João Almeida na UAE Team Emirates: O que reserva o futuro ao Duro das Caldas? | Ciclismo

OS PRÓS E CONTRAS DA CASA “ESLOVENA”

De realismo se faz uma análise e essa tem necessariamente de invocar vários pontos favoráveis e não favoráveis ao desenvolvimento do voltista português.

A olho nu, João Almeida beneficiará de um contexto propenso à fase inicial das suas responsabilidades enquanto líder.

Certo é que um contrato de cinco anos é algo atípico no ciclismo, o que contribui para a incerteza sobre a plena afirmação do atleta a longo prazo, principalmente com a presença de Tadej Pogacar na equipa.

Primeiramente, interessa mirar o foco no patamar atual em que João Almeida se encontra, trazendo à baila a maior qualidade que o bom trepador, bom contrarrelogista e bom finalizador já demonstrou: equilíbrio.

A consistência torna-se chave para a sua definição enquanto ciclista, registando-se o grande salto que deu em termos de estatuto com a notável evolução em alta montanha (comparação de registos entre o seu primeiro e segundo Giro d´Itália).

João Almeida insere-se agora numa estrutura que lhe oferece outro tipo de condições para assumir a liderança.

Para além de mais garantias nesse sentido, há que fazer referência à forma como as suas características podem ser mais potenciadas, não estivéssemos perante um corredor capaz de fazer diferenças nos esforços individuais e mostrar-se competitivo na alta montanha, contando assim com o fator equipa.

Manifestamente mais capaz (e interessada) em apoiar o português no capítulo montanhoso, onde precisa necessariamente de um bloco em torno de si para elevar a eficiência de qualquer que seja a estratégia ou situação de corrida, estamos assim perante o principal denominador positivo desta mudança.

Taticamente, este apoio e concentração de “apenas” um objetivo (dinâmica completamente diferente da apetência da Deceuninck Quick-Step para caçar etapas ou apostar em sprinters) leva a que o caldense seja beneficiado na medida em que terá mais responsabilidade, uma força coletiva mais presente e o papel de destaque que muito tem feito por merecer.

Perde no controlo coletivo de etapas planas, contrarrelógios coletivos e aquela cultura “diferente” e  vencedora de quem corre pela equipa belga, ganhando um papel de destaque, uma força mais diversificada no apoio a um grande objetivo e a sempre fundamental questão psicológica em matérias de liderança, confiança e profissionalismo.

Para além da armada lusa já referida em cima, a UAE Team Emirates conta com diversos nomes de trabalho com muita rodagem no pelotão internacional, acrescentando a experiência que por muitas vezes decide corridas.

Diego Ulissi, Brandon Mcnulty, Rafal Majka, George Bennett, Marc Hirschi, Marc Soler e Juan Ayuso são algumas das estrelas com contrato para 2022.

Com óbvias pretensões a liderar ou a ter um papel de elevada importância em várias provas, a forma como Joxean Matxin Fernandez vai delinear a temporada destes atletas permanece uma incógnita.

Seja como for, parece óbvia a ambição do diretor desportivo espanhol em congregar o maior número de corredores de elite para criar superioridade sobre os seus adversários, à imagem daquilo que a Team Sky demonstrou ao longo dos anos.

Tadej Pogacar (incontestavelmente) e presumivelmente João Almeida serão a cabeça de uma serpente ao nível da Ineos Grenadiers e Jumbo-Visma, seguidas de perto pelas sempre competitivas formações da Movistar e da Bahrain-Victorius.

Por aqui se entende que existe toda uma conjuntura diferente para João Almeida, que pode ver o seu calendário coincidir com o “canibal” esloveno e outros destes ciclistas de nomeada, deixando a estrada confirmar o estatuto e objetivo de cada um num único propósito: vencer todas as corridas, sejam por etapas ou clássicas de um dia.

Este ponto pode ser o maior entrave àquele que se deseja um crescimento linear da promessa portuguesa, sobretudo pelas poucas certezas que um contrato de cinco anos pode dar a nível competitivo (numa questão de liderança contínua).

Gera estabilidade e confiança, contudo, torna-se complicado imaginar João Almeida como líder de uma Volta a França ou de uma das clássicas da primavera enquanto homem forte do conjunto dos Emirados Árabes Unidos, sobretudo pela existência de Tadej Pogacar.

De resto, a explosão que muitas vezes tarda em suceder-se nestes jovens talentos parece estar muito bem encaminhada se atentarmos aos resultados do português.

A liderança que teve em 2020 em contraste com 2021 e o rendimento soberbo nas maiores dificuldades que teve em 2021 quando comparado com 2020 convergem agora numa terceira época de maior experiência e, acima de tudo, de maior nível.

Um somatório de três vitórias em etapa e uma classificação geral na divisão máxima atestam essa sensação de crescimento continuado, elevando as expectativas de toda uma comunidade cada vez mais apaixonada… novamente.

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O Ricardo é licenciado em Comunicação Social. Natural de Amarante, percorreu praticamente todos os pelados do distrito do Porto enquanto futebolista de formação, mas o sonho de seguir esse caminho deu lugar ao objetivo de se tornar jornalista. Encara a escrita e o desporto como dois dos maiores prazeres da vida, sendo um adepto incondicional de ciclismo desde 2011.

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