10 factos de futebol que parecem mentira… mas são verdade

Benfica, Porto, Premier League, Milan, Ajax: desmanchámos as gavetas da internet à procura dos registos de futebol para deixar tudo e todos de boca aberta – uns por já não se lembrarem, outros por nunca terem ouvido falar, outros por nunca terem querido saber.

O Bola na Rede achou dez factos sobre futebol que podiam ser 20, 30 ou 40, mas o tempo passado a definir quais os limites do inacreditável retirou espaço de manobra e aqui estamos nós, com esta lista que não é das mais ousadas, mas é uma lista humilde, de pés bem assentes na terra, ciente das suas qualidades e defeitos, sem grandes exageros. Ao contrário dos feitos que nela vêm descritos.

10.

Bruno Lage pode desviar craque da Luz. Bruno Lage quer alargar alcateia em Alvalade SL Benfica
Fonte: Carlos Silva/ Bola na Rede

O completo Bruno Lage – Depois de fracassos sucessivos, é difícil em 2024 lembrarmo-nos da forma retumbante com que Bruno Lage se anunciou ao mundo do futebol: se pegou na equipa em Janeiro de 2019 e até final dessa época fez 18 vitórias e um empate até ao título – resgatando os sete pontos que o distanciavam de Sérgio Conceição, terminando dois acima -, a primeira volta de 2019-20 foi também ela sensacional, com 17 vitórias e só uma derrota, contra o mesmo Conceição, e apenas… cinco golos sofridos!

Se somarmos os registos conseguidos nas 19 jornadas dum ano e nas primeiras 15 do ano seguinte para ter ideia do que seria um campeonato completo com Lage ao leme, a história acontece – 34 jogos, 32 vitórias, 110 golos marcados e 20 sofridos. 97 pontos seriam o recorde de pontos numa Liga portuguesa e só perdiam o recorde de percentagem pontual para o Benfica invicto de Jimmy Hagan em 72/73 (que só empatou dois jogos em 30); Para encontrar média de golos (3,23) igual ou melhor teríamos que recuar os mesmos 46 anos porque Hagan conseguiu um bocadinho acima (3,36) – os recordistas neste aspecto são os 5 Violinos, que ao conseguirem 123 golos nos 26 jogos de 1946-47, alcançaram uma espectacular de 4,73 por jogo; Para encontrar campeão com realmente mais golos marcados, seria preciso recuar até esses mesmos violinos (que até deixaram cair mais pontos que Lage, com um empate e duas derrotas…) e quanto aos golos sofridos basta dizer que… o rolo compressor de Jesus, em 2009-10, teve os mesmos 20.  

9.

O demolidor Ajax 1994-1996 – O Ajax tinha dominado a Europa com Cruyjff e Neeskens no principio dos 70’s. Três Champions seguidas e base da Laranja Mecânica do Mundial 1974. A sucesso idêntico só voltaria a partir de 1992, com a vitória na Taça UEFA, que seria prólogo para a gloriosa década de 90 – vitória na Liga dos Campeões 1994/95, final perdida em 1995-96, meias-finais em 1996-97; tricampeonato entre 1993 e 1996, Supertaça Europeia de 1995. O grande autor desta sequência? Louis Van Gaal, que como fiel aprendiz de Rinus Michels, revolucionou o futebol ajacied e puxou para ribalta Edgar Davids, Clarence Seedorf e Patrick Kluivert.

O dado mais impressionante: entre 1994 e 1996, 52 jogos sem perder nas competições domésticas mais 19 nas continentais – o que quer isso dizer que é o único clube de sempre invencível toda uma época tanto na Liga como na Liga dos Campeões. Em 1994-95, claro está, foram 27 vitórias e sete empates na Eredivisie; e sete vitórias-quatro empates na caminhada até à final no Ernst Happel – onde derrotaria o Milan, campeão em título. O mesmo Milan a quem já tinha vencido duas vezes na fase de grupos. Pelo caminho ficou também o Bayern de Trapattoni, despachado no Olímpico de Amesterdão por esclarecedores… 5-2! 

8.

Treinador inglês? Na Premier League não – Sir Alex, Mourinho, Wenger, Ancelotti, Mancini, Ranieiri, Conte, Guardiola e Klopp. São estes os vencedores da Premier League, substituta da First Division em 1992 e que seguiu como modelo revolucionário para as competições internas, empurrando a Serie A e ficando como a Liga mais importante do mundo, até hoje. O tradicional kick and rush chamou a Europa, pediu-lhe para ver a sua Liga e convidou os maiores especialistas do continente para a melhorar – o treinador inglês perdeu espaço com a entrada do novo modelo, despedindo-se com a conquista do Leeds em 1991-92 e Howard Wilkinson ao comando. Em 2001 seria a Selecção, quando Eriksson substitui Keegan, sendo o primeiro estrangeiro de sempre ao comando dos Três Leões.  

7.

O correctíssimo Lahm – Quase tão disciplinado como Gary Lineker – o cavalheiro inglês a quem nunca foi mostrado qualquer cartão, seja de que cor for -, Philipp Lahm marcou uma era no Bayern pela competência no desempenho das funções de lateral, fosse à direita ou à esquerda; O seu recorde disciplinar também não é nada de se deitar fora – nunca foi expulso e só viu 26 amarelos em 16 anos de carreira profissional no futebol – mas o que realmente salta à vista na sua história é a fase em que esteve sem cometer faltas. Fase, não jogos? Sim, fase – de Setembro de 2014 a Outubro de 2015, Lahm, o lateral/pivot defensivo preferido de Guardiola na Baviera, decidiu que as obrigações defensivas da sua posição não obrigavam à impetuosidade ou à força bruta. Que talvez fosse possível cortar limpo, SEMPRE. Durante 13 meses, defendeu categoricamente a sua tese. Nota 10.  Acabou tudo num empate a zero em Frankfurt, no mesmo dia em que o Bayern interrompia o irrepreensível inicio de Bundesliga, com 10 vitórias em tantas outras jornadas.

6.

O Milan 93/94 – Uma das melhores equipas de futebol de sempre e também uma das menos entusiasmantes – os monstros sagrados da linha defensiva carregaram às costas um Milan que tinha ficado sem Rijkaard, Gullit e Van Basten e o insólito aconteceu: campeão italiano graças, não aos patéticos 36 golos marcados em 34 jornadas, mas aos 15 sofridos. Se só cinco das 19 vitórias foram por dois golos de vantagem – e 2-0 foi o resultado mais dilatado – as 22 clean sheets foram receita também aproveitada na Europa, onde os milaneses só sofreram dois golos em 12 jogos.

Como nas melhores anedotas, o final mais inusitado – na final da Liga dos Campeões, aquele Milan despedaçou o Barcelona de Cruyjff, que fizera 91 golos na La Liga e 16 nos sete jogos europeus, por… 4-0.

5.

Vítor Pereira Al Shabab
Fonte: Al Shabab

Vítor Pereira e o seu FC Porto – Nunca foi consensual, tendo sempre dificuldade em livrar-se da imagem como adjunto de Villas Boas – a verdade é que aproveitou como pode a herança do agora candidato à presidência e consolidou essas bases de equipa amplamente dominadora, reforçando a importância da posse de bola na filosofia. Em dois campeonatos de 30 jornadas, apenas uma derrota – registo imaculado sobretudo se tivermos em conta o concorrente directo: o vertiginoso Benfica de Jesus, com Luisão e Garay, Matic e Witsel ou Enzo, Aimar, Nico Gaitán e Salvio no apoio a Cardozo e Lima.

Só os tímidos desempenhos europeus não permitiram o total reconhecimento do seu trabalho. As eliminações aos pés de Málaga e Manchester City não envergonham pela valia do adversário – era o super Málaga de Pellegrini, que só é eliminado pela tragédia de Dortmund –, antes pelas circunstâncias – o embate com o City é na Liga Europa, depois de cair num grupo com… Apoel, Zenit e Shakhtar – e pela natural comparação com a conquista de Villas Boas.

4.

José Mourinho AS Roma
Fonte: AS Roma

O anfitrião Mourinho – De 2002 a 2011 teve sempre o controlo da situação. Fez dos seus estádios a fortaleza onde baseava o estrondoso sucesso no futebol. No seu auge, Mourinho era invencível em casa – em competições internas, não perdeu como mandante durante nove anos. A partir de 23 de Fevereiro de 2002, quando é surpreendido pelo Beira-Mar nas Antas (2-3), metem-se trancas na porta. Assim é naturalmente campeão no Porto, Chelsea, Inter e precisamente na época em que chega a Espanha e se preparava para fazer do Real campeão espanhol, perde finalmente. Contra o Gijon, 0-1 no Bernabéu, a 2 de Abril de 2011. O Real estava cinco pontos atrás do Barcelona e pretendia manter a senda vitoriosa – ia nas quatro vitórias consecutivas e oito jogos sem perder – mas as ausências de Ronaldo, por lesão, Benzema e Marcelo provocaram a polémica. Aí se foi o título, que viria no ano a seguir num ano de recordes – mas com nova derrota caseira, um 1-3 do Barcelona em pleno Bernabéu, nos idos de Dezembro.

Para a Europa, no FC Porto, só perdera contra Panathinaikos, para a Taça UEFA 2002/03, e Real Madrid, na fase de grupos da Liga dos Campeões 2003/04; No Chelsea só perdeu contra Barcelona, em 2005/06 e com o Inter, novamente vs. Panathinaikos, em 2008/09.

3.

Quer Mundial? Cartão de Cidadão, se faz favor – Nunca uma selecção levantou o Jules Rimet seguindo as ideias dum estrangeiro, por muito identificado que estivesse com a cultura do país. É um dado assombroso que pairará sobre o trabalho de Roberto Martínez, se eventualmente mantiver a competência ao comando de Portugal e chegar vivo ao Mundial de Futebol em 2026.

2.

Ricardo Olivera e o golo mais rápido – A particularidade de, no futebol, marcar um golo a partir da marca de pontapé de saída é de salutar pela precisão, mas, neste caso, perde em nota artística para o conseguido por Messi e Mbappé num 1-7 em Lille, mesmo que tenham demorado oito segundos a abrir o placard. Mas, convenhamos, só um remate espontâneo do centro do terreno conseguiria ganhar o prémio de mais rápido.

O mérito é do uruguaio Ricardo Olivera no Clausura uruguaio de 1998 – não confundir com Ricardo Oliveira, o artilheiro de Santos, Bétis e Milan, imaginado por alguns como o autor deste feito.  

1.

Benfica e a Taça – Parece inventado e resulta sobretudo dum desrespeito monumental para com a Prova Rainha do nosso futebol. O Benfica, máximo vencedor com 26 troféus, atravessa período tenebroso na relação com a competição. De costas voltadas. Desde 2000, o Benfica só venceu… três edições e foi finalista vencido em quatro. Presença em 26% das finais realizadas, taxa de sucesso nos 42% – abominável quando comparada com a dos 24 anos anteriores, desde 1976, quando vencera oito e só perdera duas finais – resultando nuns gloriosos 41% presencial e 80% de sucesso.

Registo tão pobre torna-se em constante curiosa por essa Europa fora, quando reparamos que, por exemplo, também o Real Madrid tem o seu quê de relações cortadas com a Copa, apesar de não ser o recordista (já que tem 20 e o Barcelona conta 31): os blancos conseguiram quatro troféus nos últimos.. 31 anos! Mas pelo menos ganharam-na o ano passado para tirar a barriga de misérias. O Benfica já não vence no Jamor desde 2017.  

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Pedro Cantoneiro
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Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, de opinião que o futebol é a arte suprema.

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