Euro 2014: momento de grandes decisões

cab andebol

O Europeu de Andebol de 2014, que está a decorrer na Dinamarca, entra agora no momento decisivo. Portugal ficou mais uma vez de fora (não se apura desde 2006) e as grandes ausentes desta edição são a Eslovénia e a Alemanha. Ao longo da última semana grandes equipas foram caindo – caso da Islândia, da Suécia, da Hungria, da Polónia ou mesmo da Sérvia, finalista vencida em 2012. Restam agora as quatro melhores. As meias-finais jogam-se hoje, e irão oferecer-nos um Dinamarca-Croácia e um França-Espanha. Olhemos um pouco para cada uma das selecções resistentes:

 

Dinamarca:

São os campeões europeus em título e ficaram em 2º lugar nos dois últimos Mundiais. Querem por certo fazer valer o factor casa para revalidar a conquista de há dois anos. Equipa muito bem organizada e bem orientada por Ulrik Wilbek, tem confirmado aquilo que se espera dela: uma grande força colectiva aprimorada pela presença de Mikkel Hansen, (melhor jogador do mundo em 2011), um lateral-esquerdo com remate fácil e uma visão de jogo notável, que marcou 9 golos à Áustria, 6 à Espanha e já fez 36 assistências. Para além de um ponta direita temível (Hans Lindberg, que marcou 6 golos à R. Checa), a Dinamarca tem ainda no elástico guarda-redes Niklas Landin (39% de eficácia) outra das suas principais figuras. Os jovens Mads Larsen e Casper Mortensen asseguram à equipa um futuro radioso, tendo este último aproveitado a lesão de Anders Eggert para se assumir como uma estrela em ascensão na ponta esquerda – apesar de agora lhe ceder o lugar de forma natural. Nota ainda para o pivot Rene Toft Hansen e para o central Bo Spellerberg, que este ano já defrontaram o Porto para a Liga dos Campeões (o primeiro pelo gigante Kiel, o segundo pelo Kolding, num jogo que resultou numa vitória histórica para os dragões). A Dinamarca é a única equipa só com vitórias.

 

Croácia:

Os homens de Slavko Goluža têm encarado a era pós-Ivano Balić (melhor jogador do mundo em 2003 e 2006) com seriedade suficiente para não saírem da ribalta europeia, mas é claro que a grande qualidade da equipa também ajuda. O extremo-direito da equipa polaca do Kielce, Ivan Čupić (6 golos à Bielorrússia e a Montenegro), é uma das figura de proa desta selecção, que tem no robusto pivot do PSG Igor Vori outro dos rostos mais emblemáticos – ainda que este apenas contra a Rússia se tenha exibido ao seu nível. O central Domagoj Duvnjak, campeão europeu de clubes pelo Hamburgo no ano passado (6 golos à Suécia e à Polónia, 27 assistências), e o lateral e ponta direitos Marko Kopljar (7 golos à França) e Zlatko Horvat (6 golos à Bielorrússia e à Polónia e 7 à Rússia) conferem bom poder de fogo a uma equipa que perdeu por apenas 2 golos (27-25) com a França. Para além de Čupić há uma série de outros atletas do Kielce, clube que também já defrontou o Porto este ano. A Croácia apresenta um andebol de transições rápidas e preserva toda a escola jugoslava, sendo a maior representante desse ex-país balcânico. Apesar de, neste momento, não ficar a dever nada a outras grandes selecções, a sua única conquista internacional foi o Mundial de 2003, disputado em Portugal.

 

Dinamarca, Croácia, França ou Espanha: qual destas selecções irá alcançar a glória / Fonte: Eurohandball.com
Dinamarca, Croácia, França ou Espanha: qual destas selecções irá alcançar a glória? / Fonte: Eurohandball.com

 

França:

Os franceses já não têm Dinart nem os irmãos Gille, mas continuam a ser dos mais fortes candidatos à vitória. O currículo recente dos bleus é impressionante: venceram os Europeus de 2006 e 2010, os Mundiais de 2009 e 2011 e ainda os Jogos Olímpicos de 2008 e 2012. Quererão decerto corrigir a eliminação nos quartos-de-final do Mundial do ano passado, e têm armas para o fazer: para se ter uma noção do poderio francês, esta selecção conta nas suas fileiras com 3 jogadores que já foram eleitos os melhores do mundo – Nikola Karabatić, Thierry Omeyer e Daniel Narcisse, respectivamente em 2007, 2008 e 2012. O percurso da França até agora teria sido imaculado, não fosse a derrota contra a Suécia (28-30, num jogo em que, por já estar apurado, Claude Onesta rodou a equipa). Agora, o histórico guardião Omeyer (48% de eficácia frente à Croácia), o lateral e ponta esquerdos William Accambray e Michaël Guigou (os três jogam no colosso Montpellier, que irá defrontar o Sporting em Fevereiro para a Taça EHF), o fantástico extremo-direito Luc Abalo, o experiente central Daniel Narcisse (ambos do PSG) e o pivot Cédric Sorhaindo terão de mostrar o que valem para voltarem a alcançar a glória. A cereja em cima do bolo é o central do Barcelona Nikola Karabatić (8 golos à Polónia, 7 à Croácia, 28 assistências na prova), talvez o melhor andebolista da actualidade. Destaque ainda para a exibição de Guillaume Joli frente à Sérvia, (10 golos e uns incríveis 100% de eficácia na vitória (28-31) da sua equipa).

 

Espanha:

A extinção do At. Madrid e do San Antonio no último ano fez com que jogadores como Hombrados, Aguinagalde e Cañellas se vissem obrigados a mudar de clube. Mas se, actualmente, a Liga ASOBAL é um passeio do Barcelona, esses problemas de sustentabilidade e de competitividade não se estendem à selecção. Os comandados de Manolo Cardenas são os campeões mundiais em título e querem rectificar o 4º lugar do último europeu. A Espanha continua com um núcleo duro de jogadores muito fortes, e para já está no bom caminho. O central Joan Cañellas (agora no Hamburgo) e o extremo-direito do Barcelona Victor Tomas estão em grande forma e são, respectivamente, o 4º e o 5º melhores marcadores do Europeu, com 32 e 29 golos (42% e 40% de eficácia). O guarda-redes José M. Sierra conta com 37% de eficácia (50% contra a Noruega e 41% com a Macedónia), numa equipa onde Jorge Maqueda, lateral-direito de grande futuro, tem mostrado a sua valia defensiva. Ainda assim, a derrota (31-28) com a Dinamarca deixa talvez antever uma ligeira vantagem para o lado da equipa anfitriã caso estas duas selecções se voltem a encontrar. Isto apesar da final do Mundial do ano passado ter terminado com uma vitória folgada da Espanha (35-19).

 

Se tivesse de fazer um prognóstico para apontar o novo campeão europeu, ou escolheria a Dinamarca (pelo factor casa e pela forma de Hansen) ou a França (pela enorme qualidade da equipa). No entanto, o melhor é mesmo esperar pelos jogos de hoje e de dia 26 para ver quem merece mais ser coroado como novo campeão do andebol europeu. Qualquer das quatro equipas tem uma palavra a dizer.

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O João Sousa anseia pelo dia em que os sportinguistas materializem o orgulho que têm no ecletismo do clube numa afluência massiva às modalidades. Porque, segundo ele, elas são uma parte importantíssima da identidade do clube. Deseja ardentemente a construção de um pavilhão e defende a aposta nos futebolistas da casa, enquadrados por 2 ou 3 jogadores de nível internacional que permitam lutar por títulos. Bate-se por um Sporting sério, organizado e vencedor.                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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