Equipa Fantasia #5: Europa | Ciclismo

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    Última “Equipa Fantasia” e acabamos no “Velho Continente”. Ao fazer esta seleção, foi possível compreender que a Europa tem uma profundidade enorme de talento.

    É possível perceber que a Itália tem um leque enorme de ciclistas talentosos, assim como a Alemanha, apesar de não terem um ciclista capaz de ganhar corridas de 3 semanas neste momento. A Bélgica também “só” tem um ciclista capaz de atacar corridas de três semanas, mas no que a gregários, classicómanos e sprinters diz respeito, os belgas continuam a mostrar a consistência de sempre. Também nações como o Reino Unido e a Espanha refletem, em qualidade, os anos de domínio que cada nação foi tendo ao longo das duas últimas décadas.

    Foi um “oito” do qual ficaram de fora nomes de luxo, que já ganharam grandes voltas, monumentos e etapas em grandes voltas. Portanto, é importante relembrar os critérios.

    Serão escolhidos 8 corredores com a particularidade de que, com vista a dar maior visibilidade a um maior número de nações, não poderão ser escolhidos mais do que três corredores de um único país.  As escolhas serão feitas com base na lógica de construção de um bloco, ou seja, estes ciclistas não são necessariamente os oito melhores da União Europeia de Ciclismo (UEC), mas aqueles que encaixariam melhor entre si no contexto de uma equipa numa corrida por etapas

    8. STEFAN KÜNG – SUÍÇA

    Stefan Küng é um contrarrelogista de excelência. O homem da Groupama-FDJ é bem capaz de ser o melhor do Mundo no que ao esforço individual diz respeito, tendo conquistado o Campeonato da Europa em sub-23 e em elite. Como profissional, venceu 2020 e 2021.

    Küng fez parte da equipa da BMC que conquistou o Campeonato do Mundo do contrarrelógio por equipas, em 2015, sendo que o suíço ganhou vários “cronos” desta índole dentro da equipa norte-americana. “King” Küng sabe ainda o que é ser Campeão do Mundo no contrarrelógio coletivo misto, sendo parte da formação helvética que alcançou o título em 2022.

     Stefan Küng ganhou 19 contrarrelógios individuais entre 2015 e 2023, nomeadamente na Volta ao Algarve deste ano. Tem também títulos europeus no ciclismo de pista e como se isso não bastasse… Também ganha corridas de uma semana! Em 2021, Küng foi rei na Volta à Comunidade Valenciana, conseguindo não perder muito tempo numa etapa de montanha para recuperar no contrarrelógio final em detrimento de Enric Mas, um homem que fechou por três vezes no segundo lugar da Volta à Espanha.

    Nesta equipa da Europa, o papel de Stefan Küng estaria focado em ser um mero homem de trabalho, responsável pelo controlo do pelotão, uma vez que as características de rolador de Küng são notórias e, nesta equipa, o ciclista suíço apenas poderia ambicionar fazer esse tipo de trabalho e, obviamente, ganhar contrarrelógios

    7.OLAV KOOIJ – PAÍSES BAIXOS

    Sprinter neerlandês da Jumbo-Visma, com 21 anos de idade, Olav Kooij já ganhou etapas em várias provas do World Tour, nomeadamente no Paris-Nice deste ano. Aos 19 anos, Kooij já tinha derrotado ciclistas como Phil Bauhaus, Ethan Hayter e Gianni Vermeersch, três nomes que correm (e já corriam) no World Tour.

    A qualidade não deixou de aparecer no ciclista que, em 2022, tinha derrotado já Kaden Groves, Elia Viviani, Fabio Jakobsen, Japser Philipsen, entre muitos outros. O neerlandês é um fenómeno no sprint. Na presente temporada, Kooij já ganhou 7 vezes, a mais recente no ZLM Tour, prova nos Países Baixos, na qual o jovem sprinter venceu a classificação geral por duas vezes seguidas.

    Como júnior, também ganhou o Tour de Flandres do escalão, pelo que é um corredor com alguma variedade no que a especialidade diz respeito. Nesta equipa da UEC, o papel de Oolav Kooij podia passar por lançador e por aposta principal nalgumas chegadas ao sprint.

    6. MADS PEDERSEN – DINAMARCA                  

    Mads Pedersen tem 27 anos e corre na Trek-Segafredo. É um corredor muito completo, talhado para chegadas rápidas de todo o tipo, o que o faz um candidato crónico à classificação por pontos de qualquer grande volta. Pedersen surpreendeu, em 2019, quando derrotou Matteo Trentin ao sprint para se tornar Campeão do Mundo. (Küng ficou em terceiro)

    Em retroespetiva, não foi choque nenhum. Foi logo em 2020 que Mads Pedersen mostrou que era capaz de se bater com os melhores sprinters do Mundo e, quatro anos depois, venceu a 6ª etapa do Giro, completando o pleno de vitórias em grandes voltas.

    Mas as capacidades do primeiro dinamarquês a vestir a camisola arco-íris não se ficam por aí. Pedersen conta com dois top 3 no Tour de Flandres, sendo que nesta temporada, foi o 3º classificado e o 4º no Paris-Roubaix. Conta também com dois top 10 na Milão-São Remo, pelo que é um caçador nato de vitórias nos monumentos.

    Nesta equipa da Europa, Mads Pedersen podia ser uma aposta para as chegadas rápidas, uma segunda hipótese para quando outro ciclista (já lá vamos) não estivesse em condições de lutar pela vitória, Pedersen é multifacetado e podia perfeitamente ser a aposta da equipa para a classificação por pontos.

    5. JOÃO ALMEIDA – PORTUGAL

    João Almeida é um dos melhores ciclistas portugueses de todos os tempos! Aos 24 anos, o português tornou-se no primeiro luso a fazer pódio numa grande volta em 44 anos, ou seja, depois de Joaquim Agostinho no Tour de France, em 1979. O corredor de A-dos-Francos apareceu aos olhos do público geral em 2020, quando fez o melhor resultado de sempre para um português na Volta à Itália, um 4º lugar, depois de andar 15 dias com a camisola rosa.

    Almeida fez dos bons resultados uma constante na sua carreira. Vitórias na Volta ao Luxemburgo, na Volta à Polónia, em etapas de provas de uma semana como na Volta à Catalunha. Fez também um top 5 na Vuelta de 2022.

    Nesta equipa da confederação europeia, João Almeida seria um gregário de luxo, responsável por ajudar os dois líderes a vencer. Isto porque Almeida é um excelente contrarrelogista que num mau dia, consegue sempre defender-se na montanha. Pauta o seu desempenho por uma “performance” consistente com capacidades fascinantes de impor o ritmo. A imagem de João Almeida a impor o ritmo na frente do pelotão, a desgastar os candidatos à geral numa daquelas subidas longas do Tour faz crescer água na boca de qualquer ciclista que tenha o privilégio de o ter ao seu lado.

    4. GERAINT THOMAS – GRÃ-BRETANHA

    Vice-campeão do último Giro , campeão do Tour em 2018, Geraint Thomas é uma figura histórica da INEOS/SKY, tendo assinado pela equipa logo no momento da respetiva incepção em 2010.

    Thomas apareceu como um ciclista de clássicas e de provas de uma semana que, em julho, era um dos escudeiros de Christopher Froome e de Bradley Wiggins (a partir de 2013, só do primeiro). Tem uma grande carreira no ciclismo de pista, mais concretamente, na modalidade de perseguição o que o ajudou a desenvolver uma boa ponta final, mas sobretudo uma enorme aptidão para o contrarrelógio. Foi mesmo campeão do Mundo (por três ocasiões), da Europa (em elite e em sub-23) e Olímpico (em 2012) na perseguição coletiva.

    Os resultados como o 2º lugar e o top 10 na “Através da Flandres” e no “Tour de Flandres”, respetivamente evidenciavam que Thomas era um classicómano e um que era capaz de ganhar corridas no paralelo. O galês fazia exibições interessantes em provas por etapas, sobretudo em dias de média montanha, como foi o caso da 3ª etapa do Tour em 2010, quando fez 2º apenas atrás do campeão do Mundo na altura, Thor Hushovd.

    De resto, as boas exibições de Thomas eram bastante pontuais e sobretudo num papel de gregário. Em 2016, Richie Porte saiu da SKY e “G” teve a oportunidade de se destacar um pouco mais na alta montanha, sendo mesmo capaz de derrotar Alberto Contador na Volta ao Algarve e no Paris-Nice.

    Mas os resultados lá iam melhorando e começavam a aparecer top 5 no Tirreno-Adriatico e a vitória na classificação geral da Volta aos Alpes. Como se isto não bastasse, Geraint Thomas seria o primeiro camisola amarela do Tour em 2017. Em 2018, “entregou” a vitória na Volta ao Algarve a Michal Kwiatkowski, foi segundo no Tirreno e ganhou o Critérium du Dauphiné de forma clara, batendo Adam Yates e Romain Bardet (3º do Tour em 2017).

    E nesse mês de julho, Geraint Thomas vencia o Tour de France, a sua primeira grande volta, beneficiando de um Chris Froome que vinha de uma vitória no Giro, o que permitiu ao galês ter mais liberdade dentro da equipa. Desde então, conta com mais dois pódios no Tour (em 2019 e em 2022) e com mais um na edição mais recente da Volta à Itália.

    Nesta equipa europeia, Geraint Thomas só não seria líder por causa do duo maravilha que tem à sua frente. Um corredor consistente, bom no contrarrelógio e com boa explosividade, capaz de se defender na alta montanha, poderia ser usado como isco para obrigar outras equipas a perseguir e a desgastarem os seus gregários.

    3. WOUT VAN AERT – BÉLGICA

    Wout Van Aert sabe o que é ganhar corridas em paralelo, chegadas ao sprint, em colina e também não anda nada mal em chegadas de alta montanha. Dominou por completo e com um recorde absoluto de pontos na luta pela camisola verde do Tour, em 2022. Andou de amarelo nessa mesma edição da “Grand Boucle” e venceu 3 etapas, ficando em 2º noutras quatro.

    Tem 7 pódios em monumentos, tendo mesmo ganho a Milão-São Remo de 2020. De resto, tem já vitórias na Amstel Gold Race, na Strade Bianche e na Gent-Wewelgem que, não sendo monumentos, chegam a ser elevadas pelos fãs ao mesmo patamar (sobretudo no caso da corrida italiana).

    Em 2023, já venceu a E3 Saxo Classic, numa demanda épica a três, com Mathieu Van Der Poel e Tadej Pogacar. Na Volta à Suíça, também levou uma vitória para casa e tem como grande objetivo para esta época, alcançar a vitória nos Campeonatos do Mundo, sendo que já esteve muito perto tanto na prova de contrarrelógio como na de fundo.

    Nesta equipa europeia, o papel de Wout Van Aert seria polivalente. Van Aert pode ajudar em dias de vento, pode ser escolha para os sprints, ganhar contrarrelógios, ser lançador de outro sprinter, até ajudar na alta montanha como já fez inúmeras vezes pela Jumbo. A corrida iria ditar muito as tarefas do ciclista belga, mas de uma forma geral passariam por caçar etapas e ajudar os líderes.

    2. TADEJ POGACAR – ESLOVÉNIA

    Um dos melhores ciclistas do Mundo e de todos os tempos, Tadej Pogacar é um corredor único! Já venceu o Tour de France, o Tour de Flandres, a Milão-São Remo, a Volta à Lombardia (por duas vezes), a Liège-Bastogne-Liège, a Fléche-Wallonne, a Amstel Gold Race, a Strade Bianche, o Tirreno Adriatico, a Volta aos Emirados Árabes Unidos e a Volta ao Algarve.

    Para além disto, ganhou duas etapas, foi terceiro na geral, ganhou a classificação da juventude a Miguel Ángel López, na primeira grande volta que fez, mais concretamente, na Vuelta de 2019. E nem partia como líder para essa corrida, tendo Fabio Aru ao seu lado.

    Alguns êxitos de Pogacar ficaram fora da lista, nomeadamente a reviravolta do século que protagonizou em 2020 para ganhar o Tour pela primeira vez, na Planche de Belle Filles. Mas Tadej Pogacar é o ciclista mais completo da atualidade, com uma explosividade ímpar, uma grande capacidade para o contrarrelógio. Nesta “equipa-fantasia”, o papel de Tadej Pogacar seria o de co-líder.

    1.JONAS VINGEGAARD – DINAMARCA

    Há 5 anos trabalhava numa fábrica de peixe para sustentar o sonho do ciclismo; hoje é o melhor trepador do Mundo. Jonas Vingegaard não é tão bom em clássicas como Tadej Pogacar, mas é um voltista por natureza. Fantástico na montanha e no contrarrelógio, apareceu na Volta à Polónia de 2019, com uma vitória de etapa à qual não conseguiu dar continuação para chegar à vitória na geral.

    De resto, Vingegaard foi fulcral na segunda vitória de Primoz Roglic na Vuelta, em 2020. Mas o Vingegaard das três semanas só se tornou uma realidade quando, em 2021, Roglic desistiu do Tour devido a quedas. Vingegaard também ficou apanhado em incidentes semelhantes, o que o levou a perder 3 minutos para Pogacar no mesmo sábado em que Roglic abandonava.

    Contudo, chegada a etapa 11 marcada por uma passagem no Mont Ventoux, Vingegaard atacava a pouco mais de 23 km da meta; Pogacar respondeu durante cerca de 300 metros, até estourar ao ponto de perder 40 segundos em cerca de 1 km para o dinamarquês. A descida permitiu ao esloveno não perder tempo, mas estava plantada a semente da dúvida no que à hegemonia do esloveno dizia respeito.

    A resposta surgiu no ano passado, mais concretamente no Col du Granon, onde Jonas Vingegaard lançou um ataque quase desesperado depois de Pogacar ter resistido a ataques de Roglic e do dinamarquês na subida anterior. Mas só esse ataque quebrou “Pogi” verdadeiramente, com o líder da Jumbo a ganhar 2 minutos e 51 segundos na estrada ao rival da UAE Team Emirates.

    Pogacar seria incapaz de deixar o rival para trás, sem parar de atacar, em dia algum. Mas no fim, Vingegaard tinha o que era preciso e tornou-se no segundo dinamarquês da história a ganhar a Volta à França. Em 2023, Vingegaard ganhou todas as corridas por etapas em que participou, tirando o Paris-Nice, onde perdeu para o rival, Pogacar.

    Jonas Vingegaard e Tadej Pogacar seriam co-líderes desta equipa europeia. Dois dos melhores corredores do Mundo, a um nível diferente no que a três semanas diz respeito e imbatíveis em provas por etapas, a não ser quando o outro está envolvido. São um exemplo de desportivismo, tendo uma relação de amizade entre si e numa equipa como esta, podiam mesmo co-liderar e discutir a vitória final entre si.

    CONCLUSÕES

    Chegamos assim ao fim das “equipas fantasia”, uma série de artigos publicada com o intuito de dar a conhecer a profundidade de talento no ciclismo de cada continente. A Europa tem, claramente, a maior abundância de talento, sendo que continentes como a África e a Ásia apresentam excelentes corredores, bastante completos e, nalguns casos mais envolvidos na cena velocipédica do respetivo continente

    Já nas Américas, é possível observar o mesmo, mas também que a espinha continental do ciclismo no continente está muito assente na Colômbia e nos EUA, com países como o Canadá e o Equador a mostrarem-se também capazes de produzir talento.  Na Oceânia, verifica-se o que ocorre também no futebol, com Austrália e Nova Zelândia numa fase muito mais avançada no que ao desenvolvimento de corredores diz respeito.

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    Filipe Pereira
    Filipe Pereira
    Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.