
A estreia da Seleção Nacional Feminina de Sub19 no Campeonato do Mundo de Basquetebol da FIBA é, por si só, um marco histórico para o basquetebol português. Pela primeira vez, Portugal entrou no restrito grupo das melhores seleções do mundo neste escalão, numa competição que reúne a nata do talento juvenil global. E só isso já merece ser sublinhado com orgulho e ser tratado como o verdadeiro feito que é.
Num país onde o basquetebol feminino, apesar da qualidade e da dedicação que carrega, tem lutado para conquistar o espaço mediático e estrutural que merece, esta qualificação representa um salto geracional. Não só pela dimensão da competição, mas porque prova que há, em Portugal, talento para competir entre as melhores — mesmo com recursos limitados, mesmo com menos exposição, mesmo com menos apoios do que muitas das seleções em prova.
Mais do que os resultados — que, em fases iniciais de crescimento, devem ser vistos com equilíbrio — importa destacar o que este Mundial representa: uma oportunidade única de desenvolvimento competitivo, de crescimento emocional e de aprendizagem ao mais alto nível. Enfrentar equipas como o Canadá, os Estados Unidos ou a Austrália é, para as jovens portuguesas, mais do que um desafio — é um espelho onde se medem, se conhecem e se inspiram.
Mas esta participação é também uma mensagem forte: há uma geração que acredita, que trabalha e que não se resigna. A coragem com que Portugal se apresentou em campo, a postura séria e comprometida da equipa técnica e o entusiasmo dos adeptos que acompanharam esta aventura são sinais de que algo está a mudar — devagar, talvez, mas com passos firmes.
Claro que há um longo caminho a percorrer. A diferença física, o ritmo competitivo, a experiência internacional acumulada por outras seleções são ainda barreiras reais. Mas só se aprende a nadar no mar mergulhando — e Portugal mergulhou, com cabeça levantada, sem medo, sabendo que estar neste palco é já um sinal de evolução.
A participação no Mundial Sub19 deve, por isso, ser celebrada como semente — não como ponto de chegada, mas como ponto de partida. Um estímulo para reforçar os programas de formação, investir no feminino com estratégia e visão, e continuar a dar espaço a quem trabalha por amor à camisola e ao jogo.
Portugal fez história. Agora, cabe-nos garantir que esta história não seja um parêntesis isolado, mas o primeiro capítulo de um novo ciclo.