Bonucci no Milan! Que choque!….Ok, mas já passou

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Escrevo estas linhas com a perspetiva cronológica de seis dias após a notícia-bomba que se abateu sobre o mundo do futebol no final da semana passada. Leonardo Bonucci transferiu-se da Juventus para o AC Milan.

O central de 30 anos, natural da província de Viterbo, que havia terminado a sua formação futebolística no Internazionale, defendia, há sete anos, as cores da ‘Vecchia Signora’. Chega, assim, a Milão para ingressar no clube, até ver, mais investidor/gastador desta janela do mercado de transferências.

Se a relação com Allegri não era das melhores, é um pouco irrelevante para o que queremos aflorar. O que é certo é que Bonucci e Daniel Alves já estão fora do balneário da Juventus.

O que também é certo é a surpresa que se abateu sobre o futebol italiano, bem como no resto do mundo, na última semana. Os adeptos ‘rossoneri’ exultaram com a chegada de Bonucci e os tiffosi dos ‘bianconeri’ sentiram-se como um cônjuge traído.

Os adeptos ‘rossoneri’ exultaram com a chegada de Bonucci Fonte: AC Milan
Os adeptos ‘rossoneri’ exultaram com a chegada de Bonucci
Fonte: AC Milan

Contudo, tais fatalidades reativas foram rapidamente bloqueadas pela classe. Apenas e só. Ainda no mesmo dia da notícia-bomba, quinta-feira, o capitão da Juventus, Buffon, fez uma publicação onde enaltecia o passado que comungou com Bonucci. “Desejo-te o melhor para o teu caminho. Mas vou sentir a tua falta”, dizia um excerto da publicação.

No dia seguinte, sexta-feira, é Bonucci que compra uma página da ‘Gazzeta dello Sport’ para uma publicação a despedir-se da ‘Juve’. “Uma história esplêndida”, foi o título escolhido, num texto onde só lamentava o facto de, em sete anos, e após duas oportunidades, não ter erguido a Liga dos Campeões.

A ocidente da Europa, aqui no país encostado ao oceano, trocar de rival é um atestado de hipocrisia, entre outros qualificativos da mais baixa consideração. Carrillo sabe que não pode andar descansado pelas ruas de Lisboa. Maxi Pereira nunca voltará tranquilo à capital…entre outros casos…como o do momento: Fábio Coentrão.

É verdade que o lateral português foi incoerente com o discurso que teve em junho de 2015 e o que disse à chegada a Alvalade não ajudou em nada a constituir-se alguma atenuante que poderia efetivar sobre a ‘jura’ que fez há dois anos.

Sem embargo, o futebol, como a vida, é o momento. De Itália, chega esta lição bem indelével. De como estar no futebol. De postura para além do fenómeno futebolístico.

Nós, infelizmente, ainda somos muito pequeninos. Não suportamos ver o vizinho bem ou, pior, não conseguimos ver alguém que, e permita-me as aspas, “já foi nosso, deixar de o ser”.

Eu sei, caro adepto, e percebo-o. É tudo muita paixão e amor ao clube. Mas é por essa mesma razão que deve perdoar os ‘pseudotraidores’. O amor pelo clube nunca mudará, permanece igual. Os plantéis e os jogadores que o defendem serão sempre diferentes. O amor deve ser lúcido, não se esqueça. Não condenatório.

Os 42 milhões de euros envolvidos na transferência e o facto de Bonucci se tornar o jogador mais bem pago da Serie A são apenas um contorno da indústria que envolve o futebol. Sim, envolve. Porque o essencial, o centro deste jogo que tanto amamos são, como na vida, as pessoas e os seus sentimentos. É neles e a pensar neles, nos adeptos, que quero terminar este artigo, sobretudo, pensando, neste caso, nos adeptos ‘bianconeri’ que sentirão como que um abrir de cicatriz quando virem Bonucci ser adversário com outras cores vestidas.

Bonucci no Milan! Que choque! Ok, mas já passou…. Pelo futebol. Pelas pessoas.

Foto de Capa: AC Milan

Artigo revisto por: Beatriz Silva

Rúben Tavares
Rúben Tavareshttp://www.bolanarede.pt
O futebol foi a primeira paixão da infância, no seu estado mais selvagem e pueril. Paixão desnuda. Hoje não deixou de ser paixão, mas é mais madura, aliada a outras paixões de outras idades: a literatura, as ciências sociais, as ciências humanas.                                                                                                                                                 O Rúben escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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