe quando acelerar e quando pausar, que defende com bloco curto e ataca com critério, ocupando bem os espaços e pressionando com inteligência.

Luis Enrique fez aquilo que os seus antecessores não conseguiram: tirou o ego do centro do projeto e colocou a equipa a trabalhar em função do coletivo, onde as individualidades acabam por sobressair naturalmente, mas em que a palavra de honra é o “NÓS”.

Cada jogador sabe o que fazer, onde estar e porquê. O jogo deixou de depender de rasgos individuais e assenta em mecanismos coletivos bem treinados. Isso não mata o talento,  potencia-o. E foi exatamente aí que alguns jogadores cresceram de forma exponencial, e puderam exprimir todo o seu futebol em plenitude.

Dentro desse sistema, os quatro portugueses que compõem o plantel do PSG, tiveram um impacto absolutamente decisivo. E entre eles, Vitinha destacou-se como o verdadeiro cérebro desta equipa, sendo absolutamente consensual que o médio português já é, senão o melhor, um dos melhores médios do mundo.

Vitinha Portugal
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Vitinha é o elo que liga todos os pontos e vectores da equipa. É por ele que passam todos os ataques do PSG. É ele quem organiza o jogo, quem temporiza quando a situação assim o dita, é quem dita os ritmos, é quem dá critério à posse de bola, ajuda na pressão e na recuperação de bola, e nunca se esconde nos grandes jogos ou quando a bola possa queimar aos seus restantes colegas. 

Vitinha não esteve sozinho. Os restantes portugueses (Nuno Mendes, João Neves e Gonçalo Ramos) trouxeram algo que este PSG precisava desesperadamente: intensidade de jogo, técnica em velocidade, disciplina tática, inteligência posicional, compromisso coletivo e golos em momentos decisivos. 

João Neves Vitinha Nuno Mendes Diogo Jota Francisco Conceição Portugal Jogadores
Fonte: Paris Saint-Germain FC

O que mais impressiona neste Paris SG não é a quantidade de títulos, é a forma como os ganhou. Esta é uma equipa que não entra em pânico quando sofre um golo, raramente se desorganiza, não se perde emocionalmente nos momentos de pressão e maior tensão competitiva, e sabe competir contra qualquer equipa.

Uma equipa que ganha porque sabe jogar, e porque os seus jogadores acreditam fielmente nos processos do seu treinador, que tem uma liderança muito forte e carismática no banco. Se o futebol é feito de ciclos, este PSG não parece estar a viver um pico passageiro. Parece, isso sim, ter encontrado finalmente um caminho: aquele onde deixou de viver de nomes e passou a viver de ideias em prol de uma equipa.

Tiago Campos
Tiago Campos
O Tiago Campos tem um mestrado em Comunicação Estratégica mas sempre foi um grande apaixonado pelo jornalismo desportivo, estando a perseguir agora esse sonho. Fã acérrimo do "Joga Bonito".

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