SETEMBRO 2001
Depois da derrota frente ao CFU Lamas, a vida pela Amadora foi uma verdadeira montanha-russa.
Hugo Pinheiro e Tó Madeira já têm o nome impresso nos cacifos e os adeptos já esgotaram os bilhetes para o próximo jogo em casa, frente ao Moreirense FC.
E os tricolores em campo recompensam a fé dos adeptos. Num jogo intenso, Tó Madeira começa a sua estória na Amadora com um bis, Antchouet volta a marcar e Hugo Pinheiro, apesar dos três golos sofridos, faz um brilharete na baliza.
All is good e a vida corre bem…
Next stop, cidade dos estudantes!
Num jogo entre os dois maiores favoritos à subida, entro no balneário para a conversa pré-jogo e digo que uma vitória no Municipal de Coimbra é uma afirmação de força. Os jogadores parecem confiantes e, em campo, um golo madrugador confirma isso mesmo. Semedo, logo aos sete minutos, marca o golo que nos faz sonhar.
Porém, a equipa acomoda-se e a minha conversa ao intervalo parece ter piorado as coisas. Tentei motivá-los a mais, a procurar mostrar que são melhores, mas a verdade é que nem um minuto depois do início, ainda eu mascava a minha Super Gorila, e já a Briosa empatava o jogo.
Aos 48′, 2-1 para a equipa da casa e as camisolas vermelhas, brancas e verdes pareciam vazias. Nem a temperatura quente me dava conforto e, já depois do apito final, os vestiários eram um gelo silencioso que em tudo contrastava com os cânticos que se ouviam para lá daquela porta.
Na viagem, e depois de dar por mim, de novo, em plena A1, a pensar na vida, cheguei à conclusão de que nem na despedida aprendi a gostar da cidade de Coimbra.
Segunda-feira é dia de folga num mundo onde se vivia em pleno ataque terrorista ao World Trade Center. Na terça-feira, no campo de treinos, digo aos jogadores que cair com estrondo só pode ser uma boa lição para subir e mostrar o que queremos realmente ser.
Os jogadores reagem de forma positiva à mensagem e, nos treinos, Tó Madeira e Antchouet parecem saídos do videoclip de Paul McCartney e Stevie Wonder.
Domingo, novo jogo no José Gomes e nova pequena enchente nos cafés e no bingo da Amadora.
Entre os adeptos, muitos acreditam na equipa, mas há uma minoria que mostra que o jogo do passado fim-de-semana não foi esquecido.
Contudo, a memória da segunda parte de Coimbra depressa sai da mente tricolor e ao ritmo dos golos. No final da partida, 5-2 para o Estrela e Tó Madeira com o seu primeiro hat-trick.
A 25, assino contrato com Adilson, o “tal” central expulso em Lamas. Preciso de renovar a defesa e sinto que estou a sofrer demasiados golos.
O último jogo de setembro é na Madeira e, durante o voo para o Funchal, vou a pensar que algo tem de mudar. Temos três vitórias em casa e duas derrotas fora; está na altura de vencer fora e na sempre difícil Choupana.
Antes do jogo, cruzo-me com Pedro Proença no acesso aos balneários e brinco com as derrotas forasteiras, afirmando que um “nevoeirozinho vinha mesmo a calhar”.
O jogo acabou por ser de sentido único e a favor do Estrela! Antchouet pareceu não querer ficar atrás do colega de ataque e imitou o feito de Tó Madeira, marcando também três golos.
Já o matador Madeira fez mais uma vez o gosto ao pé e parece que temos um “show-off” entre os dois avançados do plantel. Quem nem foi convocado foi o madeirense Cristiano, mas a estreia estava para breve.
No final do mês, tenho mais um pequeno mimo: o fantastic duo ocupa o primeiro e o terceiro lugar do pódio de melhores jogadores, com João Paiva, o meu suplente das assistências a aparecer também na lista. No mesmo dia, o SC Campomaiorense agenda a transferência de Pavlin, menos um extra-comunitário no plantel e espaço para chegar Milevskiy.