Ciclismo Nacional em 2022 #1

EQUIPAS PORTUGUESAS PELO MUNDO

Como tem vindo a ser habitual desde a última década, as equipas portuguesas competiram em várias provas no estrangeiro, com presença claramente mais acentuada em Espanha. As formações lusas fizeram-se representar de duas formas em provas internacionais: através de um bloco numa determinada competição ou através de um único atleta em representação da respetiva seleção.

A Glassdrive não participou em muitas provas fora de Portugal, pelo menos de forma coletiva. Esteve presente na Vuelta a Castilla y León e no Grande Prémio Miguel Indurain. Na primeira, António Carvalho acabou nos 15 primeiros e na última, Frederico Figueiredo chegou na 25ª posição, ficando a 26 segundos do vencedor, Warren Barguil. Figueiredo aguentou até à última subida no grupo, mas um esticão de Marc Hirschi, deixou o português apanhado num corte.

A Glassdrive foi colocando atletas na seleção nacional, nomeadamente em Sub-23 e em Elites.  Foi mesmo nos Jogos do Mediterrâneo que surgiu o melhor resultado do ano para a Glassdrive em provas internacionais. Rafael Reis pulverizou a concorrência no contrarrelógio, tirando 50 segundos ao francês Enzo Paleni, ao longo do percurso de 25 km em Oran, na Argélia. Em sub-23, destaque também para as exibições de Pedro Silva na Corrida da Paz (na República Checa) e nos Campeonatos da Europa. Terminou ambas as provas à porta do top 10

Quanto à Rádio Popular-Boavista, o destaque vai para o 5º lugar de Daniel Freitas na primeira etapa do Gran Camiño. O corredor boavisteiro apanhou a roda da Caja Rural, mas ficou fechado no sprint, o que o impediu de alcançar uma posição ainda melhor. Também estiveram na Vuelta a Castilla y León, onde a maior nota vai para a presença de Luís Fernandes numa fuga constituída por 10 ciclistas, que marcou o último dia da corrida.

A Efapel também esteve presente em duas provas espanholas, apesar desta ter sido a primeira época da equipa. No Gran Camiño, Tiago Antunes esteve perto do top 15, mas nunca foi capaz de acompanhar o grupo dos favoritos quando os ataques surgiram. Joaquim Silva também deu algumas indicações interessantes, mas a corrida serviu para perceber que a Efapel ainda estava numa fase inicial de preparação da época, assim como a Atum General/ Tavira/ AP Maria Nova Hotel.

Delio Fernandez foi até o melhor ciclista de equipas portuguesas na etapa do Mirador de Ézaro mas um dia menos bem conseguido na última etapa, empurrou o galego para fora do top 15. Foi a única experiência da equipa algarvia no estrangeiro em 2022.

A Efapel ainda esteve presente na Volta às Astúrias onde voltou a fazer mais do que marcar presença. Joaquim Silva deu cartas logo na 1ª etapa, ao chegar no grupo perseguidor direto do vencedor da etapa Simon Yates. A 2ª etapa não foi tão positiva, com Silva a perder mais de dois minutos num dia marcado por uma exibição monstruosa da Movistar, que culminou com a vitória de etapa para Iván Sosa. A formação espanhola dinamitou o pelotão na subida de “El Acebo”.

Na 3ª etapa, chegaria no terceiro grupo de favoritos, concluindo a Volta às Astúrias num impressionante9º lugar da geral. A Volta às Astúrias foi a única corrida fora de portas em que a equipa da Aviludo-Louletano participou coletivamente em 2022. Foi uma temporada muito pouco prolífera por parte da formação, mas teve um momento de destaque na prova asturiana, com Tomas Contte a vestir a camisola dos sprints intermédios, no final da primeira etapa, depois de ter integrado a fuga do dia.

O resto do que se pode chamar de “época internacional” para a Louletano consistiu em provas nas quais Contte competiu individualmente ou ao serviço da seleção da Argentina, como foi o caso dos Jogos Sul Americanos em que o argentino alcançou um top 25 na prova de fundo.

A representação das restantes equipas em provas internacionais diz sobretudo respeito a provas amadoras ou de seleções. Para o Feirense, foi o caso com o russo Viktor Manakov que participou em duas corridas na Turquia, sendo que terminou ambas as provas fora do top 100, sem se destacar. A LA Alumínios também só esteve representada na Corrida da Paz, através de João Medeiros, que desempenhou as funções de gregário para Pedro Silva e Hélder Gonçalves.

A Kelly-Simoldes-UDO também não esteve coletivamente envolvida em provas internacionais, mas sim através da representação na seleção nacional Sub-23. Dois top 20, um com Hélder Gonçalves na Corrida da Paz e outro com Luís Gomes nos jogos do Mediterrâneos são os resultados mais notáveis.

A Tavfer teve uma época semelhante fora de fronteiras, com destaque para o décimo primeiro lugar de Leangel Linárez, nos campeonatos pan-americanos de fundo. Linárez chegou sozinho, fora da discussão pela vitória, a quase 1 minuto do vencedor, Emiliano Contreras.

Apesar de ter sido extinta durante esta temporada, a equipa de elite da W52- FC Porto marcou presença no Gran Camiño. José Neves conseguiu um top 10 na etapa do Mirador do Ézaro, mas perdeu mais de 2 minutos na subida ao Alto de Moura. A corrida de Neves teria sido muito semelhante à de Delio Fernandez, se não fosse o sexto lugar no contrarrelógio. Ainda assim, não foi o suficiente para entrar no top 10 da geral.

EVENEPOEL, “REI” DO ALGARVE

A Volta ao Algarve é a corrida velocipédica mais importante em Portugal, de acordo com a UCI e o pelotão presente na última edição refletiu isso mesmo. No que diz respeito aos candidatos à geral, a lista de favoritos era encabeçada por Remco Evenepoel, David Gaudu e Daniel Martínez, com nomes como Tobias Foss, Ethan Hayter (vice-campeão em 2021) e Stefan Küng como potenciais “outsiders”.

No que diz respeito ao sprint, estiveram presentes ciclistas como Fabio Jakobsen, Alexander Kristoff, Bryan Couqard, Rui Oliveira e ainda Iúri Leitão (em estreia pela Caja Rural).

A primeira etapa começou em Portimão com a habitual chegada ao sprint em Lagos. A fuga do dia contou com Asier Etxeberria, da Euskaltel-Euskadi, Fábio Oliveira, do Feirense, João Matias da Tavfer e Hugo Nunes, da Rádio Popular- Boavista.  A fuga nunca teve hipóteses sérias de ganhar e um dos destaques do dia foi uma queda a 38 km que apanhou nomes como Juan Sebastián Molano, sprinter colombiano da UAE Team Emirates. O incidente deveu-se, em grande parte, à intensa luta por uma boa colocação no pelotão, devido à possibilidade de vento lateral.

Pelo mesmo motivo, o pelotão volta a ficar apanhado numa queda a pouco mais de 12 km do final. No sprint final, a Alpha Vinyl-Quick Step lançou Fabio Jakobsen para uma vitória de etapa dominante que levou o ciclista neerlandês a vestir a camisola amarela da “algarvia”, tal como na edição de 2020.

A 2ª etapa marcou a primeira chegada em alto da corrida, com o final no alto da Fóia. João Matias voltou a estar presente na fuga, desta vez com companhia de César Martingil (novamente Boavista na fuga), Tomas Contte, Unai Iribar pela Euskaltel e Nickolas Zukowsky, ciclista canadiano da Human Powered Health.

Tal como no dia anterior, a fuga não teve qualquer possibilidade de sucesso. No pelotão, o ritmo não era o mais forte, com cerca de 20 ciclistas no grupo dos favoritos à entrada do último quilómetro, quando Frederico Figueiredo atacou para tentar alcançar uma vitória que no final de 2022, é o único grande triunfo que a Glassdrive ainda não obteve em solo nacional. O ataque de Figueiredo foi neutralizado por Dylan Van Baarle, da INEOS.

A etapa acabou por se decidir ao sprint num grupo reduzido, com Samuele Battistella a surpreender Ethan Hayter e a INEOS. O italiano da Astana passou para a frente, mas a aceleração mais forte surgiu por parte de Tobias Foss, com Sergio Higuita a responder diretamente ao norueguês, que ao fazer uma travagem tardia, caiu e levou o colombiano consigo, deixando a vitória de etapa à mercê de David Gaudu que vestia também a camisola amarela. Frederico Figueiredo ainda conseguiu terminar no top 20.

Terceiro dia de corrida, segunda chegada ao sprint. A fuga não era uma ameaça à chegada ao sprint e o destaque vai sobretudo para a ambição de João Matias no que diz respeito à luta pela camisola. O ciclista da Tavfer – Measindot- Ovos Matinados atacou a partir do pelotão no final da subida de 4ª categoria ao Bengado para caçar um ponto.

Pouco depois, um grupo de 3 ciclistas ficou escapado do pelotão, com Afonso Eulálio e Fábio Costa da Glassdrive e Hugo Nunes da Rádio Popular- Boavista. A fuga foi perseguida com sucesso pela Alpecin-Deceuninck e o lançamento do sprint ocorreu sem qualquer queda, com Fabio Jakobsen a alcançar mais uma vitória dominante sobre Coquard e Tim Merlier, com o belga da Alpecin a apanhar a roda do neerlandês, mas a não ser capaz de efetuar a ultrapassagem para alcançar a vitória.

No dia do contrarrelógio, Remco Evenepoel não esteve para brincadeiras. Confirmou o favoritismo, pulverizou a concorrência para sentenciar praticamente a classificação geral da Volta ao Algarve. Stefan Küng foi o rival mais próximo de Evenepoel, sendo que o campeão europeu perdeu 58 segundos para o belga da Quick-Step em 32 quilómetros.

A última etapa foi a chegada ao alto do Malhão. 2,5 km com uma pendente média de 9,23% não parecia o suficiente para ameaçar a vantagem de 1 minuto e 6 segundos que o camisola amarela levava sobre o segundo classificado, Ethan Hayter. Louis Vervaeke impunha o ritmo na entrada da subida, dando indicações de que Evenepoel estaria a pensar na vitória de etapa. O líder da geral atacou a 1,4 km do final com Gaudu, Brandon McNulty, Daniel Martinez e Higuita a serem capazes de acompanhar a mudança de ritmo. Frederico Figueiredo ainda foi capaz de responder ao princípio, mas acabaria mesmo por perder o contacto, alcançando todavia o sexto lugar da etapa.

Evenepoel não teve medo de encabeçar o grupo durante o último quilómetro, mas não conseguiu acompanhar o ataque de McNulty. Daniel Martinez conseguiu contra-atacar, mas levou na roda o compatriota, Sergio Higuita que o bateu ao sprint para vencer a última etapa da Volta ao Algarve.

Remco Evenepoel ganhou a classificação geral da “algarvia” pela segunda vez na carreira, com Brandon McNulty e Daniel Martinez a completarem o pódio. Evenepoel ganhou também a camisola de melhor jovem e João Matias conseguiu mesmo dar a classificação da montanha à Tavfer, uma das maiores vitórias da carreira do ciclista e da história da equipa. Já a melhor equipa da prova foi a INEOS.

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