Nacionais de Ciclismo: O campeão voltou e a campeã apareceu

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Pelo segundo ano consecutivo, Mogadouro é palco dos Campeonatos Nacionais de Ciclismo de Estrada. Esta sexta-feira foi dia de contrarrelógio, com as provas de estrada a ficarem reservadas para este sábado (sub-23 dos dois sexos e elites femininas) e para domingo (elites masculinos).

21 km de esforço individual para todos menos para os elites masculinos. Para estes, estava reservado um percurso de 33,6 km, com destaque para uma luta a três entre Rafael Reis (campeão em título), João Almeida (vindo do pódio histórico no Giro) e Ivo Oliveira (que andou de amarelo na Boucles de la Mayenne, depois de ganhar o contrarrelógio de abertura).

Em elites femininas, Vera Vilaça, Ana Caramelo e Liliana Jesus partiam como as maiores favoritas à vitória, nomeadamente por causa da ausência da bicampeã Daniela Campos que ainda está a recuperar da queda que a levou a abandonar a Vuelta, no início de maio.

Vilaça tinha ficado no segundo lugar em 2020 e está a fazer uma boa época ao serviço da Massi Tactic, equipa espanhola, com bons resultados em provas da Taça de Espanha e com a participação na Vuelta. De resto, foi a única portuguesa a concluir a primeira grande volta do ano. Já Caramelo e Jesus são duas ciclistas com vitórias na Taça de Portugal e também com boas participações em corridas no país vizinho.

Nos sub-23 masculinos, o destaque ia para a presença de António Morgado que, aos 18 anos, já era apontado como grande favorito à vitória. De resto, o maior adversário era mesmo Gonçalo Tavares (colega de Morgado na Hagens Berman Axeon) com nomes como Daniel Lima, da Israel Premier Tech Academy, Lucas Lopes, da Electro-Hiper Europa, Pedro Silva e Duarte Domingues, da Glassdrive-Anicolor-Q8, entre muitos outros, a serem colocados no radar.

Nas sub-23 femininas, foi a primeira vez que o título foi disputado, com o destaque claro a ir para Beatriz Pereira (Bizkaia-Durango), Beatriz Roxo (Cantabria Deporte) e Mariana Líbano (Team Soltec), as três com bastantes quilómetros em Espanha e, por isso, maiores favoritas à vitória nesta categoria.

BEATRIZ PEREIRA FAZ HISTÓRIA

A primeira metade de 2023 não tem corrido de feição para Beatriz Pereira com a época da jovem ciclista que falhou algumas corridas, nomeadamente a Vuelta. Portanto, não seria estranho que a mulher da Bizkaia fosse a menos favorita das três principais candidatas.

Contudo, a teoria na prática é outra coisa e no ponto intermédio, Beatriz Pereira ganhava já 12 segundos a Mariana Líbano e 28 segundos a Beatriz Roxo. Se para Roxo, a vitória começava a parecer uma miragem, para Líbano, os 12 segundos ainda eram uma margem recuperável. Mas foi com a jovem da Soltec que se verificou uma tendência regular ao longo de todas as provas, com uma tendência para que alguns ciclistas quebrassem na segunda metade do percurso.

E foi isso que aconteceu a Mariana Líbano que perdeu 1 minuto e 14 segundos para Pereira entre o intermédio e a meta, acabando a 1 minuto e 26 segundos da campeã nacional de sub-23 e perdendo mesmo a segunda posição para Beatriz Roxo que ficou a um minuto e dez de Beatriz Pereira.

Desta forma, a Bizkaia-Durango continua a ter uma campeã portuguesa de contrarrelógio, mudando apenas o nome e o escalão. Já Beatriz Pereira conquistou a primeira vitória do ano e sagrou-se a primeira campeã portuguesa de sempre em sub-23, juntando este título ao conquistado na prova de fundo em 2021, no escalão de juniores.

MORGADO VENCE CORRIDA À BAIRRADA

No contrarrelógio de sub-23 masculinos, a corrida ficou marcada por três jovens de 18 anos que, em 2022, foram três nomes do quarteto maravilha da Bairrada Cycling Team (com Ruben Rodrigues), equipa do escalão de juniores: António Morgado, Gonçalo Tavares e Daniel Lima.

Morgado vinha de um Giro Next Gen menos bem conseguido a nível individual (ainda ajudou Darren Rafferty a ser 2º na geral), sendo que a vitória na geral da Volta à Rodes e numa etapa da Corrida da Paz faziam do seu nome o mais sonante dos três. Já Daniel Lima correu já pela equipa profissional da Israel Premier Tech, na Mercan’Tour Classic, ao lado de Chris Froome. Gonçalo Tavares era mesmo quem entrava nesta prova com uma temporada mais discreta, aparecendo muitas vezes no apoio a Morgado, como já acontecia na Bairrada e na Seleção Nacional de Juniores.

As lideranças tanto no tempo intermédio, como na chegada, eram muito voláteis, mudando rapidamente quem ocupava o primeiro lugar. Mas tanto no intermédio como na meta acontecia o seguinte: chegava Lucas Lopes ficava assinalado o primeiro tempo de referência e acabava batido pelos mesmos três nomes: Morgado, Tavares e Lima.

Ainda assim, no primeiro intermédio Lopes apenas rodava com 11 segundos perdidos para Daniel Lima. Não tardou a que chegasse Gonçalo Tavares, que bateu esse tempo por 8 segundos… tal como António Morgado, que era batido por Tavares no intermédio, apenas por duas décimas de segundo. Como tal, até Duarte Domingues e Pedro Silva, que rodavam a 33 e 36 segundos dos líderes, respetivamente, podiam acreditar em chegar ao pódio.

Na meta, Diogo Oliveira foi o primeiro a baixar dos 30 minutos, com José Bicho a baixar dos 29, em seguida. Mas chegava Lucas Lopes com uma marca esmagadora de 27 minutos e 52 segundos, o primeiro tempo de referência do dia… que acabou batido por Daniel Lima que retirou 30 segundos, ao homem da Electro. Recuperou, ainda assim, algum tempo para Gonçalo Tavares, mas acabou a 6 segundos do vice-campeão nacional de juniores.

Quem esmagou completamente na segunda metade do contrarrelógio para juntar o título nacional de sub-23 à dobradinha nos juniores (alcançada em 2022) foi António Morgado! O “Moustache Man” meteu 27 segundos em Tavares, tudo na segunda parte do contrarrelógio! Foi uma exibição de luxo por parte de António Morgado que é o campeão nacional de contrarrelógio, em sub-23. O pódio ficou completado por Gonçalo Tavares e por Daniel Lima

Destaque também para o segundo parcial de Duarte Domingues e de Diogo Narciso (Credibom/LA Alumínios/MarcosCar) que conseguiram recuperar os dois, 14 segundos a Lopes e perderam apenas 1 segundo para Tavares. Para Morgado é que já perderam algum tempo, mas isso foi mais responsabilidade de Morgado do que de Domingues e Narciso, que acabaram em 5º e 6º, respetivamente.

UMA VITÓRIA DOCE PARA ANA CARAMELO

Perante a ausência de Daniela Campos, Vera Vilaça destacava-se como grande favorita à vitória, mas Ana Caramelo não lhe ficava muito atrás. Vinda de bons resultados em Espanha e da IV Taça de Portugal, onde o Bola na Rede esteve presente.

Caramelo não tardou a demonstrar o seu nível e logo no ponto intermédio, ganhava 29 segundos a Vera Vilaça. A mais de 1 minuto já, rodavam Alessia Teixeira e Ana Santos, com Liliana Jesus a ter um mau dia, passando no intermédio a 2 minutos e 8 segundos de Caramelo.

A mulher da Maiatos ia melhorar ainda mais esta performance na segunda metade do contrarrelógio, vencendo de forma clara o título que lhe escapara em 2021 e em 2022, anos em que fechara na 2ª e na 3ª posição, respetivamente. Desta vez, Ana Caramelo não ia deixar escapar aquela que é a maior vitória da carreira para a ciclista de 27 anos, a nova campeã nacional de contrarrelógio.

Caramelo superiorizou-se ainda mais a Vera Vilaça na segunda parte do crono, vencendo a corrida com 53 segundos de vantagem para a ciclista da Massi-Tactic e com 1 minuto e 45 segundos para uma surpreendente Alessia Teixeira. A ciclista da Academia Efapel de Ciclismo capitalizou o bom resultado do intermédio, aproveitando a quebra de Ana Santos na segunda metade para fechar o pódio com 17 segundos de vantagem.

REIS PERDE A COROA PARA ALMEIDA

Em 2022, um dos maiores choques do ano ocorreu quando Rafael Reis derrotou Ivo Oliveira e João Almeida para se sagrar campeão nacional de contrarrelógio. Como tal, e vindo de uma vitória no Grande Prémio Abimota, com triunfo dominante no contrarrelógio de abertura, já existiam mais olhos focados no homem da Glassdrive.

Esta corrida dividiu-se em dois cenários: a luta pela vitória e a luta pelo pódio. A luta pela vitória ficou logo muito encaminhada quando Ivo Oliveira e João Almeida foram os únicos a baixar dos 20 minutos, sendo que Almeida levava 16 segundos de vantagem para o colega de equipa.

Na meta, o ciclista de A-dos-Francos enfatizou a superioridade, foi o único a baixar dos 39 minutos e a bater o tempo de Ivo Oliveira, por 34 segundos.

Já a luta pelo pódio foi mais acesa. E porquê? Bem, Rafael Reis teve um dia completamente ao lado e deixou em aberto um lugar. Como tal, no primeiro ponto intermédio, Emanuel Duarte ocupava o 3º lugar, a 1 minuto e 11 de João Almeida, com 7 segundos de vantagem para Carlos Salgueiro, 10 segundos para Joaquim Silva, 12 para Rafael Reis e 23 para Gaspar Gonçalves. Os restantes já rodavam a mais de 30 segundos de Duarte. Com 3 corredores no top 10, a Efapel estava em excelentes condições para garantir o 3º lugar no campeonato, com Reis a permanecer bem próximo.

Na segunda metade do percurso, quem brilhou foi Joaquim Silva. O corredor algarvio da Efapel saltou de 5º para 3º, ganhando 8 segundos a Salgueiro, 33 a Emanuel Duarte que quebrou completamente e também 33 segundos a Rafael Reis.

Silva garantiu assim uma presença num pódio dominado pela UAE Team Emirates, dando ainda excelentes indicações para uma das fases mais importantes da época velocipédica nacional.

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Filipe Pereira
Filipe Pereira
Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.

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