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Antes prevenir do que remediar: o fim dos campeonatos francês e holandês

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A pandemia da COVID-19 está a parar o mundo em todas as suas vertentes. Sejam estas económicas, sociais ou culturais, ninguém estava preparado para algo tão global. Também o futebol está a sofrer bastante com o surto, que, felizmente, se encontra cada vez mais controlado. Os campeonatos tiveram de parar, como é de conhecimento geral, desregulando assim o calendário que, ano após ano, é cumprido e ao qual estamos habituados. Não importa qual o tempo de paragem decidido, já que a preocupação seria sempre a mesma. Contundo, nenhuma burocracia estava preparada para responder a uma pausa de mais de dois meses, que se tem revelado um enorme problema em todos os países do mundo. Cabe então a cada Federação decidir qual o rumo que vai ser tomado para o término das provas internas, e foi nesse âmbito que a França e a Holanda já deram um passo em frente.

Com a possibilidade de retomar os campeonatos nos meses que se avizinham, as respetivas Federações, em acordo com os seus Governos, decidiram que a decisão mais sensata seria mesmo dar por encerradas todas as provas internas, evitando assim mais um foco de possível propagação do vírus. Esta foi a decisão destes dois países, ainda que, como veremos mais à frente, com algumas variâncias quanto aos respetivos campeões, promovidos e despromovidos, e qualificados para as provas internacionais do ano que se segue.

Começando pela Holanda, que foi o primeiro país a dar este passo em frente, foi tomada uma decisão aparentemente simples e justa. Não haverá campeão, promovidos ou despromovidos. Não seria correto atribuir um vencedor quando, a nove jogos do fim, AFC AFC Ajax e AZ Alkmaar partilhavam a liderança com os mesmos 56 pontos (apesar da turma de Amesterdão ter vantagem na diferença de golos marcados ao longo das 25 partidas disputadas). Pela mesma razão, não se atribuíram promoções e despromoções. No entanto, a questão das qualificações para as provas europeias teria de ser obrigatoriamente resolvida. Na reunião que envolveu todos os clubes da Primeira e Segunda Ligas, ficou acordado que a classificação final seria aquela que se registava aquando da paragem. Com isto, o Ajax irá diretamente para a Liga dos Campeões, enquanto que o AZ Alkmaar terá de disputar a pré-eliminatória. Já o Feyenoord, o PSV e o Willem II irão disputar a pré-eliminatória da Liga Europa.

Importa deixar uma palavra ao Utrecht, equipa que mais prejudicada saiu com esta decisão. A apenas 3 pontos da qualificação para a pré-eliminatória da Liga Europa, e ainda com a possibilidade de lá chegar através da vitória na Taça, a turma de John van den Brom merece aqui uma distinção por perceber que estes não são tempos de exigências, mas sim de solidariedade.

Por outro lado, em França, a decisão não foi semelhante, e o Paris Saint-Germain FC foi mesmo declarado (com toda a justiça) campeão. Sabemos já de anos anteriores que este é um dos campeonatos menos disputados na Europa, e 2020 não iria ser nenhuma surpresa. Com 12 pontos de vantagem sobre o segundo classificado, o Olympique Marseille, o conjunto de Paris era já um vencedor anunciado. Em relação às provas europeias, a questão arrumou-se da mesma forma do que nos Países Baixos, e o Stade Rennais FC foi colocado pela primeira vez na pré-eliminatória da liga milionária. Sobre as promoções e despromoções, definiu-se que desceriam os dois últimos classificados, Toulouse FC e Amiens SCF, e que subiriam os dois primeiros classificados do escalão inferior, o FC Lorient-Bretagne Sud e o Racing Club de Lens. Já o Nimes Olympique (antepenúltimo classificado da Primeira Liga) e o AC Ajaccio, (terceiro classificado da Segunda Liga) que iriam disputar um playoff, mantêm-se nos respetivos escalões.

Estas foram, a meu ver, as decisões mais corretas que poderiam ter sido tomadas, e que se deveriam replicar pelo resto do mundo, tendo sempre a sensibilidade de perceber se será justo ou não atribuir um campeão. Neste momento, não estão reunidas as condições para que haja um espetáculo digno como aquele a que estamos habituados. O futebol não é só o jogo – são também os adeptos que fazem deste o desporto rei. Tivemos a oportunidade de presenciar vários jogos à porta fechada, e notámos que o jogo perdeu alegria, perdeu a sua essência. Cada vez mais se trata de um espetáculo, que, como tantos outros, perde a sua razão se existir, se não tiver espetadores. É como um concerto sem público.

Estes são tempos de nos unirmos pelo que é mais importante, e no topo de qualquer pirâmide tem de estar a saúde pública. Sabemos que há questões burocráticas e económicas difíceis de contornar, mas, como em todos os outros setores da nossa sociedade, é necessário fazer esse esforço. É um ano que se perde quase na íntegra, é verdade, mas é a melhor forma de rapidamente podermos regressar à normalidade e de fazer da época 2020/21 uma época igual à que estamos habituados.

Artigo revisto

Guilherme Vilabril Rodrigues
Guilherme Vilabril Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
O Guilherme estuda Jornalismo na Escola Superior de Comunicação de Comunicação Social e é um apaixonado pelo futebol. Praticante desde os três anos, desde cedo que foi rodeado por bola e por treinadores de bancada. Quer ser jornalista desportivo, e viu no Bola na Rede uma excelente oportunidade para começar a dar os primeiros toques.

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