Há, porém, questões desportivas que aumentam a rivalidade. O facto do campeonato escocês ter apenas 12 clubes, e da competição estar dividida em duas fases, permite que um clube defronte outro, no mínimo, por três vezes, durante a época. Isto, aliado à forma como Celtic e Rangers dominam a Liga Escocesa, fez com que, ao longo dos anos, a corrida ao título se reduzisse, habitualmente, a dois. E sendo os jogos decisivos disputados entre os mesmos clubes, de forma sistemática, a tensão à volta do jogo passou também para os relvados.
Curiosamente, os dois clubes de Glasgow raramente dominaram o futebol nacional de forma intercalada. Ao longo dos anos, o campeonato tem sido caracterizado por grandes sequências de títulos. A última vez que houve dois vencedores diferentes, em duas épocas seguidas, foi em 2004/2005. Ambos os clubes têm o recorde de títulos consecutivos: nove. Esta época, o Celtic procura o heptacampeonato.
Mas o desinvestimento no futebol escocês, e a pouca expressão da sua liga principal, faz com que tudo o que se passa dentro das quatro linhas, num Celtic-Rangers, fique para segundo plano. Nem sempre foi assim: durante os anos 90, e até ao início do século XXI, antes da explosão mediática da Premier League, os dois clubes conseguiram construir grandes plantéis, e ir longe nas competições europeias. Durante essa época, houve grandes espectáculos desportivos, em que a atmosfera do estádio, combinada com a qualidade vinda do campo, faziam com que o dérbi rivalizasse com outros, de ligas com qualidade superior.
Talvez, para quem segue as duas equipas, tenha tudo mais importância, agora que o dérbi não tem tanto destaque internacional. Sem influência da imprensa e da visão de outros países, o dérbi de Glasgow mantém todas as suas características intactas. As polémicas e confrontos são parte integrante deste jogo, e aos olhos dos adeptos, é assim que tem que ser. Porque, aqui, o espetáculo está nas bancadas. O resto é apenas futebol.
Foto de Capa: Celtic FC