
Nunca tinha acontecido na história do futebol inglês, mas o Manchester City alcançou o inédito “Tetracampeonato”. Nem Sir Alex Ferguson conseguiu tal feito na sua longa carreira ao leme do rival, Manchester United, o que diz muito do percurso de Pep Guardiola nos últimos oito anos.
O clube vinha de um “ano de ouro” depois das conquistas da Premier League, FA Cup e Liga dos Campeões em 2022/23, e o verão contou com várias caras novas a chegar (Josko Gvardiol, Matheus Nunes, Jérémy Doku, Mateo Kovacic) e outras conhecidas a abandonar o projeto (Ilkay Gündoğan, Cole Palmer, Riyad Mahrez, Aymeric Laporte).
A época não começou particularmente bem com a derrota na Community Shield para o Arsenal, mas foi vingada pela conquista da Supertaça Europeia ao Sevilha. Após seis vitórias iniciais na Premier League, duas derrotas com Wolverhampton e Arsenal abanaram um pouco a equipa, mas o Manchester City estabilizou e só voltou a perder pontos em novembro.

Aí, veio a pior fase da época, com muitos jogos de rendimento abaixo do esperado, ao perder pontos em cinco de seis jornadas consecutivas. A partir daí, o rolo compressor voltou para finalizar o campeonato em grande, como de costume, e o City acumulou 18 vitórias em 21 jogos. Apenas Chelsea, Liverpool e Arsenal (novamente) roubaram pontos aos “Cityzens”.
Estas séries longas de vitórias são habituais da turma de Guardiola, o que dá uma margem de erro muito curta aos rivais. Numa luta pelo título a três, o Liverpool não aguentou ao final, a sofrer uma sequência de maus resultados, ficando pelo 3.º lugar na última temporada de Klopp em Merseyside. Já o Arsenal deu um passo em frente, em relação ao ano passado, e conseguiu combater até ao final, mas não chegou para ser campeão 20 anos depois.

Para além de bases táticas já estabelecidas há anos e um plantel profundo em qualidade e não quantidade (que permite ter dois “titulares” em cada posição), há uma mentalidade vencedora no seio do plantel fruto de muitas conquistas nos últimos anos. A experiência de ganhar tantos títulos dá uma tranquilidade nos momentos derradeiros e, nesta última jornada, a equipa entrou com tudo contra o West Ham e mesmo quando viu a sua vantagem a ser reduzida por Kudus, não houve o “nervosinho” que tem havido nos últimos anos. A maturidade veio ao de cima e fecharam a época com uma grande de Phil Foden, para muitos, o melhor jogador da competição.
A pergunta que surge agora é: “Mas vão ficar pelo Tetra?” É que Guardiola tem mais um ano de contrato e o City estará, inevitavelmente, na luta pelo título. Conseguirão o “Penta” em 2024/25?