
Finalmente chegou a hora! Os Jogos Olímpicos de Paris estão em marcha e não vão a lado nenhum até 11 de agosto. Este sábado já se entregam algumas medalhas, como no ciclismo de estrada, com o contrarrelógio masculino a disputar-se um dia antes da prova feminina. Nos homens, é certo que iremos ter três novos medalhados, uma vez que Primoz Roglic (campeão olímpico), Tom Dumoulin e Rohan Dennis que ocuparam o pódio em 2021 estarão ausentes. Já entre as mulheres, Marlen Reusser é a única mulher do pódio de Tóquio a repetir a presença em França. Acontece o mesmo na corrida feminina, com Annemiek van Vleuten, Marlen Reusser e Anna van der Breggen.
Portugal estará representado no contrarrelógio masculino, por Nelson Oliveira, mas tal não será o caso no esforço individual feminino. Como é o percurso da prova olímpica de contrarrelógio? Quem são os favoritos? É isso que o BnR analisa nesta antevisão.
O PERCURSO
O percurso do contrarrelógio vai ser igual para os pelotões masculino e feminino. 33 quilómetros entre Invalides e a Ponte Alexandre III, num traçado praticamente sem subidas em que as curvas e a aerodinâmica deverão fazer a diferença. Se chover, algumas curvas ficarão perigosas.
OS FAVORITOS
Prova masculina – Remco Evenepoel é o principal favorito. O belga de 24 anos vem de um pódio no Tour de France, onde conquistou o primeiro contrarrelógio e no segundo, apenas foi batido por Jonas Vingegaard e Tadej Pogacar que não estarão presentes nesta corrida. O ciclista belga dá-se bem com percursos de todo o tipo, mas sobretudo com aqueles onde a aerodinâmica faz mais a diferença, já que é um aspeto em que o ciclista da Soudal – Quick Step trabalha muito.
Filippo Ganna é a esperança de Itália. O ciclista de 28 anos também já foi batido por Tadej Pogacar num contrarrelógio, este ano. Mais concretamente, no Giro d’Italia, mas superou o esloveno num percurso mais técnico na segunda semana da Corsa Rosa. Duas vezes campeão do Mundo da especialidade, seria chocante ver o ciclista da INEOS Grenadiers falhar as medalhas.
Joshua Tarling, o campeão europeu de contrarrelógio é também um nome a ter em conta. Com apenas 20 anos, já é o melhor contrarrelogista da Grã-Bretanha e uma referência a nível mundial. Já bateu Remco Evenepoel, nomeadamente no Chrono des Nations, no final da época passada e só foi batido por Ganna e pelo belga no Campeonato do Mundo.
Já Wout van Aert é a grande dúvida da corrida. O compatriota de Evenepoel caiu na Dwaars voor Vlaanderen e falhou os monumentos de pavê da temporada, dois dos seus principais objetivos, assim como o Giro. Foi ao Tour, mas esteve aquém do melhor nível, apesar de ter ficado perto de vitórias de etapa, nomeadamente ao sprint. Van Aert disse sentir-se melhor à medida que os dias passavam na Grand Boucle e este é um dos seus maiores objetivos da época. Reconheceu o percurso com duas rodas lenticulares, algo muito comum de se fazer… na pista. Como tal, descobriremos se van Aert tem tudo sob controlo ou se a queda na primavera o continua a afetar (ainda que indiretamente) neste sábado.
Existem ainda outsiders como Stefan Küng, Stefan Bisseger, Mikkel Bjerg e Magnus Sheffield, ciclistas que dificilmente ganham a corrida, mas que não seria chocante ver a conquistar uma medalha. Destes, Küng será o candidato mais forte a um lugar no pódio.
Nas mulheres, a lista de favoritas é mais extensa e tem uma distinção menor entre as grandes favoritas e as outsiders, nomeadamente por causa da ausência de Marlene Reusser, Reijanne Markus e Brodie Chapman. Elisa Longo Borghini conquistou o Women’s Giro D’Italia, incluindo o contrarrelógio, pelo que chega a Paris em grande forma. Demi Vollering superou a italiana na Volta à Suíça e não fez o Giro, pelo que chega bastante fresca a esta corrida e também não deve ser descurada. Já pelos Estados Unidos, Chloe Dygert pode continuar o conto de fadas, juntando um título mundial ao olímpico, ambos conquistados depois de ter sido atropelada em 2021
A australiana Grace Brown perdeu o título mundial por 6 segundos e o contrarrelógio do Giro por 1 segundo. De resto, a ciclista de 32 anos tem sido consistente no esforço individual desde 2022 e é talvez a maior favorita a conquistar o título olímpico, no último ano da carreira. Ellen Van Dijk também chega com boas hipóteses, tendo ganho os três contrarrelógios em que alinhou este ano.
Mais no campo das outsiders, temos Christina Schweinberger, ciclista austríaca que não ganha um contrarrelógio desde junho de 2022, mas que tem sido uma presença muito consistente nos lugares cimeiros destas provas, nomeadamente no último campeonato do Mundo onde alcançou a medalha de bronze. Quem também é uma boa aposta para as medalhas é a campeã do Mundo de fundo, Lotte Kopecky, ciclista completa que não sendo a melhor conttarrelogista pode alcançar um grande resultado num bom dia. Por último, Anna Henderson, vice-campeã europeia e campeã britânica de contrarrelógio é também um nome a ter em conta.
O QUE ESPERAR DOS PORTUGUESES?
Quanto aos portugueses, Nelson Oliveira será o que melhor hipótese tem de alcançar um bom resultado. O ciclista da Movistar Team começou bem o Tour de France, mas passou despercebido nas duas últimas semanas, incluindo nos contrarrelógios. Contudo, o corredor de 35 anos costuma alcançar resultados excecionais com a camisola da Seleção Nacional, pelo que pode muito bem terminar no top 10 e até conquistar um diploma olímpico.