Ninguém tem dúvidas que a França é uma das melhores seleções do mundo da atualidade. Esse estatuto começou a ganhar forma no final da década de 90, quando venceu um Mundial e um Europeu no espaço de dois anos. Mais recentemente conquistou outro Mundial, em 2018, e uma Liga das Nações, em 2021. Mas apesar dos bleus serem hoje uma potência do futebol e produzirem grandes talentos, a Ligue 1 está longe de ter o interesse comparativamente com as principais ligas europeias, como a inglesa, a espanhola, e até mesmo a italiana. Desde 2013 que o campeão francês tem sido praticamente o mesmo.
O PSG não tem tido rivais à altura, e os milhões das arábias que tem gasto todas as épocas ajudam a perceber porque venceu 11 campeonatos em 13 anos, alguns deles com larga vantagem sobre a concorrência.
A Ligue 1 pode não ser o campeonato mais apaixonante do planeta, mas sempre teve, e continua a ter, jogadores de classe mundial. Muitos deles, quase todos da “casa”, brilharam no seu país e deram o salto para ligas de maior dimensão. O maior destaque vai para Zinédine Zidane, que antes de se transferir para a Juventus e posteriormente para o Real Madrid, mostrou toda a sua magia no Bordéus.
Mas também temos os exemplos de Thierry Henry (Mónaco-Arsenal), Karim Benzema (Lyon-Real Madrid) ou mais recentemente, Kylian Mbappé (Mónaco-PSG-Real Madrid). Houve também muita qualidade ao longo dos anos com jogadores de outros países, e não podia deixar de referir dois nomes incontornáveis do desporto rei. Zlatan Ibrahimovic e Lionel Messi. Pisaram os relvados gauleses em períodos diferentes, mas defenderam as mesmas cores.
As mesmas onde brilham hoje a maior parte dos craques da liga francesa, o PSG. Não estranhe por isso, caro leitor, que três dos cinco jogadores que vou apresentar nesta lista sejam do atual campeão europeu de clubes.
5.
Malick Fofana (Lyon) – Há que lhe chame o novo Eden Hazard, a antiga estrela belga, e não é por acaso. Este extremo de apenas 20 anos começou a destacar-se na Bélgica, ao serviço do Gent, e atualmente representa o Lyon, onde está desde 2023.
Fofana é um jogador rápido, muito habilidoso com a bola nos pés, e no ataque tanto pode jogar pela direita, como pela esquerda. Nunca dá um lance como perdido, e mostra muita inteligência tática. Não é um goleador, embora possa melhorar nesse aspeto, mas apresenta números interessantes da temporada passada, diria mesmo normais para um extremo. Marcou 11 golos e fez cinco assistências.
Alguns tubarões europeus já andam no seu encalce, e se fizer igual, ou melhor que na época transata, não deverá permanecer muito mais tempo em terras gaulesas.
4.
Mason Greenwood (Marselha) – Da cantera do Manchester United para o futebol francês. Mason Greenwood parecer ter relançado a sua carreira, depois de ter sido dispensado pelos red devils na sequência do escândalo sexual em que esteve envolvido. Foi emprestado ao Getafe na época 2023/2024, mas rumou ao Marselha, desvinculando-se definitivamente do clube de Old Traford. E em boa hora o fez.
Greenwood atua como extremo, mas muitas vezes podemos confundi-lo como um ponta de lança, já que o seu poder de finalização impressiona. Se dúvidas houvesse sobre a qualidade do jogador inglês de 23 anos, elas ficaram totalmente dissipadas na última temporada, com um registo de 22 golos em 36 jogos. Mas além do seu faro goleador, possui também uma grande capacidade técnica e é bastante rápido. Pode fazer todas as posições no ataque e joga bem com os dois pés.
Está a cumprir a sua segunda temporada ao serviço do Marselha, mas esta parecer ser já uma equipa pequena para a sua dimensão futebolística.
3.
Désiré Doué (PSG) – Tem apenas 20 anos, e muito, muito futebol nos pés. A nova pérola francesa promete ser um caso sério do futebol mundial nos próximos anos. O extremo realizou uma época fantástica ao serviço do PSG, que culminou com a conquista da Liga dos Campeões, onde foi mesmo considerado o melhor jogador em campo na final frente ao Inter de Milão, com dois golos e uma assistência.
Seja pelo meio, pela esquerda ou pela direita do ataque, as suas arrancadas são uma autêntica dor de cabeça para os adversários, tal é a facilidade como passa por eles. Doué apresenta argumentos técnicos como poucos na liga francesa. Joga bem com os dois pés e tem um forte remate e colocado. E para além de marcar golos, também os oferece com a sua grande visão de jogo. Na época passada marcou 16 golos e fez 14 assistências.
Ficou em 14.º na edição deste ano da Bola de Ouro, mas tem todas as condições para entrar no Top 10 nos próximos anos.
2.
Vitinha (PSG) – Ficou em terceiro na Bola de Ouro, mas aqui merece, e muito, estar em segundo. O mundo do futebol rendeu-se à fantástica época que Vitinha realizou em 2024/2025.
O médio internacional português parece ter dentro dele um compêndio de futebol, com uma panóplia de leituras de jogo que poucos têm no campeonato francês. A forma como pega na bola e pauta os ritmos da partida, faz dele o principal motor do meio-campo parisiense. Só ele enche o campo com o seu sentido posicional. Não tem medo de assumir o jogo e é ele que muitas das vezes vai buscar bola à sua defesa para começar os ataques.
Na temporada passada marcou oito golos e fez cinco assistências, e na sua posição até são números bastante aceitáveis. Mas mais importante que marcar golos ou oferecê-los, o que interessa a Vitinha é fazer a sua equipa jogar, e nisso ele é exímio.
1.
Ousmane Dembélé (PSG) – E o primeiro lugar deste top só podia estar reservado a um homem. Um homem que há menos de uma semana tocou o céu no que diz respeito ao sucesso individual de um futebolista. Dembélé foi considerado o melhor jogador do mundo pela revista France Football, e arrebatou, aos 28 anos, a primeira Bola de Ouro da sua carreira.
Um prémio justo por tudo o que produziu na última época ao serviço do PSG, onde se sagrou campeão europeu. Podia usar todos os adjectivos e mais alguns, mas sublime é o primeiro que me ocorre para qualificar a sua prestação na temporada passada. Marcou 35 golos, fez 14 assistências, e com estes números realizou melhor a época da carreira, ele que esteve seis anos no Barcelona entre altos e baixos.
O extremo direito francês é um portento de técnica, velocidade e finalização. Gosta de jogar encostado à linha, mas na Ligue 1 tem feito muitas vezes o papel de segundo avançado. Uma das suas imagens de marca são as suas famosas arrancadas que deixam muitas vezes os adversários pregados ao relvado. Se há uns anos Messi era a principal estrela da liga francesa, hoje é Dembélé a ter esse privilégio.
