Como Jurgen Klopp construiu um império no Borussia Dortmund?

A emoção dos festejos de Jurgen Klopp, os sprints até ao outro lado do campo, a ligação com os adeptos, o sentido de humor nas conferências de imprensa e a paixão que deposita na profissão caracterizam uma das figuras mais caricatas e bem-sucedidas do futebol.

Levou o Mainz do 3º escalão ao 11º lugar da principal divisão alemã em apenas quatro anos e tornou o Liverpool numa das maiores potências europeias, mas foi no Borussia Dortmund entre 2008 e 2015 que se tornou o treinador e a pessoa que é hoje.

2008/2009 – Os primeiros passos


Na sua primeira época conseguiu tornar rapidamente o Borussia Dortmund numa das equipas mais temidas da Alemanha. O clube passava por um período complicado, pois não vencia títulos e as classificações não eram as melhores, inclusive a 13ª posição do ano anterior. Klopp não garantiu o regresso às competições europeias no último jogo da temporada por diferença de golos, no entanto, o 6º lugar e a invencibilidade em jogos caseiros eram as provas que o submarino amarelo estava no sentido correto.

2009/2010 – O regresso à Europa


No início da época seguinte, o plantel foi-se acostumando ao plano de jogo do técnico, sustentado pela pressão alta e contra-ataques rápidos, e a ascensão da equipa continuou. O Borussia Dortmund voltava a qualificar-se para as provas europeias sete anos depois, em função de um 5º lugar alcançado. Sven Bender, Nuri Sahin, Mats Hummels, Neven Subotic e Kevin Grosskreutz eram alguns dos maiores destaques da equipa duranta a época e Lucas Barrios era a referência de ataque, marcando um total de 19 golos.

2010/2011 – Senhores campeões!


A próxima campanha não começou da melhor forma para os auri-negros, devido à derrota com o Bayer Leverkusen no jogo inaugural, embora as dificuldades sentidas no arranque tivessem sido rapidamente suprimidas com uma série de seis vitórias seguidas no outono e mais sete até à paragem de inverno. A eliminação da taça foi um auxílio para o foco total na segunda metade do campeonato que ficou para a história. O Borussia Dortmund voltava a ser campeão de Alemanha nove anos depois da última conquista, ainda com duas jornadas por disputar, e igualou os sete títulos dos rivais Schalke. Mario Gotze e Robert Lewandowski estiveram em grande plano e foram dois elementos fundamentais deste feito.

2011/2012 – A histórica dobradinha


Por muitas conquistas que Klopp possa ter atualmente em Liverpool, dificilmente alguma época superará a de 2011/2012. O Dortmund teve novamente falsa partida, iniciando a liga com três derrotas nos primeiros seis jogos, mas adquiriram forças para se levantarem e darem seguimento à melhor época da história do clube a nível interno. Não perderam mais nenhuma partida desde esse momento e terminaram o campeonato oito pontos à frente do Bayern Munique, ditando o recorde de pontos da história da competição até à data.

A época não podia ter corrido melhor, quando um golo de Kagawa no primeiro minuto e um hat-trick de Lewandowski serviram para golear o Bayern na final da Taça da Alemanha, resultando na primeira dobradinha da história do clube e tornando-se na quarta equipa germânica a fazê-lo.

2012/2013 – A um Bayern de ganhar tudo


A proeza europeia era um sonho alcançável nas mãos de Jurgen Klopp e a equipa procurava redimir-se da eliminação da fase de grupos na época anterior. O sorteio não foi nada favorável para os Die Schwarzgelben, visto que calharam no “grupo da morte” juntamente com o Real Madrid, o Manchester City e o Ajax, no entanto, o conjunto alemão foi capaz de terminar esta fase no primeiro lugar do grupo. Na fase a eliminar, a boa prestação continuou e eliminaram o Shakthar Donetsk ‘nos oitavos’, e o Málaga nos ‘quartos’ numa eliminatória eletrizante, com um golo de Felipe Santana ao cair do pano, assegurando um lugar nas meias-finais. O adversário seguinte era novamente o Real Madrid e Lewandowski vestiu a capa de herói, marcando um “póquer” que enviou a equipa para a primeira final na competição desde 1997.

Na derradeira partida, Bayern Munique e Borussia Dortmund protagonizaram umas das melhores finais europeias da história. A equipa orientada por Klopp morreu na praia, com um golo de Arjen Robben nos últimos instantes, no entanto, o Dortmund saiu de cabeça levantada e estava de regresso à elite europeia. O “gegenpressing” praticado pela equipa foi uma lufada de ar fresco do tradicional futebol de posse incutido na Europa e Jurgen Klopp assumia-se cada vez mais como um mestre da tática.

A nível interno, terminaram em 2º lugar no campeonato, perderam a Supertaça da Alemanha para o Bayern e ficaram pelos ‘quartos’ da Taça, num ano de ouro para o rival de Munique, que venceu todas as competições.

2013/2014 – Desilusão na Taça


Jurgen Klopp conseguiu elevar o nome do Borussia Dortmund ao topo do futebol europeu, mas em 2013 surgiu um novo desafio, pois Pep Guardiola acabara de assinar pelo Bayern Munique e levava com ele Mario Gotze para um plantel recheado de estrelas. Klopp levou a melhor na Supertaça da Alemanha, com uma vitória por 4-2. No campeonato não teve forças para aguentar com o poderio do campeão europeu, que bateu o recorde de pontos da prova, detido pelo Dortmund até à data. Na Liga dos Campeões foram competentes a nível exibicional, mas não passaram dos quartos-de-final. Por fim, pelo segundo ano consecutivo, não foram felizes em Berlim e perderam a Taça para o elenco de Guardiola.

2014/2015 – A mais bela homenagem


A última época de Klopp foi mais atribulada e marcada por altos e baixos. Venceu novamente a Supertaça frente ao Bayern Munique, mas essa conquista não foi suficiente para motivar o plantel para uma época vencedora e no final da primeira volta do campeonato lutavam pela manutenção, depois de dez derrotas nesse período. A paragem de inverno alterou o chip da equipa, que se redimiu na segunda volta e terminou em 7º lugar, conseguindo ainda a qualificação para a Liga Europa. Em abril, o clube anunciara que Klopp iria abandonar o comando técnico no final da temporada. A equipa conseguiu ainda alcançar a final da Taça da Alemanha pela terceira vez na era de Klopp, mas o seu jogo de despedida não correu da melhor forma, após uma derrota contra um inspirado Wolfsburgo de Kevin de Bruyne.

Apesar do adeus não ter sido perfeito, a homenagem realizada pelos adeptos no último jogo caseiro orientado por Jurgen Klopp é a maior prova de que ficará para sempre marcado como um símbolo da Vestefália, pois conseguiu reerguer o Borussia Dortmund e torná-lo num dos melhores clubes da Europa, relembrando os míticos anos 90 de ouro. Se o clube ainda se encontra no topo atualmente, deve-o em grande parte ao projeto excecional criado por esta lenda do futebol moderno.

João Pedro Rocha
João Pedro Rochahttp://www.bolanarede.pt
João é de Espinho, no norte de Portugal, é licenciado em Ciências da Comunicação e tem o objetivo de singrar no jornalismo desportivo. É um apaixonado pelo futebol e acompanha o desporto desde tenra idade, principalmente o campeonato português, as top 5 ligas e as competições europeias. Tem o tiki-taka de Pep Guardiola como referência futebolística.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Benfica já conhece os 2 possíveis adversários e a data do jogo caso chegue aos quartos de final do Mundial de Clubes

Benfica ou Chelsea já sabem que vão enfrentar Palmeiras ou Botafogo nos quartos de final do Mundial de Clubes 2025.

Já há 4 jogos definidos para os oitavos de final do Mundial de Clubes

Com os resultados já conhecidos, ficaram definidos quatro encontros nos oitavos de final do Mundial de Clubes. O Benfica enfrenta o Chelsea.

Chelsea bate Espérance de Tunis e Flamengo empata com Los Angeles FC no fecho do grupo D do Mundial de Clubes

O Chelsea não teve problemas para derrotar o Espérance de Tunis por 3-0, na última jornada da fase de grupos do Mundial de Clubes. Clube londrino ficou no segundo lugar.

Benfica já conhece adversário dos oitavos de final do Mundial de Clubes 2025

O Benfica vai defrontar o Chelsea nos oitavos de final do Mundial de Clubes. O clube londrino ficou no segundo lugar do grupo D.

PUB

Mais Artigos Populares

Bruno Lage elogia Renato Sanches e fala de Álvaro Carreras: «Entendemos que se houver uma boa proposta essas pessoas vão tratar desse assunto»

O Benfica venceu o Bayern Munique por 1-0 na terceira jornada do Mundial de Clubes 2025. Bruno Lage já reagiu ao triunfo histórico.

Comitiva do FC Porto chega a Portugal e é recebida com insultos e pedidos de demissão

A comitiva do FC Porto chegou a Portugal na noite desta terça-feira e foi recebida com vários insultos e pedidos de demissão.

Vincent Kompany lamenta derrota com o Benfica: «Resultado decepcionante»

Vincent Kompany lamentou a derrota do Bayern Munique com o Benfica. O técnico belga analisou o desaire da equipa.