📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:

Liga dos Campeões: a oligarquia dos grandes?

- Advertisement -

É a Liga dos Milhões, e para muitos está apenas feita para quem os tem. “Se se chama Liga dos Campeões, deviam participar apenas os campeões de cada país”, dizem. Isto levanta duas questões: Será a Champions uma oligarquia, feita para dar lucro apenas aos grandes da Europa? E será que dar um lugar exclusivamente ao campeão de cada liga do Velho Continente teria bons resultados?

Comecemos pela primeira pergunta: se olharmos para os vencedores da Liga dos Campeões no século XXI, vemos muito pouca variedade. Nove vencedores em 18 anos, com a mesma equipa – Real Madrid CF – a conquistar quatro das últimas cinco edições. E, de facto, para o adepto neutro, estar a ver um leque extremamente reduzido de clubes a levantar o tão desejado troféu no final da época torna-se desinteressante. Mas não será isto justo? Se existem apenas nove ou dez equipas com uma tradição futebolística significativa e que fazem os investimentos necessários para se manterem no topo do desporto rei, é natural que sejam elas a ter os plantéis mais competitivos nas competições europeias .

Fonte: Bola na Rede

Para além disto, o próprio formato da Champions torna a competição pouco propícia a surpresas, encontrando um balanço entre a valorização da regularidade e a capacidade de atuar sob pressão, em jogos de tudo ou nada. Não estamos a falar de uma fase de grupos com três jogos, como no Mundial: são seis partidas, disputadas fora e em casa. Uma equipa que consiga ganhar os dois primeiros jogos está ainda muito longe de garantir o acesso aos oitavos de final. E, mesmo que o consiga, ainda terá pela frente, no máximo, sete jogos. O facto de as eliminatórias serem a duas mãos também dificulta – e muito – a vida de equipas mais pequenas, que pretendam surpreender na Liga Milionária. Uma vitória histórica por 1-0 em casa na primeira mão pode sempre ser seguida por uma derrota por 3-0 no estádio do adversário. E raramente os grandes da Europa se deixam surpreender duas vezes.

Mas isto não é uma falha na estrutura da Liga das Campeões: é uma característica intencional. Não impossibilita a existência de surpresas (por exemplo, o AS Monaco em 2017, o Málaga Club de Fútbol em 2013, Deportivo de la Coruña em 2004…), mas, claro está, faz-nos valorizar estas campanhas inesperadas pelo que são: surpresas.

Finalmente, temos a questão dos “Campeões”. Até que ponto seria benéfico para a competição e para o desporto ter, de facto, apenas os campeões de cada país a disputar a Liga Milionária?

Fonte: FK Süduva

Reconhece este símbolo? É o símbolo do Futbol Klub Süduva, o atual campeão da Lituânia. Antes de mais, e em nome do “Bola na Rede”, aproveito para dar os parabéns ao FK Süduva pela sua conquista. É importante que todos os países tenham uma hipótese para mostrarem o que melhor têm para dar no desporto rei. Infelizmente, dificilmente veremos o Süduva na edição 2019/2020 da Liga dos Campeões, já que a A Lyga, a principal competição do país Báltico, não tem quaisquer lugares garantidos na fase de grupos, tendo as suas equipas de se apurar através de play-offs. Mas qual seria o interesse de ver o FK Süduva a defrontar um FC Bayern München? Uma experiência inesquecível para os adeptos, certamente, que encheriam o ARVI Football Arena, com a capacidade de 6250 pessoas, para ver a sua equipa a defrontar um dos maiores símbolos do futebol europeu. Mas, quando falamos destes embates, não falamos de um David contra Golias. É muito mais que isso. A disparidade entre os clubes chega a um ponto que contraria precisamente aquilo que a Liga dos Campeões pretende demonstrar: os melhores dos melhores, o futebol europeu no seu melhor. E é natural que, por questões culturais, económicas, sociais ou até políticas, certos países tenham uma qualidade de futebol muito superior à de outros. Ninguém questiona que o Tottenham Hotspur, terceiro classificado na época passada da Premier League, tenha uma equipa superior à do FK Süduva. Deveriam os spurs perder o seu lugar na Champions em favor do campeão lituano?

Vamos admitir: esta ideia não é mais que utópica. Não nos podemos esquecer de que o lucro será sempre um fator a ter em conta, e isto não deve ser diabolizado. É o que é, apenas. Assim, é natural que países que não tenham um interesse muito elevado no desporto rei dificilmente tenham clubes na Champions: não há tradição, nem interesse, nem investimento. Ou, pelo menos, não ao nível de nações como Espanha, Inglaterra e Alemanha. Falar de uma oligarquia num desporto que consiste em vinte e dois homens a correr atrás de uma bola durante 90 minutos, após os quais o melhor conjunto de onze sai vitorioso, é incompreensível. O futebol é bonito porque em campo não há raças, nacionalidades, crenças ou estatutos socioeconómicos. Ganha o melhor. E se os melhores são sempre os mesmos, então cabe aos que estão por baixo subir o seu nível. O futebol é, e esperamos que sempre seja, o exemplo perfeito da meritocracia.

Fonte: La Liga

Revisto por: Jorge Neves

 

Gonçalo Taborda
Gonçalo Tabordahttp://www.bolanarede.pt
O Gonçalo vem de Sacavém e está a tirar o curso de Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social. Afirma que tem duas paixões na vida: futebol e escrita. Mas só conseguia fazer uma delas como deve ser, por isso decidiu juntar-se ao Bola na Rede.                                                                                                                                                 O O Gonçalo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Mikel Arteta assume preocupação com Viktor Gyokeres: «Tem de continuar a tentar»

A seca de golos de Viktor Gyokeres continua a gerar inquietação no Arsenal. Desta vez, foi o próprio Mikel Arteta que manifestou preocupação com o momento do avançado sueco.

Ángel Alarcón destaca vitória do FC Porto frente ao AVS SAD e faz balanço da carreira: «Dei-me conta de que o talento não é...

Ángel Alarcón analisou o desfecho do duelo entre FC Porto e AVS SAD, a contar para a 16.ª jornada da Primeira Liga. O avançado espanhol também fez um pequeno balanço da sua carreira.

Negociação do Manchester City pode fazer com que o ex-Sporting Fatawu mude de equipa em Inglaterra

Fatawu Issahaku pode vir a ter novo clube em Inglaterra. O avançado ganês de 21 anos é alvo do Bournemouth, caso Antoine Semenyo rume ao Manchester City.

Gian Piero Gasperini rendido a estrela da equipa: «A AS Roma não tem outro jogador com uma qualidade tão alta»

Gian Piero Gasperini deixou rasgados elogios para Paulo Dybala. O avançado internacional argentino foi titular no encontro da AS Roma frente ao Genoa.

PUB

Mais Artigos Populares

AS Roma avança para contratar Andreas Schjelderup ao Benfica: eis os pormenores

A AS Roma está interessada em contratar Andreas Schjelderup. O clube italiano quer contratar o avançado norueguês ao Benfica através de um empréstimo com obrigatoriedade de compra.

Renato Veiga fecha o ano como o jogador mais utilizado do Villarreal

Renato Veiga é o jogador mais utilizado do Villarreal nesta temporada. O defesa internacional português somou um total de 1706 minutos.

Geny Catamo falha mais dois jogos pelo Sporting

Geny Catamo já sabe que não vai estar nos próximos jogos do Sporting frente ao Santa Clara e frente ao Vitória SC. O apuramento de Moçambique na CAN vai estender a ausência do avançado.