Portugal 3-3 (1-4 a.p.) Espanha: Espanholas de ouro, Portugal de luta

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A CRÓNICA: ATÉ À ÚLTIMA GOTA DE SUOR PELO EUROPEU

Chegou a hora da decisão das decisões. Chegou a hora de Portugal tentar escrever história frente à Espanha. Estava na hora da final do Campeonato Europeu de Futsal feminino no Pavilhão Multiusos de Gondomar.

Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

O ambiente estava frenético. O pavilhão tremia com o apoio nas bancadas e o jogo estava ao rubro. Dada a qualidade de ambas as formações, o duelo estava bastante equilibrado, com muita pressão parte a parte em todos os níveis.

A primeira ocasião de perigo veio de Noelia Montoro, com um remate fortíssimo que passou a centímetros da baliza de Ana Catarina, o que avivou ainda mais Portugal. No lance seguinte, uma falta de Irene Córdoba sobre Ana Azevedo levou ao primeiro lance de perigo para a equipa das quinas, mas acabou a ser inconsequente.

A seleção espanhola entrou bastante aguerrida no jogo, a acumular faltas bastante cedo, o que poderia facilitar a vida às portuguesas que andavam a cheirar a baliza de Silvia Aguete.

Ana Azevedo teve, nos pés, a oportunidade abrir o marcador, mas levou as mãos à cabeça depois de uma defesa inacreditável de Silvia Aguete ao remate da portuguesa a centímetros do corpo da guardiã. Foi, de longe, a melhor oportunidade do jogo até então.

Mas o melhor veio mesmo no bater dos dez minutos da primeira parte. Fifó levou a equipa de arrasto, para soltar Ana Azevedo sozinha na direita e esta rematar para o fundo das redes da baliza espanhola. Marcado o um a zero, marcou Portugal!

De quem não andamos a falar muito (porque também tem sido pouco chamada à presença) é de Ana Catarina. A guardiã portuguesa, quando tem de intervir, mostra sempre o porquê de ser a melhor do mundo, tal como fez no momento em que teve três adversárias à sua frente e defendeu a sangue frio, sem dó nem piedade.

Tudo parecia estar a correr bem. A seleção espanhola adormeceu por completo no jogo frente a um coletivo português bem acordado. Pisko, a pouco mais de um minuto do intervalo, marcou o segundo golo de Portugal e mostrou que veio para erguer o troféu.

A segundos de soar o apito para o intervalo, Ale de Paz foi ao lado de Ana Catarina dizer que isto não acabava por aqui e rematou “do meio da rua” para o diminuir da vantagem portuguesa, depois de uma perda de bola a meio-campo da seleção das quinas. Vinha o intervalo.

A segunda parte parecia não desenrolar, apesar do ritmo frenético na quadra. Olhávamos para o relógio e o tempo parecia não andar, apesar do bom futsal praticado. As oportunidades iam aparecendo parte a parte, umas mais flagrantes do que outras, mas o desejo pela vitória estava bem presente.

Aconteceu a Portugal o mesmo que sucedeu à Espanha durante a primeira parte aquando do segundo golo. O adormecimento levou ao empate. Ale de Paz bisou no encontro, depois de um grande jogada coletiva e levou os “nuestros hermanos” ao rubro. Faltavam apenas pouco mais de cinco minutos e Portugal necessitava de acordar a nível tático.

Sejamos sinceros: isto do futsal já pouco dá para ter uma competência cardíaca em condições, muito menos quando uma final assim tem de ser decidida nos instantes finais. No fundo, todos estavam assim, quer nas bancadas, quer nos bancos, quer na quadra. As jogadores tinham de ter a razão acima da emoção e levar a bom porto aquilo que foram os restantes minutos do encontro.

Um minuto para o final. Espanha não saía do seu meio-campo. Portugal estava embalado ofensivamente e não arredava pé, mas a final teve mesmo de ir a prolongamento. Com duas equipas e, principalmente, Portugal a “dar as últimas”, com os níveis de cansaço muito elevados, os próximos dez minutos seriam de “matar ou morrer”.

O início do prolongamento já dava pano para mangas. As mãos dos portugueses foram levadas à cabeça com uma falha à boca da baliza e a seleção espanhola foi admoestada com a quinta falta e, logo de seguida, a sexta. Pisko tinha nos seus pés a oportunidade de fazer o terceiro golo, mas Silvia Aguete defendeu sem esforço.

Depois de dois golos “caídos do céu”, o terceiro golo espanhol veio na mesma onda. Com algum sufoco defensivo português à mistura, com muitas bolas paradas seguidas, o golo de Maria Sanz chegou na sequência de um canto. A esperança de Porutgal restava na segunda parte do prolongamento.

Tal como no início do prolongamento, mais um falta espanhola e mais uma oportunidade para Portugal. Carla Vanessa tentou, mas Silvia Aguete voltou a defender. Uma autêntica muralha.

Por falar em muralhas, já falámos de Ana Catarina, não? Só para deixar claro que é maior que a muralha da China.

Mais uma moedinha, mais uma faltinha – podiam adaptar o ditado. Desta vez, Pisko voltou a ser chamada a converter e nem à terceira foi de vez. Na verdade, podíamos dizer que Portugal, no momento, estava a perder algo por culpa própria e tinha de arriscar.

A três minutos do final, a equipa das quinas arriscou num cinco para quatro e num tudo ou nada. E ainda deu! Em jogada rápida, Janice assistiu para um remate portentoso de Pisko e faltava apenas um minuto, com um empate a três golos no marcador. Restavam as grandes penalidades. Como dizem os livros, “aguenta coração”.

Peque marca. Silvia Aguete defende. Amelia Romero marca. Carla Vanessa marca. Mayte marca. Silvia Aguete defende. Irene Córdoba marca. Espanha revalida o título de campeã europeia!

Para as portuguesas: foi o tudo por tudo, numa luta incansável, da qual devem sair com orgulho e de cabeça levantada. Não ficam por aqui porque ainda irão voar bem alto.

A FIGURA

Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

Ale de Paz – Marca dois dolos golos que fazem reviver a esperança espanhola e é o trunfo para a vitória do Campeonato Europeu. Aproveitou as debilidades portuguesas para levar a melhor na luta pelo ouro.

O FORA DE JOGO

Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

Cansaço de Portugal – Deram o que tinham e não tinha até ao último segundo de cada parte e até à última grande penalidade. Não podiam ter feito mais. O cansaço foi-se acumulando e foi um dos fatores principais do jogo jogado para o desfecho ser este. Que o orgulho não se desvaneça.

 

ANÁLISE TÁTICA – PORTUGAL

Os ataques rápidos na transição e o aproveitamento de erros cometidos pela seleção espanhola foram grande amigos de Portugal nesta final. Com um processo defensivo bem delineado, com muita pressão sobre as jogadoras adversárias, o rumo do encontro poderia ter sido bem diferente, não fosse esse elevado nível de concentração da equipa das quinas.

CINCO INICIAL E PONTUAÇÕES

Ana Catarina (8)

Ana Azevedo (8)

Cátia Morgado (6)

Pisko (7)

Carla Vanessa (6)

SUBS UTILIZADAS

Maria Odete (-)

Janice Silva (7)

Fifó (7)

Inês Fernandes (7)

Maria Pereira (6)

Ana Pires (6)

Sara Ferreira (6)

 

ANÁLISE TÁTICA – ESPANHA

À semelhança do efetuado por Porutgal, a seleção espanhola investiu nas transições rápidas, mas também em bolas paradas bastante bem estudadas – apenas travadas pela defensiva portuguesa. A diferença residiu na agressividade na abordagem aos lances – Espanha chegava quase ao limite de faltas muito cedo em ambas as parte do encontro, o que condicionou o processo defensivo. 

CINCO INICIAL E PONTUAÇÕES

Silvia Aguete (7)

Mayte Mateo (6)

Peque (6)

Anita Luján (6)

Dany (6)

SUBS UTILIZADAS

Laura Córdoba (6)

Irene Córdoba (5)

Maria Sanz (6)

Lucía Gómez (6)

Ale de Paz (8)

Amelia Romero (6)

Noelia Montoro (6)

Irene Samper (6)

Foto de Capa: Paulo Ladeira / Bola na Rede

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A Andreia é licenciada Ciências da Comunicação, no ramo de Jornalismo. Depois de ter praticado basquetebol durante anos, encontrou no desporto e no jornalismo as suas maiores paixões. Um dos maiores desejos é ser uma das vozes das mulheres no mundo do desporto e ambição para isso mesmo não lhe falta.

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