Sudamericano sub-20: As individualidades prevaleceram sobre o colectivo

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A Argentina, apesar de não ter sido claramente superior, fez valer o peso das individualidades e foi a grande vencedora do Sudamericano sub-20, prova que se disputou no Uruguai. Num torneio que não teve um nível exibicional particularmente elevado, a albiceleste foi mais forte no jogo decisivo com o conjunto da casa, o mais interessante do ponto de vista colectivo, e arrecadou o título que pertencia à Colômbia, que terminou em segundo lugar e voltou a apresentar uma geração com imenso potencial. O Brasil foi a maior desilusão, sofrendo novamente com a falta de qualidade do treinador (Alexandre Gallo fez um trabalho francamente mau) e com a pouca inspiração das suas estrelas.

Como habitualmente, o Sudamericano sub-20 contou com a presença de muitos talentos que têm capacidade de chegar ao topo do futebol mundial. Na primeira fase a grande estrela foi José Cevallos, equatoriano com uma classe tremenda. O médio de 1,86m, que é provavelmente a maior promessa do país, impressionou pela qualidade técnica, visão de jogo e capacidade de passe, destacando-se também pela facilidade de aparecer a finalizar. Já esteve na Juventus mas voltou ao Equador, sendo de esperar que as exibições que fez no Uruguai lhe voltem a abrir as portas da Europa, onde terá de provar que a falta de intensidade e agressividade, lacunas que lhe são apontadas, não o impedirão de ter sucesso.

A Argentina apresentou uma geração muito promissora, aproveitando o talento que se vai produzindo nas escolas do River, as melhores do país neste momento. Batalla, que pode ser um guarda-redes de topo, Mammana, que brilhou no sector defensivo, Tomás Martínez, típico “enganche” argentino, Driussi, um Saviola em potência, e Simeone, o avançado que provou que filho de peixe sabe mesmo nadar, fazem todos parte dos quadros dos “Milionarios” e fazem crer que o futuro só pode ser risonho. Juntando Ángel Correa, o menino prodígio do San Lorenzo que já rumou ao Atlético, Leonardo Suárez, do rival Boca, e Leonardo Rolón, ala direito do Vélez que demonstrou qualidade para fazer todo o corredor, os argentinos ficam com um conjunto fortíssimo para atacar o título mundial.

"Angelito foi o melhor jogador da prova" Fonte: Facebook da AFA
Angelito foi o melhor jogador da prova
Fonte: Facebook da AFA

No Brasil, os jogadores que chegaram com maior estatuto à competição desiludiram. Seja por culpa própria ou por culpa do treinador, a verdade é que Gabriel, o suposto sucessor de Neymar, passou completamente ao lado, e nomes como Malcom ou Gerson, de talento indiscutível, também não estiveram particularmente felizes. Robert Kenedy acabou por ser o jogador que apresentou um nível mais elevado. A actuar sobre a direita, as semelhanças com Hulk são evidentes; canhoto, o que o leva a procurar constantemente o corredor central, forte no drible e com muita facilidade de remate. Para seguir com atenção.

Apesar de o Uruguai não ter vencido, deixou excelentes indicações na prova que recebeu. A equipa esteve bem organizada colectivamente, teve uma atitude fantástica, como sempre, e individualmente viram-se jogadores com capacidade para serem importantes num futuro próximo. A defesa, liderada pelo central Mauricio Lemos, apresentou muita solidez, o meio campo, composto pelos dois “monstros” Nández e Arambarri, jogou a um nível soberbo, e no ataque os craques Gastón Pereiro e Franco Acosta demonstraram que podem ser sucessores à altura de Cavani ou Suárez.

A Colômbia deu novamente um sinal de que o futebol do país está numa fase bastante positiva. Há talento, muito talento nos cafeteros, e o expoente máximo nesta competição foi Jeison Lucumí. Irreverente, sem medo de arriscar o 1×1, o extremo cria desequilíbrios muito facilmente e tem uma capacidade finalizadora bastante interessante. Um jogador muito acima da média. Mas não é o único: Juan Quintero, o homónimo do jogador do Porto, foi um dos melhores centrais da prova (começa a ser habitual aparecerem bons centrais colombianos nestes torneios); Andrés Tello, que joga a lateral-direito ou a médio defensivo, actuou maioritariamente no sector recuado e destacou-se pela capacidade ofensiva; Jarlan Barrera, que até começou como suplente, ganhou o lugar no meio campo e deu nas vistas; e o avançado Rafael Borré, agressivo e com uma qualidade técnica interessante, também mostrou potencial.

Lucumí foi a grande estrela colombiana Fonte: goal.com
Lucumí foi a grande estrela colombiana
Fonte: goal.com

Nota final para o Paraguai, que, apesar de ter feito uma primeira fase bastante positiva, acabou por cair na fase final e nem se apurou para o Mundial sub-20. Uma equipa com três jogadores com um talento claramente superior aos restantes: Antonio Sanabria, avançado da Roma com uma qualidade técnica muito acima da média; Danilo Santacruz, médio ofensivo criativo, forte no transporte de bola e com uma óptima visão de jogo; e Sergio Díaz, avançado móvel e dinâmico de apenas 16 anos que tem sido associado a Porto e Benfica.

Apurados para o Mundial sub-20: Argentina, Colômbia, Uruguai e Brasil

Apurados para os Jogos Olímpicos: Argentina e Colômbia, que ainda terá de disputar um playoff com uma selecção da CONCACAF

11 ideal: 

GR – Augusto Batalla (Argentina) – De longe o guarda-redes com mais potencial da prova. Sereno, seguro, com muita maturidade e capacidade de liderança. Diz-se que o Real Madrid já assegurou a sua contratação.

DD – Andrés Tello (Colômbia) – Versátil (também pode jogar como médio defensivo) e com capacidade para fazer todo o corredor, é bem mais forte ofensivamente do que a defender, mas tem margem de progressão para se tornar um jogador interessante.

DC – Mauricio Lemos (Uruguai) – Da escola charrua continuam a sair bons centrais. Para além do perfil de líder, o jogador tem um excelente sentido posicional, é eficaz no jogo aéreo e muito competente na saída de bola.

DC – Emanuel Mammana (Argentina) – Começou como lateral mas foi como central que mostrou mais qualidade. Jogando numa defesa a 3, demonstrou uma excelente leitura de jogo e capacidade de antecipação.

DE – Mathías Suárez (Uruguai) – Um lateral que, pela profundidade que conseguiu dar ao flanco, teve grande importância na manobra ofensiva da equipa. Percebendo bem os timings de subida e revelando inteligência na definição dos lances, foi quem mais deu nas vistas numa posição que voltou a não ter muitos jogadores em destaque.

MDef – Nahitan Nández (Uruguai) – O “pitbull” do meio campo uruguaio. Um jogador bem ao estilo de Arévalo Ríos: baixinho, com um pulmão inesgotável e com uma capacidade de recuperação impressionante.

MC – Mauro Arambarri (Uruguai) – A actuar ao lado de Nández, era o médio com maior liberdade para se integrar no ataque e cumpriu essa tarefa com distinção. Para além da competências nos processos defensivos, revelou ainda uma excelente capacidade de passe e muita facilidade de aparecer em zonas de finalização.

* MO/2ºAV – Ángel Correa (Argentina) – Depois da cirurgia ao coração, que pôs em risco a sua vida, o craque voltou em grande e provou mais uma vez que tem muito futebol nos pés. O melhor jogador do torneio, que já tinha destacado antes de rumar ao Atlético, voltou a impressionar pelo seu poder de aceleração e facilidade no 1×1, registando claras melhorias ao nível da decisão (fez inclusive várias assistências para golo, mostrando grande visão de jogo).

EE – Jeison Lucumí (Colômbia) – Foi a principal figura dos cafeteros. Rápido e com uma capacidade notável no 1×1, demonstrou também muita qualidade na finalização.

ED – Gastón Pereiro (Uruguai) – Tem uma envergadura pouco habitual nos avançados sul-americanos (1,88m), mas nem por isso tem menos qualidade técnica e criatividade. Foi o criador da equipa, partindo da direita. Uma das maiores promessas do futebol uruguaio.

PL – Giovanni Simeone (Argentina) – “El Cholito” foi a referência ofensiva dos campeões, marcando 9 golos em outros tantos jogos. Móvel, com poder de desmarcação e instinto, apesar de não ser muito dotado tecnicamente.

*Melhor jogador

Foto de Capa: Facebook da AFA

Tomás da Cunha
Tomás da Cunha
Para o Tomás, o futebol é sem dúvida a coisa mais importante das menos importantes. Não se fica pelas "Big 5" europeias e tem muito interesse no futebol jovem.                                                                                                                                                 O Tomás não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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