O melhor estava guardado para o fim | Desportos de Inverno

Era no Esqui Alpino, mais em concreto na variante de Slalom Gigante, que se dava o início da derradeira participação lusitana na presente edição dos Jogos. As nossas esperanças estavam depositadas no esquiador de 25 anos  nascido na Covilhã , Ricardo Brancal. Ele que nos meses prévios à estreia havia feito de Itália a sua base de treino por forma a preparar-se o mais rigorosamente possível  para competir entre a nata. Ricardo propunha superar o 40º posto conseguido nos Mundiais de 2020 em Cortina Del Peso, Itália, procurando ainda melhorar os seus tempos por manga, tentando aproximar-se cada vez mais dos melhores.

Quanto à luta pelas medalhas, o austríaco Manuel “rock star” Feller tentava defender convenientemente o título por ele conseguido em solo coreano. Contudo, e se a competição refletisse o espelhado na presente edição da Taça do Mundo o favorito número um ao ouro seria o “Duracell” suíço Marco Odermatt. Porém não eram de descartar nomes como os do norueguês Kristoffersen ou do gaulês Alexis Pinturault, este último que se encontrava num momento de forma miserável, ainda sem medalhas e longe dos  tempos áureos, isto para além das surpresas que sempre acontecem em eventos desta magnitude.

Com a neve a cair, e em força, numa primeira manga marcada por um denso nevoeiro que juntamente com o manto fresco dificultava a vida aos atletas, a nota de maior destaque e que comprovava que a corrida às medalhas seria: rasgadinha, espetacular e bastante aberta era o facto de entre primeiro e décimo colocados existir menos de um segundo de separação. Motivo pelo qual ainda ninguém , de entre os favoritos, se encontrava arredado do pódio. Isto com a exceção de Feller, que fruto do seu estilo pouco ortodoxo, sempre no risco máximo e algo irracional terminaria a prova logo à quarta ou quinta  porta.

Quanto a Brancal, optando por imprimir um ritmo: constante, regular e sem grandes oscilações findava a primeira descida com o 42º tempo mais rápido.

Mostrando por que razão se apresta para conquistar o globo de cristal desta disciplina bem como caminha para embolsar o primeiro grande globo, Odermatt não daria chances à concorrência sequer de o beliscar! E com uma segunda metade de disputa irrepreensível selava um ouro,  mais que “limpinho”! Já a prata ficaria nas mãos daquele que era apenas sexto na lista de favoritos aos metais, o esloveno Kranjec, que homenageava assim da melhor forma a memória do seu pai, falecido recentemente num acidente de trabalho. O campeão do Mundo da disciplina “rainha”, o francês Faivre, contentava-se desta feita com o bronze. Convém realçar que o medalhado de prata recuperava do oitavo tempo mais veloz registado ao cabo do primeiro naco de competição, bem como que Kristoffersen e Pinturault voltando a “bater na trave” mantinham-se a zeros.

Quanto ao nosso embaixador, rubricando uma segunda parte de apronto onde: consistência, conservadorismo e brio foram palavras que melhor o descreveram, revelava arte para alcançar um mais que meritório 37º lugar a cerca de 28s do vencedor, atingindo todos os objetivos a que se propusera aquando da partida para a referida competição. No entanto o número 1.800 do ranking em Gigante e 3.000 no Slalom ambicionava, ainda mais, fazer uma prestação bem honrosa na disciplina dos Skis curtos.

RICARDO MAIS QUE “BRANCAL”!

O Slalom, derradeira prova a nível individual do Esqui Alpino  masculino em Pequim coincidia com o términus da participação dos patrícios nesta edição dos Jogos, Ricardo Brancal tentaria fechá-la com chave de ouro. Com uma pista já bastante desgastada pelo número de provas acolhidas nas últimas duas semanas, eis que a “Ice River” voltava a ser o palco de todas as emoções naquela que se previa fosse das senão a mais aberta de todas as corridas de Esqui alpino desta Olimpíada, até porque na Taça do Mundo em sete provas já realizadas eram 14 os esquiadores que já sabiam o que era subir ao pódio.

Findada a primeira metade da corrida, os meus vaticínios tinham correspondência quase como se tivesse algum poder sob os resultados, visto que os doze mais rápidos registavam menos de um segundo de distância! A comandar o extenso e laureado pelotão encontrava-se o austríaco, ouro em combinado Alpino, Strolz, ele que procurava igualar o feito de seu pai que em Calgary  arrecadara dois metais. Em posição de prata estava o viking Solevaag seguido pelo compatriota Kristoffersen.

Brancal apenas 46º teria de ativar os motores em modo potência máxima por forma a ascender posições na segunda manga , buscando nova presença entre o Top 40. Escusado será referir que os favoritos mantinham as aspirações ao pódio intactas.

Como previra a segunda descida traria alterações de monta no topo, com a mesma a ser: emocionante, imprevisível e disputada até à derradeira gota de suor. Quem recuperando do prejuízo sagrar-se-ia vencedor do título mais importante na carreira de qualquer esquiador/a, seria o francófono Clement Noel, ele que era sexto após a primeira descida.  A prata ficava para Strolz que no começo da temporada integrava a formação B austríaca, mas que saía da China com duas medalhas ao peito. Já no bronze concluía o campeão do mundo da especialidade, Solevaag. Assim estava encontrado o digno sucessor do já retirado sueco, André Myhrer.

Brancal após colecionar 12.32s de desvantagem face ao melhor tempo, “treparia” até a um mais que brilhante 39º posto a 22.22s do ouro, isto num dia em que 42 praticantes não haviam sido capazes de cumprir as duas exigentes descidas.

O luso demonstrou que por vezes é necessário fazer  “sacrifícios” para se correr atrás do sonho. A sua prestação superou largamente as minhas espectativas, sendo ele o autor dos nossos melhores desempenhos na presente edição dos Jogos. Uma aprendizagem e uma prestação de reconhecido mérito e valia fazem o covilhanense sonhar com voos mais altos, faltando apenas maiores apoios aos desportistas de inverno por quem de direito.

O seu BNR contou-lhe tudo quanto à nossa participação, e não só, nesta Olimpíada. Esperemos que tenha gostado e que fique na nossa companhia disfrutando do que o desporto de melhor tem para lhe oferecer!

Foto de Capa: Comité Olímpico de Portugal

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O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.

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