Tal como em anos anteriores, a luta pela manutenção na Ligue 1 continua a ser uma das mais renhidas das principais ligas europeias, pelo menos tendo em conta as tendências atuais de equipas que se encontram constantemente em perigo e de formações recém-promovidas que já estão a demonstrar a sua primazia contra os melhores clubes franceses, tendo em conta as 10 jornadas já disputadas esta temporada.
Este ano marca a terceira temporada consecutiva, desde que a LFP chegou a uma resolução quase unânime de reduzir o número de equipas na primeira divisão de 20 para 18, devido à partilha de receitas televisivas, o impacto da pandemia e a necessidade de melhorar a competitividade da liga no contexto da elite europeia. O Metz, Paris FC e o Lorient, são as adições novas ao campeonato atualmente liderado pelo PSG de Vitinha, Nuno Mendes, Gonçalo Ramos e João Neves.
Como vários esperavam, a equipa da capital é a mais bem-sucedida na tabela neste momento, (mesmo com a presença do Lorient, atual campeão do segundo escalão) mas não pelas razões antecipadas.
Vale sempre reconhecer o investimento da família Arnault, uma das mais ricas em França, que obviamente culminou em várias contratações para reforçar diretamente o onze inicial. Entre os reforços estão Jonathan Ikoné, extremo da Fiorentina, e Otávio, central brasileiro contratado ao FC Porto, por um recorde de transferência para o clube parisiense (17 milhões de euros).


Apesar disso, o clube é a terceira pior defesa, atrás dos outros recém-promovidos, o que mostra a dificuldade em se destacar destes, na sua primeira temporada em 46 anos no topo da pirâmide francesa. Até agora, um décimo segundo lugar não é mau para a formação de Stéphane Gilli. A equipa não mostra sinais de um possível sucesso como o Wolverhampton de Nuno Espírito Santo, que na primeira temporada garantiu um lugar para os play-offs da Europa League, ou o segundo lugar do Leipzig.
Mas existe, contudo, sinais positivos. Nomeadamente, uma das revelações da Ligue 2, na temporada passada, o extremo Ilan Kebbal, que já foi eleito melhor jogador do mês de agosto da liga, e que conta com cinco golos e quatro assistências nesta temporada. Com um início de temporada fulgurante, Kebbal encontra-se agora em posição privilegiada, sendo convocado nas últimas pausas internacionais, antes do Mundial de 2026.
A equipa também produziu exibições interessantes, nomeadamente no empate ao Lyon (3-3) em casa, e uma derrota de margem mínima contra o Estrasburgo (2-3). Veremos como serão os próximos testes de ferro contra o AS Mónaco e o dérbi da capital em janeiro, para poder avaliar se ainda existem algumas aspirações europeias.


O Metz, continua a demonstrar um futebol caótico, e muito abaixo do nível esperado para a primeira divisão. No último jogo, em casa, o lanterna-vermelha da liga conseguiu finalmente ganhar uma partida, após sete derrotas e dois empates nos primeiros nove encontros. Tendo em conta, o recente histórico, a equipa cai na categoria de um “yo-yo club” (ou, para reservar os anglicismos para outras ocasiões, uma equipa que sobe e desce de divisão constantemente), o que não acaba por descrever totalmente, a estagnação geral da equipa principal desde 2019, sempre num ciclo instável.


A janela de transferências, também não foi impressionante. A escolha da direção morcelliana em escolher maioritariamente reforços defensivos sem experiência na Ligue 1, provenientes da liga sueca, saudita e suíça (exceto Fodé Ballo-Touré, contratação livre ao Le Havre, e campeão italiano com Rafael Leão pelo Milan), é uma aposta no fator internacional que já custou caro ao clube, aquando na última temporada no topo do escalão (2023/24), onde as movimentações no ataque, não foram suficientes para garantir a permanência, contra clubes como o Nantes e Le Havre, ambos a acabar em 16° e 17°, respetivamente, e com menos golos marcados que o Metz.


O Lorient, que venceu a última edição da Ligue 2, subiu de divisão, com a certeza que iria perder para esta temporada, um dos melhores talentos da sua história, Éli Junior Kroupi, para o Bournemouth, clube com o qual tem filiações, por partilhar os mesmos acionários. No entanto, a equipa mantém-se firme com uma batalha a três, com o Brest e o Nantes, (todos com nove pontos à décima jornada), apesar de um décimo oitavo lugar perigoso, que dá acesso ao play-off da manutenção. Para colmatar as implicações financeiras e ocupar o vazio deixado pela saída do jovem avançado, o avançado Mohamed Bamba, normalmente utilizado na temporada passada como suplente, ou num 4-4-2 para acomodar Kroupi, tem sido a solução encontrada e não deve mudar mesmo após o desfecho da janela de inverno.
Um destaque que não é normalmente mencionado, tendo em conta a distância atual para os lugares de despromoção, é o Le Havre, que está cada vez melhor posicionado para permanecer mais uma temporada na Ligue 1.
Em 11.° lugar e na sua terceira temporada consecutiva, os 12 pontos conquistados em 10 jogos são, segundo o treinador Didier Digard, um sinal de progresso no caminho da consolidação do Le Havre como uma formação respeitável e desafiadora. Porém, vale a pena notar que nos últimos dois anos a equipa terminou no 17.°, um facto que não nos permite excluir a participação do Le Havre na eventual batalha contra a despromoção na próxima primavera. Num caso completamente diferente, o Auxerre, encontra-se em 19.°, após terminar em 11.°, na temporada passada para garantir a manutenção.

