Há coisas que só acontecem em Inglaterra

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Por mais anos que passem, a FA Cup será sempre uma competição com um prestígio intocável. Primeiro, pela história, que começou há qualquer coisa como 144 anos! Depois, pelas estórias que lhe estão inerentes e, não menos importante, pela “democratização” da mesma, que faz agigantar equipas de segundo, terceiro, quarto e, por vezes, quinto escalão frente a adversários de primeira.

É certo que “tomba-gigantismo” também assiste outras taças, nomeadamente a nossa, mas não se verificam com tanta regularidade quanto em Inglaterra. Só este ano, por exemplo, o Middlesbrough (da 2ª divisão inglesa) foi ao Etihad eliminar o Manchester City, campeão inglês, por 2-0, e o Chelsea, actual líder da liga inglesa, foi derrotado pelo Bradford (3ª divisão) por claros 4-2. Situações anormais, é certo, mas que em Portugal ou outro país seriam de proporções catastróficas e cravadas nos anais da história do clube (como ficou a vitória do Gondomar na Luz ou as derrotas impostas por Torreense e Atlético ao FC Porto, nos últimos 20 anos).

O prestígio da competição e as estórias associadas que lhe estão associadas não são marcantes apenas pelos anos de história que tem, embora não se possa dissociar isso da forma como os adeptos de cada clube olham para a FA Cup, atribuindo-lhe uma importância similar ao campeonato, algo que terá sido “herdado” das gerações anteriores.

Desde a incrível prestação do Bury FC (equipa da zona de Greater Manchester que milita na League One, equivalente à 3ª divisão) em 1900 e 1903, anos em que conquistou as Taças correspondentes com goleadas (4-0 ao Southampton e 6-0 ao Crystal Palace, respectivamente), passando pelas 8 vitórias na competição de equipas que militavam em divisões inferiores à principal e pelos 43 (!) vencedores diferentes em todas as edições, e terminando nas pequenas histórias de cada encontro, verdadeiras estórias que reflectem a genuinidade do amor dos ingleses ao futebol e à sua competição rainha.

A última (caso não tenha acontecido nada de ainda mais surpreendente nos jogos de domingo ou de segunda) aconteceu no Villa Park. Ditou o sorteio que, nos quartos-de-final, se enfrentassem duas equipas da zona de Birmingham, Aston Villa e West Bromwich.

adeptos do Aston Villa festejam, como um título, o apuramento para as meias-finais Fonte: Facebook do Aston Villa
Os adeptos do Aston Villa festejam, como um título, o apuramento para as meias-finais
Fonte: Facebook do Aston Villa

O duelo não é o mais quente da zona, esse é aquele que opõe os villans ao Birmingham City, o famoso Second City Derby, mas o ambiente que se viveu à volta deste jogo foi comparável a um encontro de proporções gigantescas. Uma autêntica final para apurar qual o melhor clube da segunda maior (demograficamente) cidade de Inglaterra.

O jogo começou rasgadinho, sem grandes motivos de interesse na primeira parte, mas um golo de Delph, aos 51 minutos, terminou com a tensão dos adeptos do Villa e levou-os à loucura. A partir daí o jogo abriu, mas parecia crescer a certeza de que a equipa da casa seguiria para as meias-finais, ainda para mais com a expulsão de um jogador adversário aos 80 minutos. As coisas estavam controladas, e Sinclair ampliou a vantagem a 5 minutos do fim. Festejos simplórios dada a naturalidade e previsibilidade do resultado? Nada disso! Invasão de campo!

Os adeptos ingleses, apesar de terem vivido com o espectro de hooligans em finais do século passado, são actualmente vistos como exemplos a seguir nos estádios de futebol e algo como uma invasão de campo só caberia na cabeça de um adepto de futebol atento em caso de uma vitória importante para a história do clube. Foi o caso? Ainda não o sabemos, mas o contexto do jogo (quartos-de-final, ainda com um jogo antes da final de Wembley, e frente a um rival que, embora eterno, não é o mais odiado pelos adeptos) e as circunstâncias em que surgiu o segundo golo (quando a equipa vencia por 1-0, e tinha o jogo absolutamente controlado), que sentenciou o encontro, não faziam prever tal atitude…

… que, sob o prisma da valorização da competição, se louva. A FA Cup nunca deixou de ser importante e mantém-se místicamente inviolável, conforme se verifica pela euforia vivida no Villa Park.

Há coisas que só acontecem em Inglaterra.

Foto de Capa: Facebook da FA Cup

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Pedro Machado
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Enquanto a França se sagrava campeã do mundo de futebol em casa, o pequeno Pedro já devorava as letras dos jornais desportivos nacionais, começando a nascer dentro dele duas paixões, o futebol e a escrita, que ainda não cessaram de crescer.                                                                                                                                                 O Pedro não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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