Com o início da nova época a avizinhar-se nos principais palcos futebolísticos, a nova edição da Ligue 1 promete uma temporada mais competitiva. Após a temporada magnífica do PSG, ao vencer a Liga dos Campeões (primeiro clube francês a ganhar após o Marselha em 1993) e sobreviver até à última final possível da época, no Mundial de Clubes 2025, todos os olhos estarão postos e preparados, para os parisienses revalidarem o título e apreciar com mais detalhe o campeão europeu em França. Apesar de haver um claro favorito, a janela de transferências e os movimentos de vários clubes, assim como a luta acesa até à última jornada, para os lugares europeus, apresentam três casos claríssimos dentro do campeonato francês, de equipas prontas a desafiar pelo acesso à Champions League.
1.
Estrasburgo – O coletivo liderado pelo treinador revelação da última época, Liam Rosenior, qualificou-se para a Conference League desta temporada, semelhante ao caso do seu clube parente, o Chelsea. (ambos fazem parte do consórcio Blue Co). Alias, pode-se até dizer que com os jovens contratados aos “Blues” em estatuto permanente ou por empréstimo – com Mathis Amougou (que já têm experiência na Ligue 1 com o Saint Étienne), Kendry Páez (estrela da seleção equatoriana) ou o defesa central Mamadou Sarr – a formação de Alsace, tem uma boa fonte para a aquisição de talentos e gestão de jogo, com 33 jogadores inscritos, o maior número de uma equipa na Ligue 1.
O que pode parecer avultado, em primeira mão, mas relembra o mesmo modelo do clube londrino, especialmente para conciliar uma qualificação para a Champions e competir pelo título da segunda divisão da Liga Europa. Ao mesmo tempo, estes são jogadores que permitem colmatar a saída de Andrey Santos no meio-campo. Não são só os afiliados do Chelsea, que deverão contribuir para o sucesso desta equipa. Com nomes como Emmanuel Emegha (17 golos e assistências na temporada passada), o luso-belga Diego Moreira (ex-Benfica e Chelsea), e o médio sueco Sebastian Nanasi (seis golos e quatro assistências) o Estrasburgo apresenta um núcleo jovem sem experiências significativas, mas com um potencial imenso, para elevar o seu jogo e chegar à fase de liga da Champions League.
2.

AS Mónaco – O Mónaco está a ter, provavelmente, a melhor sequência de temporadas, desde o êxito estrondoso do clube na última década, a nível nacional e internacional. Apesar de não ter ganho nenhum troféu, a formação encontra-se de novo no alto patamar do futebol europeu, e ao que tudo indica, a estrutura monegasca não pretende abrandar.
Com as contratações de Ansu Fati (para substituir Edan Diop, em empréstimo ao Cercle Brugge e criar competição no flanco esquerdo com Takumi Minamino), e o retorno aos relvados de Paul Pogba, a ambição do clube não é só de permanecer no top 3, como nas duas últimas temporadas, mas também de reforçar posições onde já estão bem servidos. Outro jogador que deverá ser um destaque é Mika Biereth, que chegou em janeiro ao clube. Em apenas 16 jogos, marcou 13 golos, mostrando uma veia goleadora que pode continuar a surpreender na próxima temporada.
Com a provável saída de Maghnes Akliouche para o Bayer Leverkusen, uma das estrelas do plantel e o principal criador de jogo da formação de Adolf Hütter, apenas o tempo dirá se Pogba consegue voltar aos velhos tempos e impor o seu brilho de forma imediata no jogo. O único entrave vem com as exibições de pré-época, onde Fati e Pogba não participaram. Sendo jogadores constantemente afetados por lesões, o Monaco optou por uma abordagem cautelosa para ambas as reintroduções. As entradas podem ainda não ter terminado – o jovem Ben Doak do Liverpool está na lista de possíveis atacantes a juntarem-se à ilustre lista de aquisições, após Fati, Pogba e Eric Dier (ex-Sporting e Tottenham Hotspur).
3.

Marselha – Se há incertezas, acerca dos dois clubes acima, uma coisa está garantida: os adeptos do Marselha têm vários motivos para ficar ansiosos, e também grandes razões para especular como céticos. A chegada de Roberto de Zerbi como treinador, na última temporada, iniciou uma nova era no clube e renovou as aspirações a lugares europeus. Mesmo assim, após voltar às competições europeias, a equipa do treinador italiano ficou em segundo lugar, mas a 20 pontos do líder PSG, mas ficando muito aquém das expectativas ideais da massa associativa. De Zerbi sempre manteve firme e clara a crença de continuar a relação simbiótica com o clube, mesmo com a vaga de dúvidas sobre o seu compromisso em ganhar títulos, ao longo da segunda metade da época. E uma coisa é certa, mais vale ter De Zerbi para acompanhar a equipa, especialmente na tentativa de reduzir distância astronómica com o PSG, do que deitar o projeto por água abaixo.
Com a entrada de Timothy Weah, internacional norte-americano proveniente da Juventus, para complementar o ataque de De Zerbi, perante a possível saída de Jonathan Rowe recém-chegado do Norwich, que pode sair para um outro clube francês ainda nesta janela. Weah também deve servir como um atacante que poderá substituir Rowe no onze inicial, e reduzir a discrepância de golos entre ponta de lança e o extremo direito, Mason Greenwood (melhor marcador da Ligue 1, juntamente com Ousmane Dembélé).
A adição de Edon Zhegrova (em negociações iniciais com o Marselha) e Angel Gomes (ex-Boavista), ambos peças-chave do Lille em recentes temporadas, assim como a liderança do internacional francês Adrien Rabiot e a decisão do clube de manter Neal Maupay e Pierre-Emile Hojbjerg, desta vez a título permanente, mostra a intenção de De Zerbi de continuar com o coletivo que lhe permitiu estabelecer as fundações de uma eventual corrida ao título francês.
Outros candidatos aos lugares europeus
O Nice (atual adversário do Benfica na terceira pré-eliminatória da Champions League) e Lille também deverão estar na conversa para a Europa League e a Conference League. Entre os investimentos mais recentes de donos norte-americanos, destaque para o Le Havre AC (do grupo Blue Crow), que terminou em décimo quinto lugar. Embora haja uma iniciativa financeira crescente do outro lado do Atlântico, é importante relembrar que muitos destes clubes são vistos com uma oportunidade de reconstrução, devido ao seu estado de falência há alguns anos atrás.

Apesar de recém-promovido, até me atrevia a meter o Paris FC nesta conversa. A mudança do clube para o Stade Jean-Bouin, a exatamente 44 metros de distância do Parc des Princes, pode servir como vantagem económica para futuras janelas. A contratação de Otávio ao FC Porto, assim como jogadores experientes dentro da primeira divisão em Moses Simon (ex-Nantes, com mais de 100 jogos na Ligue 1), é um modo de recrutamento parecido à tática do Sunderland esta temporada (também recém-promovido), reforça a intenção deste projeto aliciante.

Com as saídas de Lacazette e Cherki do Lyon, e os problemas financeiros a condicionar a estratégia na janela, é justo prever que o foco do Lyon é tentar estar ativo na frente europeia, e ir além dos quartos de-final após a eliminação frenética contra o Manchester United. A aquisição de Afonso Moreira ao Sporting, Tyler Morton ao Liverpool e a permanência do extremo Malick Fofana, apesar de rumores de uma transferência para Inglaterra durante o Mundial de Clubes, assinalam o início do rejuvenescimento da formação. E isto, na frente nacional pode colher frutos mais depressa, como o caso do Estrasburgo.