O futebol africano tem nos presenteado com alguns dos melhores talentos dos últimos anos, nem sempre representando as suas Seleções de origem devido ao forte fluxo migratório destes Países, no entanto, nunca deixamos de ter presente nas nossas cabeças que têm no seu sangue e no seu ADN o enorme e especial poder Africano.
E se a discussão dos genes ou a regra das 10 mil horas de prática necessárias para nos tornarmos proficientes na prática de algum desporto é um assunto para outros fóruns, o facto do jogador Africano ter uma margem de potencial largo, para mim não é. Não só pelas suas especificidades físicas inerentes necessárias para se adaptaram ao seu local de nascimento, mas também pelas qualidades mentais adquiridas ao longo da sua infância, pelos imensos desafios que enfrentam diariamente.
Novas realidades:
O paradigma mudou, durante muitos anos fomos habituados a ver grandes talentos do Futebol Africano concentrados nos mesmos Países, como a Costa do Marfim, Egito, Camarões e Gana, o mesmo já não acontece nos tempos atuais, começam a surgir novos talentos de outros Países menos “conhecidos” como Marvelous Nakamba, jogador do Zimbabué que representa atualmente o Aston Villa Football Club ou Steve Mounié do Benim que representa o Huddersfield Town, ou até mesmo o aparecer no nosso panorama nacional, vários jogadores de muita qualidade provenientes de Moçambique, Guine-Bissau e Cabo Verde. O trabalho está a ser feito e com qualidade.
Próximos passos:
Apesar da evolução, nos últimos anos, do Futebol Africano, na minha opinião o trabalho começou agora. Não podemos separar as condições de desenvolvimento do Futebolista do desenvolvimento como humano, porque temos de observar o atleta sempre no seu todo e não só nas qualidades futebolísticas.
É preciso criar infraestruturas de qualidade, academias que consigam promover o equilíbrio entre a aprendizagem do atleta e o seu desenvolvimento como atleta de Futebol, à semelhança do que se tem feito na Kadji Sports Academy nos Camarões ou no Mimos Sifcom Academy na Costa do Marfim.
Não podemos descurar que os países menos desenvolvidos do Mundo, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), situam-se no Continente Africano, mas, ao mesmo tempo, não deixemos de observar os impactos positivos que têm, por exemplo, Sadio Mané no Senegal ou Salah no Egipto.
O Mundo precisa de África desenvolvida, e o futebol pode e deve ser visto como um dos motores para chegar a esse objetivo.
Artigo revisto por Joana Mendes