Foram vários os ciclistas e fãs da modalidade a demonstrar, através das redes sociais, empatia com o corredor, e o seu desagrado para com esta regra tão rígida da UCI. O australiano Richie Porte escreveu, “bem dito companheiro, existe algum órgão regulador mais fora de contexto com o seu desporto?” Chris Froome reagiu com, “onde é que o nosso desporto está a chegar?”
Collection de Mathis, 7ans.
Des bidons, il en a plein la maison. Pourtant ses préférés sont ceux donnés par les coureurs sur les courses.@UCI_cycling pour que le cyclisme devienne un sport plus eco-responsable :OUI.
Mais pas au détriment de la passion. Les 2 doivent coexister! pic.twitter.com/2UyPW7osbu— SarreauMarc (@Sarreau) April 5, 2021
Na prova feminina do Tour de Flandres, a italiana Letizia Borghesi (Aromitalia Basso Bikes Vaiano) foi também desclassificada, por descartar um bidon fora da zona permitida. Apesar de se ter desculpado por violar a nova regra, achou a desclassificação e a multa um castigo demasiado severo, e que é desapontante saber que haverá menos crianças a experienciar e a sentir a alegria de ter um “prémio da corrida” na berma da estrada. “Ver um sorriso de uma criança quando ela pega num bidon é impagável. Com esta nova regra, veremos muito menos sorrisos e isso, certamente, não é bom para o ciclismo”, referiu a corredora.
Siempre me hace ilusión tirarle un bidón a un niño, pero estoy seguro de que más ilusión le hace a un niño que un ciclista le tire un bidón, lo digo porque lo he vivido.. pero con esta norma ese sueño no se puede cumplir, espero que esto pase pronto!
— Juanpe López (@juanpelopez97) April 4, 2021
Um aspeto importante encontra-se relacionado diretamente com a competição, visto que se prende com o infortúnio de ser apanhado em flagrante por um comissário de corrida ou pelas imagens da televisão. Como consequência poderá haver, por vezes, murmurinho e tentativa de “vitórias de secretaria”. Pois se um ciclista infringe e é penalizado, a sua equipa quererá explicações caso um corredor adversário faça a mesma ação e não sejam tomadas as mesmas medidas. Podem surgir casos caricatos, com corredores da luta pela geral a serem desclassificados.
Também foi anunciado o banimento da posição “super-tuck”, uma posição mais aerodinâmica na bicicleta, com o ciclista sentado em cima do quadro, seguindo-se a proibição de adotar a posição de contrarrelógio durante as etapas em linha, com os antebraços apoiados no guiador.
Esta é uma técnica geralmente utilizada por ciclistas que são exímios em descidas, quando querem aproveitar o terreno para ganhar maior aerodinamismo e velocidade em relação à concorrência, muitas vezes vista em fugas. Alguns ciclistas que são apreciadores de descer assim são: Froome, Mohoric, Nibali, Kwiatkowski, Tim Wellens e Sagan.
A posição de contrarrelógio costuma ser utilizada de forma corrente em terreno plano e em fugas, e acaba por ser uma abordagem a que os corredores estão habituados, o que pode provocar muitos esquecimentos nas primeiras corridas.
Ambas as medidas procuram melhorar a segurança dos ciclistas, mas talvez acabe por interferir em demasia com a corrida e com as técnicas adotadas por cada ciclista. Para a UCI, os pontos de contacto com a bicicleta devem ser o guiador, pedais e o selim, e nenhuma das duas maneiras de correr respeita o que é suposto, tornando o atleta menos apto a reagir aos imprevistos que aparecem na estrada. As posições dos ciclistas profissionais podem levar outros atletas mais jovens, que não têm a mesma destreza e habilidade, a fazer este tipo de manobras, colocando em risco a sua integridade física e a de todos os intervenientes da corrida, isto segundo a UCI.
Por outro lado, acaba por haver uma perda na forma de abordar a corrida pelo ciclista mais criativo e que gosta de arriscar, desprestigiando a componente técnica do ciclismo.
So just before the stage I was answering questions about riding on the top tube. Please @UCI_cycling think about the real risks, like oil on the road today. Don’t blame us for causing crashes. There is so much to do on safety and organization side of cycling… @Etoile_Besseges pic.twitter.com/3SV3dmOyDF
— Michał Kwiatkowski (@kwiato) February 5, 2021
A UCI também tem vindo a trabalhar no sentido de melhorar as condições de segurança nas chegadas das provas, com barreiras bem fixas ao chão, de forma a evitar facilitismos e desastres como a queda de Jakobsen na Volta à Polónia, o que é uma iniciativa muito bem-vinda e necessária para o bem dos principais intervenientes do espetáculo.