Marco Silva e a ‘relegation’: O fracasso não conta tudo

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Não se trata de martirizar os centrais ou a linha defensiva do Hull até porque defender é um processo coletivo, mas, à lupa, vê-se um padrão de falhas no posicionamento defensivo, questão que, aglutinada ao facto da equipa não marcar há três jogos, proporcionou um contexto altamente desfavorável. Por outro lado, a experiência de Premier League dos treinadores rivais, Sam Allardyce (Crystal Palace) e Paul Clement (Swansea) pode ter tido um papel de influência significativo na estabilidade que as duas equipas ‘contenders’ pelo mesmo objetivo demonstraram neste mês das decisões: o Swansea com duas vitórias que selaram a permanência e um Crystal Palace que no jogo de domingo da decisão final mostrou nunca vacilar ao longo dos 90 minutos, ainda que os ‘Tigers’ tenham tido números a rondar os 70% de posse de bola.

Num mês de maio que geralmente nos campeonatos europeus é o mês da verdade, o ‘Hull’, na hora da verdade, claudicou. E como, nos momentos mais cruciais se vêm realmente quais são as grandes virtudes ou máculas das pessoas, no futebol, quando chega a hora H, descobrem-se as grandes virtudes ou os piores defeitos das equipas. Infelizmente para Marco Silva e para os ‘Tigers’, depois de um abril a respirar sobre a linha de água, as duas derrotas de maio com seis golos sofridos e nenhum faturado puseram a nu os podres da equipa e ditaram o afundar na divisão secundária inglesa, mas não escondeu nem aligeirou o percurso do seu timoneiro.

A verdade é que o Hull City que desceu é o de Mike Phelan + Marco Silva. 13 + 21 pontos resultam nos 34 atuais. 21 pontos em 17 jogos, seis vitórias, 3 empates e 8 derrotas não chegaram para operar o milagre, mas, e como fez questão de comunicar na segunda-feira, para a direção do clube, a satisfação é real pelo trabalho de Marco Silva. É que, se contássemos só os jogos da Premier League desde a chegada do português, o Hull City seria 12º classificado, 5 pontos acima da linha de água.

 equipa de Marco Silva teve uma recente quebra exibicional com erros defensivos e uma inoperância ofensiva que se revelaram fatais Fonte: Hull City
Eequipa de Marco Silva teve uma recente quebra exibicional com erros defensivos e uma inoperância ofensiva que se revelaram fatais
Fonte: Hull City

Depois de deixar o gabinete de diretor desportivo, a vida de treinador de Marco Silva começou com uma subida inesquecível e a chegada às competições europeias com o Estoril em duas épocas consecutivas. No Sporting, já treinou uma equipa que luta por campeonatos nacionais, ganhou a Taça. No Olympiacos foi campeão recordista e esteve à porta dos ‘oitavos’ da Champions. Já a experiência inglesa foi diferente de todas as outras, mas com certeza fá-lo-á mais treinador e, sem dúvida, um treinador com mais mercado: em terras de Sua Majestade, a competência transmitida por este jovem treinador foi real.

O treinador português escuda-se no silêncio em relação ao seu futuro, mas parece claro que não irá com os ‘Tigers’ para o Championship. O contexto altamente adverso que enfrentou desde janeiro só beneficiou a sua carreira aos olhos de quem sabe ver o futebol, desde logo, através da montra da Premier League.

Marco Silva e a passagem pelo Hull City. Sucesso ou fracasso? Na História, os sucessos e os insucessos ficam imortalizados como sentenças perenes e a verdade é que 16/17 foi época de ‘relegation’ para Marco Silva e os ‘Tigers’, mas a História, bem sucedida ou fracassada, nunca conta tudo.

Foto de Capa: Facebook Oficial de Marco Silva

Rúben Tavares
Rúben Tavareshttp://www.bolanarede.pt
O futebol foi a primeira paixão da infância, no seu estado mais selvagem e pueril. Paixão desnuda. Hoje não deixou de ser paixão, mas é mais madura, aliada a outras paixões de outras idades: a literatura, as ciências sociais, as ciências humanas.                                                                                                                                                 O Rúben escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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