
Num dia é Campeão da Europa pelo seu país, no outro assina com um dos clubes com mais história do mundo inteiro. A carreira de Álvaro Morata fala por si mesma, e é tão rica quanta a sua qualidade em campo, com passagens por Espanha, Itália, Inglaterra, o avançado espanhol soma e segue, e até deu um redondo “não” à recente moda saudita que tem tomado conta do panorama do futebol mundial.
Depois de uma passagem com alguns altos e baixos pelo Atlético, Morata regressa a Itália para jogar no AC Milan, depois de já ter somado uma passagem pela Juventus.
Após a saída do lendário Olivier Giroud, que assinou com o Los Angeles FC, o Milan necessitava de um avançado que pudesse causar impacto imediato, mediante o modelo de negócio que tem vindo a ser seguido pela estrutura do clube italiano: gastar pouco dinheiro, apostando em jogadores em final de contrato ou que representem um baixo custo na sua transferência. E foi precisamente neste moldes que a transferência de Morata se efetivou, por “apenas” 13 milhões de euros, um valor irrisório tem em conta o jogador que representa.
Dê por onde der, Morata vai ser sempre um dos mal amados da sua posição, constantemente envolvido em críticas à sua qualidade e às suas prestações em campo, facto é que Morata nunca foi propriamente um finalizador, nunca foi um “bomber”, bem pelo contrário, foi sempre um avançado de trabalho, esforçado, que corre pela sua equipa até à última gota de suor.
Na minha opinião, é um dos melhores na sua posição no que ao “trabalho sujo” diz respeito, fazendo muitas das vezes de primeiro defesa da sua equipa, em pressões constantes ao portador da bola, orientando quem está nas suas costas. A braçadeira de capitão no recente Euro 2024, ganho pela “La Roja”, é a prova viva de que Morata se tornou um líder nos últimos anos. Cresceu muito com as experiências em Inglaterra, num futebol mais físico e desgastante, e em Itália, onde regressa agora, num futebol mais calculista e pensado ao detalhe.

Apesar de não ser um jogador letal, o chamado matador, Morata é um avançado de classe mundial, dono de uma técnica apurada, forte no jogo aéreo, com uma capacidade de leitura de jogo acima da média, forte também no ataque à profundidade e, como disse anteriormente, muito evoluído no capítulo defensivo e na solidariedade que imprime no seu jogo.
Se Morata é o reforço ideal para o Milan, e se o Milan é a casa ideal para o avançado espanhol, penso que é uma pergunta muito interessante, que me cabe a mim tentar responder da melhor maneira.
A meu ver, esta contratação sonante pode ser uma grande adição à equipa do Milan pela tal capacidade que Morata tem em baixar muito no terreno para ajudar os seus companheiros, libertando jogadores como Rafael Leão e Pulisic nas costas das defesas adversárias, de forma a explorar a rapidez e imprevisibilidade dos dois extremos milaneses.

Com a saída de Giroud, o Milan perdeu uma referência na grande área adversária, mas com Morata ganha claro outras valências, e tendo em conta o estilo de jogo do seu novo treinador, Paulo Fonseca, a polivalência e alta rotação de Morata pode ser bem mais útil do que o posicionamento típico de um nove puro, um bocadinho à semelhança do papel que Jonathan David desempenhava no Lille.
Reconheço de facto muita qualidade a Morata, e tenho pena que a grande massa adepta do futebol não reconheça também o génio que Álvaro é em campo. A sua carreira fala por si, e a conquista do Euro 2024 como capitão de equipa é apenas mais um cartão de visita para aquilo que aí vem.
Que este Milan promete, ai isso promete, e Morata vai brilhar, disso não tenho a mínima dúvida.