As 5 maiores surpresas da fase preliminar do Mundial | Andebol

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A fase de grupos do Campeonato do Mundo de andebol chegou ao fim na terça-feira. A partir desta quarta, começa a “Main Round”, uma fase que consiste na divisão das 24 equipas restantes na competição em quatro grupos de seis formações, no qual se cruzam as seleções que ficaram nos três primeiros lugares do respetivo grupo da ronda preliminar. Apesar de terem avançado as três melhores equipas de cada grupo, houve espaço para surpresas, seja no que a eliminações ou a nível de forma diz respeito.

5. A PASSAGEM HISTÓRICA DE CABO VERDE

A seleção de Cabo Verde chegava ao Campeonato do Mundo pela segunda vez, depois de apenas ter feito um encontro no Egito em 2021. Integrada no grupo C, com Suécia, Brasil e Uruguai, a equipa africana parecia destinada a lutar pelo terceiro lugar do grupo contra a “Celeste”. E assim foi, logo com um encontro entre as duas equipas na primeira jornada, que os homens treinados Ljubomir Obradovic venceram de forma clara por 33-25.

Os dois jogos restantes foram uma derrota tanto para os cabo-verdianos como para os uruguaios. Ainda assim, a vitória da equipa africana no primeiro jogo bastou para fazer história e levar Cabo Verde pela primeira vez na sua história à “Main Round” de um Campeonato do Mundo de andebol.

É uma seleção com alguma desorganização defensiva, mas que no que ao ataque diz respeito, é uma força séria. Assenta, sobretudo, em três peças fundamentais: o central Gualther Furtado, o pivô Paulo Moreno e o lateral direito Bruno Landim. Existem ainda jogadores como o sportinguista Edmilson Araújo e o benfiquista Leandro Semedo, que ajudam a garantir fluidez ofensiva aos cabo verdianos.

Na partida frente ao Uruguai, Cabo Verde foi letal nos contra-ataques e foi capaz de capitalizar nos múltiplos erros ofensivos dos sul-americanos, o que também se verificou frente à “Canarinha”. Cabo Verde é uma seleção rápida na transição defesa-ataque, ainda que demonstre um ponto fraco claro nas alas (a nível defensivo). Apesar de ser muito difícil chegar aos quartos de final, Cabo Verde corrigiu a campanha abortada no Mundial de 2021

4. A ESTREIA DA BÉLGICA

A Bélgica qualificou-se para o Mundial de forma dramática, com uma recuperação frente à Eslováquia, sendo que os belgas nunca se tinham apurado para uma competição de seleções. Inserida no grupo H com Dinamarca, Tunísia e Bahrain. Uma composição que levava a crer num domínio euroasiático do grupo, com belgas e tunisinos a lutar pelo terceiro lugar.

Mas as surpresas começaram logo quando a Tunísia alcançou um empate frente ao Bahrain, levando ambas as seleções a entrar na segunda jornada com apenas 1 ponto. A Dinamarca ganhou todos os jogos com naturalidade, mas o ponto desequilibrador foi a partida entre a Bélgica e a Tunísia.

Um dos melhores jogos da competição até ao momento, a Tunísia até entrou na mó de cima, mas sem nunca construir uma grande vantagem em relação à Bélgica. Os belgas caracterizam-se ofensivamente por jogadas móveis e fluídas, com uma certa implementação de criatividade. E o ponto de viragem foi quando a Bélgica passou a atacar pelos pontas, o que levou a formação europeia a ir para o intervalo em vantagem. A partir desse momento, o ataque belga passou a estar mais focado nas laterais do que na zona central, ainda que Arber Qerimi tenha assumido protagonismo ao ser o melhor marcador da partida. Mas também o ponta esquerda, Yannick Glorieux foi capaz de apontar 5 golos numa vitória histórica para o andebol belga, a primeira de sempre numa competição de seleções.

O jogo frente ao Bahrain acabou com uma derrota da Bélgica que até chegou a estar a ganhar por dois golos, mas alguma inexperiência e falta de criatividade levaram a erros que o Bahrain aproveitou, ganhando ainda assim, apenas por dois golos de vantagem. A derrota da Tunísia frente à Dinamarca garantiu o apuramento dos belgas para a “Main Round”

3.  A MÁ FORMA DA POLÓNIA

Coanfitriã com a Suécia, a Polónia procurava chegar a este Campeonato do Mundo e virar a senda negativa em que se encontra desde 2017, quando caiu para a Taça do Presidente. O jogo de abertura do presente campeonato até foi bom indicador para os polacos que se bateram de igual para igual com a crónica candidata ao título, a França a vencer por apenas 2 golos de vantagem.

A partida seguinte da Polónia foi contra a Eslovénia num jogo que se esperava decisivo para a luta pelo segundo lugar e consequente presença mais favorável na “Main Round”. O que se esperava ser um jogo equilibrado e que até começou como tal, acabou por chegar ao fim da primeira parte com um resultado de 18-11 ao intervalo. Isto aconteceu devido a uma fraqueza que a seleção polaca tem vindo a demonstrar em todos os jogos: uma ofensiva muito pouco criativa, assente num estático, em que apenas se tenta apenas “rasgar” o bloco adversário pela frente. 

A aposta rara num ataque com os pontas e insistência numa ofensiva tradicional expuseram a Polónia como uma equipa previsível, mas também ineficiente. O último jogo da fase preliminar frente à Arábia Saudita, uma das seleções mais fracas do Mundial, foi prova deste mesmo aspeto. Num jogo que a Polónia tinha de ganhar para passar à “Main Round”, apanhou-se a perder por mais do que uma ocasião devido a uma aposta num 6-0 tradicional, sendo que os sauditas foram capazes de explorar a debilidade polaca na lateral direita. A Polónia acabou por ganhar 27-24, um sinal de que dificilmente passa para os quartos de final.

2. O “ANDEBOL TOTAL” DOS PAÍSES BAIXOS

A seleção neerlandesa é a revelação do torneio até agora. No grupo F da ronda preliminar com a Noruega, a Macedónia do Norte e a Argentina, esperava-se um pleno norueguês com as restantes equipas numa luta renhida pelos demais lugares de acesso à “Main Round”, se calhar com os Países Baixos como a seleção mais descurada para avançar. Uma equipa que não se qualificou para o Mundial, mas que acabou por ser convidada, a “Laranja Mecânica” entrou em grande com uma vitória clara sobre a Argentina que reiterou com novo triunfo por vantagem de dois dígitos contra a Macedónia do Norte.

O ataque dos Países Baixos é extremamente móvel, com os neerlandeses a mostrarem-se capazes de criar oportunidades e marcar de todas as formas e feitios. Frente à Noruega, ficou a impressão de que os Países Baixos iam mesmo ganhar o grupo, chegando a ter uma vantagem de seis golos.

Contudo, a experiência, frieza e visão tática dos noruegueses permitiu identificar uma fraqueza na defesa dos Países Baixos ao atacar com dois pivôs ou com um pivô extremamente móvel entre os defesas para obrigar os laterais e os pontas neerlandeses a deixar espaço para a Noruega atacar pelas pontas. Os noruegueses aproveitaram ainda o ímpeto do jogo para criar também de todas as formas e feitios. Ainda assim, apenas ganharam por 28-27.

Um dos melhores jogos do Mundial que coroou os Países Baixos como uma equipa ao nível da Noruega e potencialmente ao nível da segunda linha de favoritos à vitória no Campeonato do Mundo. Tem capacidade para chegar aos quartos de final, depois disso ficará muito difícil avançar, mas é, sem dúvida, uma melhoria em relação à única participação neerlandesa anterior no Mundial de andebol.

1.A ELIMINAÇÃO DA MACEDÓNIA DO NORTE

O mesmo grupo que os Países Baixos e uma clara candidata a chegar à “Main Round”, a queda da Macedónia do Norte para a Taça do Presidente seria sempre uma desilusão, mas a maior particularidade neste caso foi o pleno de derrotas expressivas. Uma equipa que, à semelhança da Polónia, tem uma ofensiva muito focada no centro da defesa adversária mas acima de tudo, muito lenta.  

Na defesa, a Macedónia do Norte apostou num 6-0 tradicional o que resultou na abertura frequente de espaços para o ataque de formações com uma ofensiva mais veloz. Tecnicamente, os macedónios são talentosos, mas fizeram três partidas completamente desinspiradas, nas quais perderam com naturalidade, parecendo sempre estar num nível inferior ao dos adversários.

A Macedónia do Norte está incluída no grupo II da Taça do Presidente, com Marrocos, Tunísia e Argélia. Os macedónios são os maiores favoritos à conquista do 25º lugar, mas a “performance” neste Campeonato do Mundo deverá ser vista como algo a melhorar no Mundial de 2025.

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Filipe Pereira
Filipe Pereira
Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.

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