Os clubes nos eSports

    Há carros, motas, barcos, aviões, camiões… E, dentro de cada um deles, há outras disciplinas ou desportos. Fórmula 1 é diferente de Fórmula Indy ou um Rally. Uma prova de motos de pista é diferente de uma de motocross. A questão é que isso já faz parte da nossa cultura. Vamos conseguindo encaixar, com maior ou menor precisão, as peças do puzzle no sítio devido. E não preciso – e não sou mesmo – de ser grande perito em automobilismo para perceber que um Dakar é diferente de umas 24h de Le Mans. São carros na mesma. Mas o “jogo” em si é diferente.

    Alguns dos clubes já com presença nos esports Fonte: Esports Observer
    Alguns dos clubes já com presença nos esports
    Fonte: Esports Observer

    Ora, num mercado imaturo e sem grandes pressas para se tornar estável – uma vez que o crescimento agrada a todos – isso pode ser também uma barreira a ultrapassar para novas apostas. Como é também um entrave uma aposta num mercado onde, longe de se ser líder, se tem muito – tudo! – para aprender. É uma lição de humildade. E também de muito trabalho, de estudo mas, sobretudo, de visionarismo. Podemos argumentar que é fácil seguir. Não é fácil tomar a iniciativa. Por cá, o Sporting foi pioneiro no salto para os esports.

    Fê-lo com algum mediatismo mas com uma inegável falta de resultados e até de impacto numa comunidade competitiva. Começou mal, poderia dizer-se. Sem as equipas inicialmente propostas – fruto daquilo que pareceu uma leitura errada do mercado de então – atravessou um pequeno marasmo com a nota positiva pelo ecletismo e pioneirismo. Falaremos mais tarde especificamente do mercado português, mas aqui importa salientar o assumir do risco e do investimento para uma visão abrangente do mercado do desporto em geral.

    Schalke 04 aposta em equipa de League of Legends Fonte: Dexerto
    Schalke 04 aposta em equipa de League of Legends
    Fonte: Dexerto

    A aposta nos esports por parte do Sporting ou de outros clubes é uma aposta na marca também. É um sinal claro de atenção ao mercado e às novas tendências e um estender de braços para toda uma nova vaga de futuros adeptos. Num país em que o clube de eleição é geralmente transmitido pelos familiares, este apelo aos videojogos, às paixões que movem a massa de jovens potenciais adeptos, esta proximidade para com os seus gostos e paixões, temperada com bons executantes, bons eventos e bons resultados trará, inegavelmente, bons resultados para os clubes.

    Qualquer jovem num seio familiar de cor clubística diferente que venha a seguir o Sporting ou outros clubes porque participam no seu jogo de eleição ou porque está lá o famoso jogador A ou B é uma vitória desse investimento, é um passo face ao crescimento do clube enquanto marca que procura extravasar as fronteiras do local. E isto, naturalmente, aplica-se a todos os clubes e sublinha também a oportunidade que alguns vão deixando passar ao lado. É que o investimento é, comparativamente com outros desportos e modalidades, muito reduzido. E o retorno, em capital emocional e afectivo, em potenciais incrementos do número de adeptos e sócios, esse, é difícil de quantificar, mas claramente positivo.

    Foto de  Capa: Real Clear Life

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    Ricardo Mota
    Ricardo Motahttp://www.bolanarede.pt
    Desde há muito tempo ligado ao mundo dos videojogos, Ricardo Mota é Professor de criação de videojogos no Instituto Politécnico da Maia. Escreve sobre videojogos e desportos electrónicos para o Rubber Chicken, a RTP Arena e o Observador e traz agora para o Bola na Rede os primeiros passos sobre os esports. Organiza o projecto Indie Dome, na Lisboa Games Week, e trabalha como Relações Públicas e Gestor de Comunidades na Bigmoon Studios.                                                                                                                                                 O Ricardo não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.